segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

COMO A RAZÃO SE TORNOU MADURA


COMO A RAZÃO SE TORNOU MADURA – CATHERINE DE HUECK DOHERTY.

 

            A RAZÃO VEIO MORAR NA TERRA COM A CRIAÇÃO DO HOMEM. HAVIA NELA UMA BELEZA E GRAÇA QUE ERA UMA ALEGRIA CONTEMPLÁ-LA. MAS ALGO ESTRANHO ACONTECEU COM ELA DEPOIS QUE O HOMEM FOI EXPULSO DO PARAÍSO PARA GANHAR SEU PÃO COM O SUOR DE SEU ROSTO.

            SUA SIMPLICIDADE DE CRIANÇA SE TORNOU MAIS E MAIS COMPLEXA. SUA GRACIOSA TRANSPARÊNCIA SE TORNOU NUBLADA. SUA CAPACIDADE DE SE SUBMETER DESAPARECEU E ELA COMEÇOU A SE FIRMAR DE MODO ESTRANHO. COMEÇOU A ENFEITAR-SE E TOMAR ARES COMO NUNCA TINHA TIDO ANTES. DE MANEIRA ORGULHOSA, GUIAVA OS PASSOS DO HOMEM, ACONSELHAVA-O E O DIRIGIA EM SEUS CAMINHOS.

            COM O PASSAR DOS SÉCULOS, A RAZÃO CONTEMPLAVA OS TRABALHOS DE SUAS MÃOS, ACHANDO-OS BONS, E FICOU MAIS E MAIS ORGULHOSA DE SI. DE FATO, COMEÇOU A CONSIDERAR-SE COMO O CENTRO DO MUNDO. QUANDO O HOMEM COMEÇOU A VENER-A-LA COMO SE ELA FOSSE UM deus, QUANDO OS TEMPLOS ERAM CONSTRUÍDOS E HONRAS ESPECIAIS DADAS AOS HOMENS, A QUEM A RAZÃO TINHA ESPECIALMENTE FAVORECIDO, ELA CONSIDEROU TODOS ESTES SÍMBOLOS DE RESPEITO, ADULAÇÃO E VENERAÇÃO COMO OBRA SUA.

            O TEMPO PARECEU DAR ESTATURA Á RAZÃO. AUSTERA, FRIA, COM AR CÉTICO, A RAZÃO ANDAVA COM PASSOS LENTOS, MEDIDOS E MAJESTOSOS. ESTAVA SEMPRE SEM PRESSA, SEMPRE CHEIA DE SUA PRÓPRIA IMPORTÂNCIA, ANDANDO SEMPRE COMO UMA REALEZA ANDA EM CORTEJO OFICIAL. DE VEZ EM QUANDO, ATRAVÉS DOS SÉCULOS SEM FIM, ELA PARAVA E FIXAVA RESIDÊNCIA. SEU TRONO ERA DE JADE VERDE. CONTRABALANÇAVA COM SUAS ROUPAS SÓBRIAS, CHEIAS DE PERFEIÇÃO.

            A RAZÃO NUNCA ATENDIA A SENTIMENTOS, CALOR, EMOÇÕES OU ALEGRIAS. EM QUALQUER OCASIÃO QUE FALASSE AO HOMEM, SOMENTE O FAZIA COM A PRUDÊNCIA MUNDANA, LÓGICA FRIA E DELIBERAÇÃO LENTA QUE ESTAVAM EM SUA COMITIVA. NUNCA DORMIA, POIS ESTAVA CONVENCIDA DE QUE, SE O FIZESSE, O MUNDO DO HOMEM PERECERIA.

            NÃO ERA ÓBVIO QUE ELA SOZINHA O CONSERVAVA EM ORDEM? SE DORMISSE, O CAOS, SEU GRANDE INIMIGO, TOMARIA CONTA DAS MENTES DOS HOMENS. UM DIA, SEM MUITA PRESSA, ESTAVA A CAMINHO DE JERUSALÉM, NA PALESTINA, UMA CIDADE DE QUE GOSTAVA. SEMPRE FOI MUITO RESPEITADA LÁ. REVERÊNCIA LHE ERA DADA POR ALGUNS DOS HOMENS MAIS IMPORTANTES QUE LÁ MORAVAM. SEGUIAM SEUS ENSINAMENTOS QUASE QUA Á PERFEIÇÃO, COM AQUELA FRIEZA SE EMOÇÃO QUE TINHA IMPOSTO A SEUS DISCÍPULOS.

            MAS AGORA JERUSALÉM ESTAVA DIFERENTE. ESTAVA TODA AGITADA. SEUS HABITANTES ESTAVAM SE AGRUPANDO EM VOLTA DE UM HOMEM APARENTEMENTE EXTRAORDINÁRIO. SEU ROSTO ERA GENTIL E SUAVE, MESMO ASSIM, REQUERIA RESPEITO COM UM MERO OLHAR.

            A RAZÃO PAROU, LIGEIRAMENTE ABORRECIDA COM O ATRASO DE SUA ROTINA NORMAL. A PRUDÊNCIA, A LÓGICA E A DELIBERAÇÃO PARARAM COM ELA. AS QUATRO SENTARAM-SE NO PARAPEITO QUE GUARNECIA AS ESCADAS DO TEMPLO. ELAS SE INSTALARAM PARA OUVIR O QUE O HOMEM NOBRE, COM VESTES DE UM HUMILDE GALILEU, TINHA A DIZER.

            ELE ESTAVA FALANDO GENTIL E CLARAMENTE, PARA QUE TODOS O PUDESSEM ENTENDER. FALAVA DO HUMILDE HERDANDO A TERRA! DISSE QUE OS POBRES EM ESPÍRITO SERIAM ABENÇOADOS! DISSE QUE OS MISERICORDIOSOS RECEBERIAM MISERICÓRDIA! O QUE DIZIA NÃO FAZIA SENTIDO ALGUM!

            A RAZÃO ESTREMECEU DIANTE DE TANTA EXORBITÂNCIA. A LÓGICA ESTAVA CONFUSA. A PRUDÊNCIA FICOU COM MEDO. A DELIBERAÇÃO ESTAVA INDECISA. O HOMEM E A MULTIDÃO CONTINUARAM. POR TODOS OS DIAS SEGUINTES A RAZÃO ENCONTROU O HOMEM E A MULTIDÃO QUE O SEGUIA EM TODOS OS LUGARES. ELE A INCOMODAVA, A DEIXAVA FRUSTRADA. FALAVA COMO QUEM TEM AUTORIDADE, COMO QUEM SABE O QUE DIZ. ALÉM DISSO, PARECIA QUE ELE ESTAVA DESVIANDO AS MENTES DOS HOMENS PARA LONGE DELA! ISTO NÃO DEVERIA ACONTECER. SE OS HOMENS COMEÇASSEM A VIVER REALMENTE DE ACORDO COM SEUS ENSINAMENTOS, AS COISAS SERIAM COMPLETAMENTE SEM SENTIDO.

            ALGO DEVERIA SER FEITO, DEFINITIVAMENTE. A RAZÃO FOI AOS FARISEUS E SADUCEUS, QUE SEMPRE LHE ERAM DEVOTADOS E OUVIAM O QUE ELA TINHA A DIZER. ELES PARECIAM RAZOÁVEIS, POIS ESTAVAM PLANEJANDO CONDENAR O HOMEM Á MORTE, ANTES QUE ESTIMULASSE O MUNDO TODO. ISTO ERA LÓGICO E RACIONAL. AINDA ASSIM, A RAZÃO NÃO ESTAVA SATISFEITA. ALGUMA COISA INTANGÍVEL, ALGUMA COISA IMPORTANTE ESTAVA FALTANDO EM SEUS ARGUMENTOS, ALGUMA COISA QUE ELA NÃO PODIA EXAMINAR NO MOMENTO.

            SEM DESCANSAR, ELA CONTINUOU DURANTE TODA A NOITE. PELA PRIMEIRA VEZ ESTAVA DESALENTA. ANDAVA PELAS RUAS DESPROPOSITADAMENTE ATÉ QUE CHEGOU A UMA CASA ONDE HAVIA LUZ ACESA NO ANDAR DE CIMA. ENTRANDO SEM FAZER BARULHO, SENTOU-SE NUM CANTO ESCURO PARA ASSISTIR AOS ACONTECIMENTOS E OUVIR.

            LÁ ESTAVA NOVAMENTE O HOMEM E SEU PEQUENO BANDO DE UNS DOZE AMIGOS. O QUE ELE ESTAVA FAZENDO? ESTAVA PARTINDO O PÃO, ABENÇOANDO-O E DANDO-OS AOS AMIGOS PARA COMER. ELA O VIU ABENÇOAR O VINHO TAMBÉM. OUVIU-O DIZER;- DOU-VOS UM NOVO MANDAMENTO. AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS TENHO AMADO.

            AMOR! AQUELA PALAVRA SENTIMENTAL, IRRACIONAL, IMPRUDENTE, ILÓGICA E EMOCIONAL! A RAZÃO SEMPRE A DESGOSTOU MUITO. DE ALGUMA FORMA, NO ENTANTO, SOOU MUITO DIFERENTE QUANDO ELE A DISSE. AGORA, DIANTE DE SEUS OLHOS, O AMOR SE TORNOU IMENSO – UMA LUZ, UM FOGO QUE UMA VEZ ACESO PODERIA MUDAR A FACE DA TERRA. AGORA PARECIA SER MAIOR DO QUE A PRÓPRIA RAZÃO.

            MAS ISTO ERA IMPOSSÍVEL! NÃO ERA ELA, A RAZÃO, A MAIOR COISA DA TERRA? ELA FOI EMBORA APRESSADAMENTE. ESTAVA PERTURBADA. ERA UMA NOVA SENSAÇÃO PARA ELA, QUE SEMPRE TINHA PERFEITO COMANDO SOBRE SEUS SENTIDOS.

            CORREU, ESQUECENDO-SE POR UM MOMENTO QUE ERA UMA REALEZA. ESCAPOU PELOS CAMPOS DORMENTES. NÃO VOLTOU A JERUSALÉM POR ALGUNS DIAS. PRESTAVA POUCA ATENÇÃO Á SUA VOLTA, MAS ESTAVA ESPANTADA EM OUVIR UM MURMÚRIO CRESCENTE DE UMA MULTIDÃO QUE AVANÇAVA. FICOU DE LADO PARA DEIXAR QUE OS PASSANTES CAMINHASSEM.

            A PRIMEIRA PESSOA A APARECER FOI O HOMEM. DESTA VEZ NÃO PARECIA TÃO MAJESTOSO. PARECIA CANSADO, FERIDO, SUJO E SEM FORÇAS AO PONTO DE EXAUSTÃO. EM SEUS OMBROS HAVIA UMA IMENSA CRUZ DE MADEIRA, SOB CUJO PESO ELE CAMBALEAVA.

            UMA MULHER ESTAVA ESPERANDO POR ELE. QUANDO ELE A VIU PAROU POR ALGUNS SEGUNDOS. SEUS OLHOS SE ENCONTRARAM, OS OLHOS DE UMA MÃE E DE UM FILHO. A RAZÃO ADORMECEU NESTE MOMENTO. POIS HAVIA CONTEMPLADO O AMOR – AMOR COMPLETO, PURO E PERFEITO. UM AMOR QUE AMAVA ATÉ Á MORTE.

             NAQUELE INSTANTE A RAZÃO ENTENDEU QUE TINHA SIDO CRIADA PARA CONDUZIR OS HOMENS AO AMOR, QUE NÃO ERA ALGO, MAS ALGUÉM – O PRÓPRIO DEUS! ENTENDEU TAMBÉM QUE O HOMEM QUE A TINHA FRUSTRADO COM SUA PRESENÇA E SUAS PALAVRAS ERA O FILHO DE DEUS. PERCEBEU QUE DEVIA SER SUA SERVA, SEU INSTRUMENTO PARA FAZER OS HOMENS AMÁ-LO. PERCEBEU QUE DAQUELE MOMENTO EM DIANTE TERIA QUE ADORMECER POR ALGUM TEMPO E DEIXAR O AMOR CAMINHAR COM OS HOMENS PELA ESCURIDÃO DA FÉ, PELA NUVEM DO DESCONHECIDO, ONDE ELE MORAVA DE UM MODO TODO ESPECIAL. O AMOR REINAVA SUPREMO E NÃO PRECISAVA DELA.

            DESDE AQUELE MOMENTO, QUANDO TRAZ UMA PESSOA AO PORTÃO DO AMOR, DO AMOR QUE ESTÁ ACIMA DA RAZÃO, ELA SE CURVA E VAI DORMIR ALEGREMENTE. ACORDA RENOVADA E MAIS VIVA DO QUE NUNCA. AGORA ESTÁ CONTENTE EM SER SERVA DO HOMEM E NÃO SUA deusa. ELA AMADURECEU.

 

 

O PODER NÃO É DADO PARA MANDAR MAIS, MAS PARA SERVIR MELHOR.   FREI NEYLOR J. TONIM.

SERVIÇO E SACRIFÍCIO CAMINHAM DE MÃOS DADAS.  BADEN POWELL. 

SÃO EM MAIOR NÚMERO AS COISAS QUE O TEMPO CURA, DO QUE AS COISAS QUE A RAZÃO CONCILIA.   PLUTARCO.

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