quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

UMA HISTÓRIA DE NATAL- CATHERINE DE HUECK DOHERTY.


 

FOI UM INCIDENTE DE CABEÇA PARA BAIXO QUE FICOU FLUTUANDO EM MINHA MEMÓRIA QUANDO COMECEI A ESCREVER ESTA HISTÓRIA. A LEMBRANÇA ERA DE UMA NOITE DE NATAL. PARECIA DE CABEÇA PARA BAIXO PORQUE NINGUÉM HAVIA PASSADO PELA PORTA AZUL NAQUELA NOITE NO HARLEM.

TINHA ACABADO DE FACHÁ-LA ATRÁS DO NOSSO ÚLTIMO BANDO. TÍNHAMOS MUITO O QUE FAZER ANTES DA MISSA DA MEIA-NOITE. FOI SEGURAMENTE O TRIO MAIS ESTRANHO QUE JÁ ENCONTREI, O DAQUELA NOITE. NÃO PASSARAM PELA PORTA AZUL MAS,- NÃO ME PERGUNTEM COMO, A PORTA ESTAVA ENVOLVIDA NISTO.

FOI UM ENCONTRO PERFEITAMENTE NATURAL, BADA DE MILAGROSO. E FOI UM ENCONTRO BOM, QUE FEZ A MISSA DE NATAL UM POUCO MAIS JUBILOSA E AS MEDITAÇÕES QUE SE SEGUIRAM UM POUCO MAIS PROFUNDAS.

QUANDO JÁ ESTAVA SAINDO E TINHA ME VIRADO DEPOIS DE TRANCAR A PORTA AZUL (QUE TINHA TIDO PROBLEMAS NAQUELA NOITE, CONFESSO – ACHO QUE A CHAVE TINHA ENROSCADO OU COISA PARECIDA ) FUI CONFRONTADA COM UM NEGRO MUITO BONITO DE MEIA IDADE E UMA MULHER PEQUENA E MAIS JOVEM. EVIDENTEMENTE ERA SUA ESPOSA E ELA SEGURAVA UMA CRIANÇA EM SEUS BRAÇOS. NÃO PODIA VER O ROSTO DO BEBÊ.

ESTAVA TODO EMBRULHADO CONTRA O VENTO ÚMIDO E FORTE QUE SOPRAVA EM NOVA YORK.

EDUCADAMENTE O HOMEM LEVANTOU SEU CHAPÉU E COM O DOCE SOTAQUE DO SUL, DISSE-ME QUE ELE E SUA ESPOSA ESTAVAM PERDIDOS NA CIDADE. TINHAM ACABADO DE SAIR DO TREM. ELE ERA CARPINTEIRO, ESPERANDO ENCONTRAR UM EMPREGO MELHOR DO QUE O DA PEQUENA VILA DE ONDE VIERAM. MAS, COM UMA COISA E OUTRA, TINHAM-SE PERDIDO. NÃO TINHAM DINHEIRO, QUER DIZER, NÃO O SUFICIENTE PARA UM PERNOITE. TALVEZ EU PUDESSE DIZER-LHES ONDE IR, O QUE FAZER E A QUEM PODERIAM PEDIR AJUDA.

DITO ISSO, FICOU ALIVIADO, EDUCADO E SILENCIOSAMENTE ESPERANDO POR MINHA RESPOSTA. SUA ESPOSA, QUE NÃO HAVIA DITO UMA PALAVRA, SOMENTE SORRIU UMA OU DUAS VEZES PARA MIM. ELA ESTAVA TÃO CONFIANTE E TRANQUILA QUANTO ELE, CERTOS DE QUE EU ERA A PESSOA CERTA PARA AJUDÁ-LOS.

DIANTE DE MINHA VISÃO APARECEU UM TELEFONE. QUASE VOLTEI E ABRI A PORTA AZUL PARA TENTAR CONTATAR ALGUMA AGÊNCIA SOCIAL QUE PUDESSE ATENDÊ-LOS EM SUAS NECESSIDADES. ENTÃO OLHEI PARA MEU RELÓGIO. ERAM QUASE ONZE HORAS E VÉSPERA DE NATAL! QUEM PODERIA ENCONTRAR A ESTA HORA? E ONDE? E SE ENCONTRASSE, ESTA POBRE FAMÍLIA TERIA QUE ENFRENTAR CAMINHOS ESTRANHOS. PODERIA, NATURALMENTE, MANDÁ-LOS DE TÁXI. TINHA UM DINHEIRO EXTRA EM MINHA BOLSA – MILAGRE DOS MILAGRE. MAS O ABRIGO DE FAMÍLIAS DE NOVA YORK SEPARAVA ÁS FAMÍLIAS AS VEZES, POR FALTA DE LUGAR.

FALTA DE LUGAR! NOITE DE NATAL! HOMEM, MULHER , CRIANÇA! TUDO DE REPENTE FICOU CLARO PARA MIM. NATURALMENTE, SABIA QUE ERA SÓ UMA COINCIDÊNCIA. BOM, DE CERTA FORMA. MAS TANTAS PESSOAS VINHAM NA CASA DA AMIZADE PARA ESTE TIPO DE AJUDA OU INFORMAÇÃO. NÃO, NÃO ERA HORA DE MANDAR TAL FAMÍLIA PARA LUGAR ALGUM. ERA HORA DE OFERECER-LHES HOSPITALIDADE PESSOAL, MESMO QUE POR NENHUMA OUTRA RAZÃO QUE EXPIAR A HOSPITALIDADE QUE NÃO FOI DADA HÁ MAIS DE  DOIS MIL  ANOS ATRÁS.

NATURALMENTE! PORQUE NÃO HAVIA PENSADO NISTO ANTES! HAVIA O QUE O PESSOAL DA CASA DA AMIZADE CHAMAVA DE EREMITÉRIO, QUER DIZER, MEU QUARTO. ERA TANTAS COISAS EM UMA. TINHA UMA ESCRIVANINHA, UMA CAMA, UM FOGÃO COMPLETO COM FORNO, UMA ESPÉCIE DE GELADEIRA DOADA PELA ADMINISTRAÇÃO;- ÁS VEZES ATÉ FUNCIONAVA. O QUARTO TINHA UMA PIA E UMA LAVANDERIA – UMA BANHEIRA COMPLETA. SIM, ERA UM LUGAR ACONCHEGANTE, ESPECIALMENTE Á NOITE. GANHEI UMA ÁRVORE DE NATAL ENFEITADA, DE MAIS OU MENOS 10 CENTÍMETROS. ESTAVA LONGE DOS PINHEIROS IMPONENTES, NATIVOS DA RÚSSIA, TÃO DIGNOS EM SUA BELEZA MAJESTOSA.

AINDA ASSIM, A PEQUENA ÁRVORE ERA BONITA, MUITO BONITA. COLOQUEI EMBAIXO DELA UMA MINIATURA DE MANJEDOURA. QUANDO VOLTASSE DA MISSA, PRETENDIA COLOCAR O MENINO LÁ. SIM, O QUARTO ERA LIMPINHO E MUITO, MUITO ACONCHEGANTE. PORQUE NÃO CONVIDAR O CASAL PARA PASSAR A NOITE LÁ? AMANHÃ PODERIA CONTATAR AS AGÊNCIAS.

PENSAMENTO MAIS RÁPIDO NÃO PODERIA TER OCORRIDO. MEU CASAL ESTRANHO ESTAVA AINDA EM SILÊNCIO, CORTESMENTE ESPERANDO POR MINHA RESPOSTA QUE CERTAMENTE PARECIA DEMORAR. MAS NÃO MOSTRAVAM SINAIS DE IMPACIÊNCIA.

DEVAGAR, E POR ALGUMA RAZÃO INEXPLICÁVEL, TIMIDAMENTE CONVIDEI-OS PARA ENTRAR NO EREMITÉRIO, PEDINDO DESCULPAS PELA SIMPLICIDADE DO LUGAR. A MULHER ENDIREITOU-SE E PARECIA MAIS ALTA, QUANDO APERTAVA A CRIANÇA MAIS PERTO DE SI. O HOMEM AGRADECEU E COMEÇARAM A ME SEGUIR.

ANDAMOS OS TRÊS LONGOS BLOCOS QUE SEPARAM A PORTA AZUL DE MEU QUARTO. NINGUÉM DISSE UMA PALAVRA. AINDAASSIM, O SILÊNCIO ERA COMPANHEIRO.

UMA VEZ NO QUARTO, OS DEIXEI O MAIS CONFORTÁVEL POSSÍVEL. O BEBÊ, FINALMENTE FORA DE SEUS EMBRULHOS, ERA AMÁVEL. NÃO O OUVI CHORAR. O HOMEM DISSE QUE ERA MENINO, O PRIMOGÊNITO. FIZ CAFÉ, FRITEI ALGUNS OVOS, ARRUMEI A MESA E ENTÃO DISSE A ELES QUE VIRIA VÊ-LOS DEPOIS DA MISSA.

FOI UMA DAS MISSAS MAIS BONITAS DE QUE JÁ PARTICIPEI. O PENSAMENTO DE MEUS TRÊS PEREGRINOS ABRIGADOS NO QUARTO ACONCHEGANTE PROVAVELMENTE AJUDOU. HOSPITALIDADE PESSOAL A ESTRANHOS, PARA CRISTO, AQUECE QUEM A DÁ TANTO QUANTO UMA BÊNÇÃO PROPRIAMENTE DITA.

TERMINADA A MISSA, VOLTEI LOGO PARA MEU QUARTO. PARA MEU ESPANTO, ENCONTREI A PORTA DA FRENTE ABERTA! ISTO NUNCA ACONTECE NO HARLEM ONDE USAMOS VÁRIAS TRANCAS, POR SEGURANÇA. ( É ASSIM EM TODO LUGAR ONDE HÁ TENSÃO, SEGREGAÇÃO E POBREZA ).

EMPURREI A PORTA ABERTA. A SALA ESTAVA VAZIA. AS LOUÇAS HAVIAM SIDO LAVADAS E COLOCADAS EM SEUS DEVIDOS LUGARES. NENHUM SINAL DE OCUPAÇÃO.

O MENINO QUE PRETENDIA COLOCAR NA PEQUENINA MANJEDOURA EMBAIXO DA ÁRVORE JÁ ESTAVA LÁ E UMA VELA ESTAVA ACESSA NA MINHA JANELA!.

 

 

 

 

AS CRIATURAS SÃO VESTÍGIOS DAS PEGADAS DE DEUS, PELAS QUAIS SE RECONHECE  SUA GRANDEZA, PODER E SABEDORIA. SÃO JOÃO DA CRUZ.

 

OS GRANDES CORAÇÕES NUNCA ESTÃO TOTALMENTE FELIZES;- FALTA-LHES A FELICIDADE DOS OUTROS.  JEAN DE LA BRUYÉRE.

 

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