NO LIXÃO (F. BATTISTINI)
No lixão de uma cidade
muito (avançada). Levaram-me ao lixão de uma capital nordestina, cenas
horripilantes e assustadoras. Parecia um mundo irreal, de fantasia...
Não queria crer! Mas era
verdade nua e cruel! Ali diante de meus olhos, havia crianças, jovens, velhos,
homens e mulheres de todas as idades que, misturados com animais imundos,
porcos, cavalos, burros, galinhas, cães.... disputavam entre si, com muita
avidez, restos de comida que o caminhão despejava.
A cada caminhão de lixo que
era descarregado, todos se precipitavam em cima, com voracidade incontrolada,
na ânsia encontrar (algo) fresco e mais saboroso para enfiar no estômago.
Quanto os porcos
(grunhavam) com mais rapidez e com uma espécie de gozo, significava que haviam
encontrado um resto de comida mais gostoso.
Então as crianças,
reconhecendo o sinal pelo grunhido, se precipitavam sobre eles para lhes
arrancar á força o precioso achado.
Por sua vez, os porcos, para
defender sua presa, mordiam os pés descalços das crianças, as quais,
assustadas, gritavam de dor e medo...
A este ponto, os humanos
que estavam mais perto, vinham em defesa, e com paus e foices, batiam nos
porcos com força, os quais fugiam rápido, porem grunhindo e resmungando forte
pela dor e por se sentirem discriminados e excluídos de maneira tão violenta.
O sofrimento existe! É uma
realidade cruel e selvagem, criada, sobretudo neste caso, pelo mesmo homem, por
causa de seu egoísmo, seu orgulho, e sua incompetência de governar e resolver problemas humanos.
Não adianta (disfarçar),
para não ver ou fingir que não temos nada a ver com isso. Hoje são os nossos
irmãos que sofrem, amanhã a sorte será minha de uma forma ou de outra, mas será
a minha vez.
Existem meios para
prevenir, e também para, quando o sofrimento chegar, (amenizá-lo), (anulá-lo),
ou mesmo sublimá-lo. A FINALIDADE DO F. BATTISTINI, É PROVOCAR EM NÓS OS
QUESTIONAMENTOS, DE COMO AJUDAR OU CONTRIBUIR PARA AMENIZAR O SOFRIMENTO DO
PRÓXIMO.
COMENTARIO.
A alguns anos atrás, fui
convidada a benzer uma casa e rezar um terço na residência de um casal da nossa
igreja, pois estavam passando por algumas contrariedades.
Lá chegando, fiquei até
surpresa com tanto luxo. Fiquei esperando na sala e três queridos cachorrinhos
de raça vieram me fazer companhia, até a chegada dos seus donos. Seus
familiares chegaram e aos poucos a casa ficou cheia para rezarmos.
Rezamos e partilhamos o
Evangelho, como era de costume. Levantei-me para me despedir, e por muita
insistência fiquei para jantar, não era o meu costume e hoje também não é. Mas
aquela noite eu acabei ficando, fiquei meio constrangida de não aceitar o
convite.
Percebi que a dona da casa
ficou meio diferente, irritada, e fui lá na cozinha ver se precisavam de alguma
ajuda. Estavam discutindo, mas com muita sutileza, porque o jantar que a
empregada tinha pedido não era do gosto do casal.
O esposo foi logo ao
telefone para pedir nova refeição, e a dona da casa com muita frieza, abriu
todas as embalagens e para surpresa minha, com um frasco de detergente
esparramou por toda a comida, gente fiquei estarrecida, eu não acreditava no
que eu estava vendo.
Ela percebeu o meu espanto,
e disse que não gostava que ninguém revirasse o seu lixo. Eu tenho o sangue quente, não consegui
segurar minha decepção, e aproveitei a demora do jantar para sair, eu não iria
conseguir comer nada, porque a minha vontade era de chorar, e de falar algumas
verdades para ela.
N o dia seguinte eu
telefonei pedindo para falar com eles e fui novamente na sua casa, e disse a
eles que a atitude deles não era correta diante do Sagrado Coração de Jesus.
Pois todas nós éramos do APOSTOLADO DA ORAÇÃO.
E o meu discurso foi eloqüente, porque poderiam dar aos pobres carrinheiros
ou até mesmo para a sua empregada, os carrinheiros assim chamados, tem uma vida
bem difícil, seus carrinhos chegam a pesar 250 quilos, e são puxados por toda a
sua redondeza.
Falar que eles não prestam
é muito fácil, o duro é fazer o serviço deles com o estomago quase que vazio.
A falta de caridade de
muitos não me assusta, o que realmente me assusta, é ver e não ter coragem de
falar. Depois deste dia o casal quase me evitava, espero de todo o meu coração
que a postura de ambos tenha se modificado, pois eu nunca vou esquecer e
lamentar por um gesto tão egoísta.
Eles ainda ficaram mais sem
graça porque perceberam que eu mantive calado este triste episódio, não fazendo
comentário para que virasse fofoca. E isso nós devemos sempre fazer nas nossas
igrejas, pastorais, movimentos etc..
Jesus não deixava de dizer
a verdade, nós também devemos falar aquilo que o nosso mestre nos ensina, com
caridade e amor. As vezes a gente fala pra muitas pessoas, e para quem precisa
nós não falamos.
Se sobrou comida, por favor
faça a caridade de dar a alguém, faça potinhos e guarde dentro da geladeira,
porque Jesus ama quem pratica a caridade.
A realidade dos nossos
lixão é de terror, a falta de
competência dos nossos governantes é estarrecedor, precisamos ser mais atentos
naquilo que pudermos fazer, para o nosso próximo. Não vamos mudar o mundo, mas
podemos melhorar a vida dos que passam por nossas VIDAS sejam eles quem forem.
AMEM. EDNA.
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