NOSSOS
ESPELHOS SÃO OS OLHOS DOS OUTROS.
SOMENTE
OS OUTROS PODEM DIZER QUE SOMOS BELO!
A
FEIÚRA DA RAIVA NÃO AGÜENTA A LEVEZA DO RISO.
DEDICO
ESTA COÔNICA AOS CASAIS QUE SE AMAM E SOFREM PORQUE BRIGAM MUITO.
A FONTE ESTAVA FELIZ. ELA
ESTAVA AMANDO. TINHA UMA NAMORADA;- UMA MENINA. ELA VIRIA NAQUELE DIA. A FONTE
ESTAVA ESPERANDO. A FONTE IA EXPLICAR AS RAZÕES DO SEU AMOR PELA MENINA. O AMOR
NÃO TEM RAZÕES. MAS HAVIA CERTAS COISAS QUE A COMOVIAM...
O OLHAR DA MENINA; AQUELE
SORRISO QUE DIZIA; QUE BOM QUE VOCÊ EXISTE! OS OLHOS FALAM SEM PALAVRAS,
ACARICIAM SEM TOCAR. SUA VOZ ERA SEMPRE MANSA. COMO SE FOSSE UM ECO DA PRÓPRIA
VOZ DAS FONTES, QUE FALAM MURMURANDO.
A MENINA SE DEBRUÇAVA, SE
CURVAVA TODA, MERGULHAVA SEU ROSTO NA ÁGUA, E BEBIA-BEIJAVA AO MESMO TEMPO...A
FONTE SE VIA REFLETIDA NOS OLHOS DA MENINA ( TAMBÉM ELES ERAM UMA FONTE) E
FICAVA FELIZ;- ELA SE VIA BONITA.
NA FONTE MORAVA UMA
RÃZINHA. RÃZINHA MOLECA, GOSTAVA DE MERGULHAR. A MENINA TAMBÉM ESTAVA MUITO
FELIZ. IRIA BEBER DA FONTE QUE ELA TANTO AMAVA. A MENINA NÃO SABIA EXPLICAR AS
RAZÕES DO SEU AMOR PELA FONTE. O AMOR NÃO TEM RAZÕES. MAS HAVIA CERTAS COISAS
QUE A COMOVIAM...
A FIDELIDADE DA FONTE;- ELA
ESTAVA SEMPRE LÁ, Á SUA ESPERA. SEU JEITO MANSO DE FALAR. SUA VOZ JAMAIS SE
ALTERAVA, JAMAIS SE ENCRESPAVA. ERA SEMPRE UM MURMURAR MANSO E SEM PRESSA. E
GOSTAVA DE VER SEU ROSTO REFLETIDO NA FONTE, QUANDO SE ABAIXAVA PARA BEBER
ÁGUA. O ROSTO BONITO. ANTES ELA NÃO SABIA DISSO. PORQUE NÓS NÃO VEMOS A NÓS
MESMOS. PRECISAMOS DE ESPELHOS. NOSSOS ESPELHOS SÃO DOS OUTROS. SOMENTE OS
OUTROS PODEM DIZER QUE SOMOS BELOS. A BELEZA É UMA DÁDIVA DOS OLHOS DO OUTRO.
A FONTE TINHA A RÃZINHA. A
MENINA TINHA UM COELHINHO BRANCO DE OLHOS VERMELHOS. LISO, MACIO, TÍMIDO. AH! COMO
ERA TÍMIDO! ASSUSTAVA-SE Á TOA. IGUALZINHO Á MENINA. A MENINA DIZIA QUE O
COELHINHO ERA A SUA ALMA. MAS DA FONTE O COELHINHO NÃO TINHA MEDO, PORQUE A
FONTE NUNCA O ASSUSTAVA. VIVIA LÁ NO ALTO DE UMA ÁRVORE, UM TUCANO.
O TUCANO ERA UM PALHAÇO.
RIA DE TUDO O QUE FOSSE ENGRAÇADO. QUANDO A RISADA DO TUCANO SE OUVIA NA
FLORESTA, A BICHARADA TODA SABIA QUE ALGUM NÚMERO DE CIRCO ESTAVA EM
ANDAMENTO...
A MENINA CHEGOU A FONTE. A
FONTE MURMUROU PALAVRAS DE AMOR. A MENINA SE APROXIMOU PARA BEBER ÁGUA. AÍ,
QUANDO SEU ROSTO SE APROXIMAVA DA ÁGUA, A RÃZINHA MOLECA RESOLVEU FAZER UMA
BRINCADEIRA COM A MENINA;- MERGULHOU JUSTO NO LUGAR ONDE SUA BOCA IA TOCAR A
ÁGUA.
SPLASH!! A ÁGUA ESPIRROU. A MENINA
E O COELHINHO FICARAM TODOS MOLHADOS. MENINA E COELHINHO RECUARAM ASSUSTADOS,
ROSTOS AMEDRONTADOS!
A FONTE
SE ASSUSTOU TAMBÉM, COM A CARA DE SUSTO QUE A MENINA FEZ. ELA NUNCA A HAVIA
VISTO DAQUELE JEITO. A PELE DA FONTE SE ENRUGOU.
E A
MENINA, ENTÃO, SE VIU FEIA, REFLETIDA ENRUGADA NO REFLEXO ENRUGADO DA FONTE.
A
MENINA SE ENRUGOU POR DENTRO;- FICOU COM RAIVA DA FONTE. ELA ESTAVA
FEIA-ENRUGADA POR CAUSA DA FONTE. A RAIVA PROVOCA ESTRANHAS TRANSFORMAÇÕES;- A
MADRASTA DA BRANCA DE NEVE, POR EXEMPLO, VIROU BRUXA QUANDO SE VIU FEIA
REFLETIDA NO ESPELHO.
O
COELHINHO VIROU UM PORCO-ESPINHO RAIVOSO. O PORCO-ESPINHO SACUDIU-SE TODO, PARA
ENXUGAR-SE DA ÁGUA. SEUS ESPINHOS SE SOLTARAM E CAÍRAM NA RÃZINHA. A RÃ SENTIU
A DOR DOS ESPINHOS. E FICOU COM RAIVA DA MENINA. AÍ FOI A VEZ DE SE
TRANSFORMAR. A RÃZINHA VIROU UM SAPO ENORME, FEIO, DE LÍNGUA VENENOSA. QUE
MAGIA MAIS TENEBROSA!
A FONTE
E A MENINA, APAIXONADOS, TRANSFORMADOS AGORA EM PORCO-ESPINHO E SAPO VENENOSO,
ENRAIVECIDOS. FOI ENTÃO QUE UMA GARGALHADA ENORME ECOOU PELA FLORESTA;-
QUIÁ,
QUIÁ, QUIÁ...
ERA O
TUCANO. RIA TANTO QUE QUASE CAIU DO GALHO.- QUE NÚMERO MAIS CÔMICO! QUE GRANDES
ARTISTAS VOCÊS SÃO, E EU NÃO SABIA! – DISSE ELE. SERÁ ISSO UMA SESSÃO DE
PSICODRAMA OU ENSAIO PARA ALGUM NÚMERO DE CIRCO? JÁ VI MÁGICO TIRAR COELHO DE
CARTOLA. MAS VOCÊ, MENINA, É MELHOR QUE QUALQUER MÁGICO;- TIROU UM
PORCO-ESPINHO ESPINHUDO DE DENTRO DE UM COELHO BRANCO, PELUDO. E VOCÊ, FONTE,
DE UMA RÃZINHA DO TAMANHO DE UM OVO DE PATO TIROU UM SAPO HORRENDO, MAIOR QUE
UM SAPATO.
DITAS
ESSAS PALAVRAS E SEM PARAR DE GARGALHAR, O TUCANO SAIU VOANDO, ESPALHANDO AOS
QUATRO VENTOS A NOTÍCIA DO ESPETÁCULO DE CIRCO QUE ACABARA DE PRESENCIAR. A
FONTE E A MENINA, AO SE VEREM ASSIM COM A CARA DE SAPO E DE PORCO-ESPINHO,
CAÍRAM NA RIZADA.
RIRAM ATÉ CHORAR
DA FEIÚRA RAIVOSA. E Á MEDIDA QUE RIAM DE SI MESMOS, A MÁGICA AO CONTRÁRIO
ACONTECEU;- O PORCO-ESPINHO VOLTOU A SER COELHINHO, E O SAPO VOLTOU A SER
RÃZINHA.
O RISO É SANTO REMÉDIO PARA
CURAR AS DOENÇAS DA RAIVA.
A FONTE
E A MENINA SE ABRAÇARAM, SABENDO QUE NENHUM DOS DOIS TINHA RAZÃO. ERAM DOIS
TOLOS... E, ABRAÇADOS, VOLTARAM A SE AMAR COMO SEMPRE TINHAM SE AMADO.
MAS
AGORA SABIAM QUE DENTRO DO COELHO MORAVA UM PORCO-ESPINHO E DENTRO DA RÃZINHA
UM SAPO HORROROSO.
A
QUALQUER MOMENTO ERA POSSÍVEL QUE APARECESSEM DE NOVO. MAS JÁ NÃO TINHAM MEDO.
CONHECIAM
O ANTÍDOTO; A FEIÚRA DA RAIVA NÃO AGÜENTA A LEVEZA DO RISO. TODA A VEZ QUE O
SAPO HORROROSO OU O PORCO-ESPINHO APARECIAM, ELES SE LEMBRAVAM DA RISADA DO
TUCANO.
RIAM
TAMBÉM, E DE NOVO VOLTAVAM A SE AMAR.
RUBEM ALVES.
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SENHOR,
MEU DEUS, HÁ MUITO TEMPO ME OFERECEIS TODAS AS OPORTUNIDADES DE CONVERSÃO E DE
VIDA NOVA. AGRADEÇO-VOS TANTA BONDADE E TANTA PACIÊNCIA COMIGO.
RECONHEÇO QUE NÃO TENHO
CORRESPONDIDO A VOSSOS FAVORES.
PERDOAI-ME, TENDE COMPAIXÃO DE MIM,
COM VOSSA AJUDA, DE AGORA EM DIANTE, EU VOS QUERO AMAR, COLOCANDO-VOS EM
PRIMEIRO LUGAR EM MINHA VIDA.
CUIDAI DE MIM . AMÉM.
PADRE
FLÁVIO CAVALCA DE CASTRO
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