ESTAR SÓ, PARA SERVIR
Mostra o Evangelho que
Jesus, muitas vezes, após atender o povo sofredor, os discípulos impacientes e
as almas angustiadas, (de madrugada, estando ainda escuro, se levantava e se
retirava a um lugar deserto). E ali, estando só, rezava...
Envolvido
pelo tumulto, por insinuante ação de corações aflitos, Jesus não se descuidava
de encontrar a suave tranqüilidade do estar só, na convivência da paz que os
instantes de silencio lhe proporcionaram.
Seja
onde e como for, se não construirmos em nós, instantes para estar só, nossa
vida correrá perigo, tornando-se nossas ações verdadeiros gestos vazios.
Mormente
em um mundo, que chegou á errônea convicção, de que a vida é um placar, em que
doadores de notas, nas colunas sociais, nas tevês e rádios, estão colocando os
pontos para medir nosso valor.
E
vendemos assim nossa identidade real, pensando que somos os maiores e os mais
inteligentes, porque fomos colocados entre os (10 mais...).
E as
ansiedades vão crescendo com os sucessos das notas, a ponto de surgir o receio
de que, um dia, alguém desmascare a nossa ilusão e mostre, que não somos tão
bons e excelentes, como fora a sociedade levada a acreditar.
E
porque vendemos nossa identidade aos juízes desse mundo, ficamos inquietos em face
da crescente necessidade de afirmação e estima.
Ora, se nos apegamos aos resultados que nos envaidecem,
mas que não são autênticos, tornamo-nos possessivos e defensivos. Olhando
nossos semelhantes mais como inimigos, a serem conservados á distância, do que
amigos com quem deveríamos repartir os dons da vida.
É quando estamos sós, no deserto do silêncio, que
lentamente vamos desmascarando a ilusão de nossa possessividade e descobrindo a
identidade do nosso eu.
Ainda
mais, se somos religiosos, é, quando estamos sós, que ouvimos a voz D.AQUELE
que nos falou antes de lhe termos proferido qualquer palavra, que nos curou
antes de lhe dirigirmos o grito de socorro, que nos libertou. Antes de
libertarmos os outros, que nos amou muito antes de lhe pedirmos amor.
É
quando estamos sós refletindo sobre nós mesmos, que aprendemos que não valemos
pelo que dizem, pelo que pensam, nem pelo que escrevem de nós, senão pelo que
somos realmente.
Quando
estamos sós então descobrimos que nossa vida não é uma simples propriedade a se
defendida, com grades de ferro, senão um dom a ser repartido com os outros.
Só
quando estamos sós, refletindo, descobrindo que é somente quando somos inúteis,
para os sucessos brilhantes nas mãos dos outros, que somos úteis para novos
serviços em lugares onde ninguém tem coragem de servir.
A
LENDA É BELA . DIZ TAO;-
Um carpinteiro e um
aprendiz caminhavam, juntos na imensa floresta. Ao passarem por um carvalho
alto, nodoso, velho e majestoso, o carpinteiro interrogou o aprendiz;-
-Sabe
você porque é esta árvore tão alta,bela e majestosa?
-Não,
respondeu o aprendiz.
-Bem,
disse o carpinteiro, ela se conserva assim porque é inútil aos interesses
humanos, de há muito teria sido cortada e transformada em taboas e cadeiras;-
mas porque é inútil, pode crescer tão alta, tão bela, a ponto de você poder
sentar-se á sua sombra e descansar.
Na
verdade, somente quando refletimos,no momento delicioso do (estar só), é que
chegamos á conclusão, de que quando somos inúteis para os sucessos estrondosos,
nas mãos dos vendedores de elogios, é que somos úteis, sendo o que somos, para
coisas mais importantes e valorosas em favor da comunidade dos homens.
É NA
REFLEXÃO DO SILENCIO,
QUE COMPREENDEMOS
QUE NÃO VALEMOS TANTO
PELO QUE DIZEM DE NÓS,
MAS, PELO QUE SOMOS REALMENTE.
FERNANDO IÓRIO LIVRO FORÇA INTERIOR
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