segunda-feira, 1 de outubro de 2012

NO LIXÃO


NO LIXÃO   (F. BATTISTINI)

No lixão de uma cidade muito (avançada). Levaram-me ao lixão de uma capital nordestina, cenas horripilantes e assustadoras. Parecia um mundo irreal, de fantasia...

Não queria crer! Mas era verdade nua e cruel! Ali diante de meus olhos, havia crianças, jovens, velhos, homens e mulheres de todas as idades que, misturados com animais imundos, porcos, cavalos, burros, galinhas, cães.... disputavam entre si, com muita avidez, restos de comida que o caminhão despejava.

A cada caminhão de lixo que era descarregado, todos se precipitavam em cima, com voracidade incontrolada, na ânsia encontrar (algo) fresco e mais saboroso para enfiar no estômago.

Quanto os porcos (grunhavam) com mais rapidez e com uma espécie de gozo, significava que haviam encontrado um resto de comida mais gostoso.

Então as crianças, reconhecendo o sinal pelo grunhido, se precipitavam sobre eles para lhes arrancar á força o precioso achado.

Por sua vez, os porcos, para defender sua presa, mordiam os pés descalços das crianças, as quais, assustadas, gritavam de dor e medo...

A este ponto, os humanos que estavam mais perto, vinham em defesa, e com paus e foices, batiam nos porcos com força, os quais fugiam rápido, porem grunhindo e resmungando forte pela dor e por se sentirem discriminados e excluídos de maneira tão violenta.

O sofrimento existe! É uma realidade cruel e selvagem, criada, sobretudo neste caso, pelo mesmo homem, por causa de seu egoísmo, seu orgulho, e sua incompetência de governar e  resolver problemas humanos.

Não adianta (disfarçar), para não ver ou fingir que não temos nada a ver com isso. Hoje são os nossos irmãos que sofrem, amanhã a sorte será minha de uma forma ou de outra, mas será a minha vez.

Existem meios para prevenir, e também para, quando o sofrimento chegar, (amenizá-lo), (anulá-lo), ou mesmo sublimá-lo. A FINALIDADE DO F. BATTISTINI, É PROVOCAR EM NÓS OS QUESTIONAMENTOS, DE COMO AJUDAR OU CONTRIBUIR PARA AMENIZAR O SOFRIMENTO DO PRÓXIMO.

COMENTARIO.

A alguns anos atrás, fui convidada a benzer uma casa e rezar um terço na residência de um casal da nossa igreja, pois estavam passando por algumas contrariedades.

Lá chegando, fiquei até surpresa com tanto luxo. Fiquei esperando na sala e três queridos cachorrinhos de raça vieram me fazer companhia, até a chegada dos seus donos. Seus familiares chegaram e aos poucos a casa ficou cheia para rezarmos.

Rezamos e partilhamos o Evangelho, como era de costume. Levantei-me para me despedir, e por muita insistência fiquei para jantar, não era o meu costume e hoje também não é. Mas aquela noite eu acabei ficando, fiquei meio constrangida de não aceitar o convite.

Percebi que a dona da casa ficou meio diferente, irritada, e fui lá na cozinha ver se precisavam de alguma ajuda. Estavam discutindo, mas com muita sutileza, porque o jantar que a empregada tinha pedido não era do gosto do casal.

O esposo foi logo ao telefone para pedir nova refeição, e a dona da casa com muita frieza, abriu todas as embalagens e para surpresa minha, com um frasco de detergente esparramou por toda a comida, gente fiquei estarrecida, eu não acreditava no que eu estava vendo.

Ela percebeu o meu espanto, e disse que não gostava que ninguém revirasse o seu lixo.  Eu tenho o sangue quente, não consegui segurar minha decepção, e aproveitei a demora do jantar para sair, eu não iria conseguir comer nada, porque a minha vontade era de chorar, e de falar algumas verdades para ela.

N o dia seguinte eu telefonei pedindo para falar com eles e fui novamente na sua casa, e disse a eles que a atitude deles não era correta diante do Sagrado Coração de Jesus. Pois todas nós éramos do APOSTOLADO DA ORAÇÃO.  E o meu discurso foi eloqüente, porque poderiam dar aos pobres carrinheiros ou até mesmo para a sua empregada, os carrinheiros assim chamados, tem uma vida bem difícil, seus carrinhos chegam a pesar 250 quilos, e são puxados por toda a sua redondeza.

Falar que eles não prestam é muito fácil, o duro é fazer o serviço deles com o estomago quase que vazio.

A falta de caridade de muitos não me assusta, o que realmente me assusta, é ver e não ter coragem de falar. Depois deste dia o casal quase me evitava, espero de todo o meu coração que a postura de ambos tenha se modificado, pois eu nunca vou esquecer e lamentar por um gesto tão egoísta.

Eles ainda ficaram mais sem graça porque perceberam que eu mantive calado este triste episódio, não fazendo comentário para que virasse fofoca. E isso nós devemos sempre fazer nas nossas igrejas, pastorais, movimentos etc..

Jesus não deixava de dizer a verdade, nós também devemos falar aquilo que o nosso mestre nos ensina, com caridade e amor. As vezes a gente fala pra muitas pessoas, e para quem precisa nós não falamos.     

Se sobrou comida, por favor faça a caridade de dar a alguém, faça potinhos e guarde dentro da geladeira, porque Jesus ama quem pratica a caridade.

A realidade dos nossos lixão  é de terror, a falta de competência dos nossos governantes é estarrecedor, precisamos ser mais atentos naquilo que pudermos fazer, para o nosso próximo. Não vamos mudar o mundo, mas podemos melhorar a vida dos que passam por nossas VIDAS sejam eles quem forem. AMEM. EDNA.

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