Maria
presente no sacrifício da cruz.
Corredentora com Cristo.
Maria
e a santa missa.
Ao longo da vida terrena
de Jesus, sua mãe Maria cumpriu a vontade divina e atendeu-o com solicitude
amorosa, em Belém, no Egito, em Nazaré. Teve para com ele todos os cuidados
normais de que precisou, iguais aos de qualquer outra criança, e também as
atenções extraordinárias que foram necessárias para proteger a sua vida. O
menino cresceu, entre Maria e José, num ambiente cheio de amor sacrificado e
alegre, de proteção firme e de trabalho.
Mais tarde, durante a sua vida pública, Maria poucas
vezes seguiu o Senhor de perto, mas ela sabia a cada momento onde seu filho se
encontrava, e chegava-lhe o eco dos seus milagres e da sua proteção. Jesus foi
algumas vezes a Nazaré, e então demorava-se um pouco mais com a sua Mãe, a
maioria dos seus discípulos já a conhecia desde as bodas de Caná da Galiléia.
Salvo o milagre da conversão da água em vinho, em que teve uma participação tão
importante, os evangelistas não nos falam de que tivesse presenciado nenhum
outro milagre. Como não esteve presente nos momentos em que as multidões vibravam
de entusiasmo pelo seu filho. Não a vereis entre as palmas de Jerusalém, - nem
afora as primícias de Caná – á hora dos grandes milagres. Mas não foge ao
desprezo do Gólgota;- ali está, junto á cruz de Jesus – sua Mãe! Deus amou a
virgem de um modo singular.
Não a
dispensou, no entanto, do transe do Calvário, permitindo-lhe que sofresse como
ninguém jamais sofreu, exceto o seu filho. Nesses momentos angustiantes,
poderia ter-se retirado talvez para a intimidade da sua casa, longe do
Calvário, na companhia amável das mulheres da aldeia;- ao fim e ao cabo, não
podia fazer nada, e a sua presença não evitava nem aliviava as dores nem a
humilhação do seu filho. Mas não o fez. E não o fez pela mesma razão pela qual
uma mãe permanece junto ao leito do filho agonizante, apesar de nada poder
fazer pela sua sobrevivência. Enquanto o drama caminhava para o seu desfecho,
foi-se aproximando pouco a pouco da cruz;- os soldados, permitiram-lhe que se
aproximasse.
Jesus olha para Maria e Maria olha para Jesus. numa
estreitíssima união, Maria oferece o seu filho a Deus Pai, corredimindo com
ele. Em comunhão com o filho dolente e agonizante, suportou a dor e quase
morte. Abdicou dos direitos de mãe sobre o seu filho, para conseguir a salvação
dos homens;- e para apaziguar a justiça divina, naquilo que dependia, imolou o
seu filho, de modo que se pode afirmar com razão que redimiu com Cristo a
linhagem humana. A Virgem não só acompanhou Jesus, mas esteve unida ativa e
intimamente ao sacrifício que se oferecia naquele primeiro altar. Participou de
modo voluntário na redenção da humanidade, consumando o seu Fiat- faça-se- que
havia pronunciado anos antes em Nazaré. Por isso podemos pensar que Maria está
presente em cada missa, nesse ato que é o centro e o coração da igreja. Esta
realidade ajudar-nos-á a viver melhor o sacrifício eucarístico- unindo á
entrega de Cristo a nossa, que também deve ser holocausto, e a sentir-nos muito
perto de Nossa Senhora.
Do alto da cruz, Jesus confia a sua mãe o seu corpo
místico, a igreja, na pessoa de São João. Sabia que necessitaríamos
constantemente de uma mãe que nos protegesse, que nos levantasse e intercedesse
por nós. A partir desse momento, ela cuida e cuidará da igreja com a mesma
fidelidade e a mesma força com que cuidou do seu primogênito desde a gruta de
Belém, passando pelo Calvário, até o Cenáculo de Pentecostes, onde teve lugar o
nascimento da igreja. Maria está presente em todas as vicissitudes da igreja.
Está unida de modo muito particular nos momentos mais difíceis da sua história.
Maria aparece-nos particularmente próxima da igreja, porque a igreja é sempre
como o seu Cristo, primeiro ainda menino e depois crucificado e ressuscitado.
A Virgem Santa Maria intercede para que Deus imprima na
alma dos cristãos os mesmos anseios que pôs na dela, o desejo corredentor de
que todos os homens voltem a ser amigos de Deus. A fé, a esperança e a ardente
caridade da Virgem no cume do Gólgota, que a tornam corredentora com Cristo de
modo eminente, são também um convite para que cresçamos, para que sejamos
humana e sobrenaturalmente fortes diante das dificuldades externas;- um convite
para que perseveremos sem desanimar na ação apostólica, ainda que por vezes
pareça não haver frutos ou o horizonte se apresente obscurecido pela potência
do mal.
Lutemos – lute cada um de nós!- contra
esse acostumar-se, contra esse ir tocando monotonamente, contra esse
conformismo que equivale á inação. Olhemos para Cristo na Cruz, olhemos para
Santa Maria junto á cruz;- sob os seus olhos abrem caminho, com espantosa arrogância,
a traição, a mofa, os insultos;- mas Cristo, e, secundando, a sua ação
redentora, Maria, e Jesus continuam fortes, perseverantes, cheios de paz, com
otimismo na dor, cumprindo a missão que a Trindade lhes confiou.
É uma batida á porta de cada um de nós, a
recordar-nos que á hora da dor, da fadiga e da contradição mais horrenda,
Cristo e tu e eu temos que ser outros Cristos- dar cumprimento á sua missão.
Decido-me a aconselhar-te que voltes os teus olhos para a Virgem e lhe peças
para ti e para todos; Mãe, que tenhamos confiança absoluta na ação redentora de
Jesus, e que como tu, Mãe queiramos ser corredentores...
Participar na
redenção, cooperar na santificação do mundo, salvar almas para a eternidade;-
existe ideal maior para preencher toda uma vida? A Virgem corredime seu filho
no Calvário, mas também o fez quando pronunciou o seu Fiat- faça-se- ao receber
a embaixada do Anjo, e em Belém, e no tempo em que permaneceu no Egito, e na
sua vida normal de Nazaré. Podemos ser corredentores, tal como ela, durante
todas as horas do dia, se as cumularmos de oração, se trabalharmos
conscienciosamente, se vivermos uma caridade amável com aqueles que encontramos
nas nossas tarefas, na família, se oferecermos com serenidade as contrariedades
de cada dia.
Vendo Jesus a sua mãe e o discípulo
a que amava, o qual estava ali, disse á sua mãe;- mulher, eis aí o teu filho.
Era o último ato de entrega de Jesus antes de expirar;- deu-nos a sua mãe por
nossa mãe!!!
Desde
então, o discípulo de Cristo tem algo que lhe é próprio;- tem Maria como sua
mãe. O posto de Maria na igreja será de Maria para sempre;- e desde aquela hora
o discípulo a recebeu em sua casa. Aquela foi a hora de Jesus, que inaugurava
com a sua morte redentora uma nova era até o fim dos tempos. Desde então, diz
Paulo sexto- se queremos ser cristãos, devemos ser marianos. A obra de Jesus
pode resumir-se em duas maravilhosas realidades;- deu-nos a filiação divina,
tornando-nos Filhos de Deus, e fez-nos filhos de Santa Maria.
Um autor do século três, Orígenes, faz notar que Jesus
não disse a Maria;- esse também é teu filho, mas;- ;- eis aí o teu filho, e
como Maria só teve Jesus por filho, as suas palavras equivaliam a dizer-lhe;-
esse, daqui por diante, será para ti Jesus;- a Virgem vê em cada cristão seu
filho Jesus. trata-nos como se em nosso
lugar estivesse o próprio Cristo. Como se esquecerá de nós quando nos vir
necessitados? Que deixará de conseguir do seu filho em nosso favor? Jamais
poderemos fazer uma pálida idéia do amor de Maria por cada um de nós.
Acostumemo-nos a encontrar Santa Maria enquanto celebramos ou participamos da
Santa Missa.
No
sacrifício do altar, a participação de Nossa Senhora evoca-nos o silencioso
recato com que acompanhou a vida de seu filho, quando andava pelas terras da Palestina.
A santa missa é uma ação da Trindade, por vontade do Pai, cooperando com o
Espírito Santo, o filho oferece-se em oblação redentora. Nesse insondável
mistério, percebe-se, como por entre véus, o rosto puríssimo de Maria;- filha
de Deus pai, mãe de Deus filho, esposa de Deus Espírito Santo.
O relacionamento com Jesus, no sacrifício do altar, traz
consigo necessariamente o relacionamento com Maria, sua mãe. Quem encontra
Jesus, encontra também a Virgem sem mancha, como aconteceu com aqueles santos personagens-
os reis Magos- que foram adorar Cristo;- entrando na casa, encontraram o Menino
com Maria, sua mãe.
Com ela, podemos
oferecer a Deus toda a nossa vida- todos os nossos pensamentos, anseios,
trabalhos, afetos, ações, amores,- identificando-nos com os mesmos sentimentos
que teve Cristo Jesus.
Pai Santo! Dizemos-lhe na intimidade
do nosso coração, e podemos repeti-lo interiormente durante a Santa Missa, pelo
coração imaculado de Maria, eu vos ofereço Jesus, vosso filho muito amado, e me
ofereço a mim mesmo nele, com ele e por ele, por todas as suas intenções e em
nome de todas as criaturas.
Celebrar ou assistir ao santo
sacrifício do altar tal como convém é o melhor serviço que podemos prestar a
Jesus, ao seu corpo místico e a toda a humanidade. Junto de Maria, na santa
missa, estamos particularmente unidos a toda a igreja. Amém.
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Oremos;-
infundi, Senhor, em nossos corações a
vossa graça. Vos suplicamos;- a fim de que, conhecendo, pela embaixada do Anjo,
a Encarnação de Jesus Cristo, vosso Filho, pelos merecimentos de sua Paixão e
Morte na cruz, cheguemos á glória da Ressurreição.
Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor.
Amém.
Concedei
a vossos servos, nós vos pedimos, Senhor Nosso Deus, que gozemos perpétua saúde
de alma e de corpo;- e, que pela gloriosa intercessão da bem aventurada sempre
Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e alcancemos a eterna
alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.