As aparições contadas nos evangelhos
não seriam uma ilusão dos seus discípulos? A sua pergunta é muito
importante, porque a realidade da Ressurreição de Jesus é fundamental para nós,
cristãos. Como diz São Paulo;- se Jesus não ressuscitou, nossa fé não vale, não
tem sentido. Mas devo confessar-lhe que não se pode provar a ressurreição como
um fato histórico qualquer, por exemplo, a morte de Ayrton Senna ou a coroação
de Dom Pedro primeiro, presenciadas por muitas testemunhas.
Ninguém viu, porém, a Ressurreição de Jesus. os
evangelhos não contam como aconteceu. Mas proclamam que o mesmo Jesus que
morreu na cruz está vivo, atualmente. Se ele está vivo, é porque Deus, seu Pai,
o ressuscitou dos mortos. Não se trata, porém, da volta á mesma vida de antes.
O que os discípulos anunciam é que Jesus venceu a morte e entrou na vida
eterna, inaugurando um mundo novo. Ele é assim o Messias e Salvador de toda a
humanidade. Essa afirmação não é a pura constatação dum fato histórico. É um
ato de fé. Como diz ainda Paulo;- se confessas com a sua boca que Jesus é o
Senhor, e crês em teu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
Mas essa fé na ressurreição de Jesus que os apóstolos
transmitiram á igreja não é arbitrária. Existe uma série de fatos e de testemunhas
que a fundamentam. O primeiro fato historicamente incontestável é que algumas
mulheres, amigas de Jesus, e também os seus apóstolos, como Pedro e João, foram
ao túmulo, onde Jesus tinha sido depositado, e o encontraram vazio. Mais
importante ainda é que todas essas testemunhas viram, depois, são e salvo, o
mesmo Jesus que tinham conhecido antes de sua morte. No princípio duvidam,
porque tinham perdido a esperança no seu Mestre, depois de assistir ao fracasso
total da sua missão. Mas finalmente se deixam convencer;- acreditam que Deus
não abandonou o seu filho querido, mas revelou nele e por ele a grandeza de seu
amor por nós;- compreendem também que o nosso destino, como o de Jesus, só se
realiza na comunhão com Deus;- por meio do amor que vence a morte e toda a
maldade humana.
Esses fatos não são uma prova absoluta da Ressurreição de
Jesus. desde o princípio correu a versão que os discípulos haviam roubado o seu
corpo. E você sempre pode alegar que as aparições do ressuscitado foram uma
auto sugestão coletiva. Só a fé nos dá a certeza de que Jesus ressuscitou. Mas
mesmo historicamente é difícil atribuir a uma trapaça ou ilusão a existência do
cristianismo;- é difícil explicar a transformação dos discípulos em testemunhas
ousadas da Ressurreição de Jesus sem uma experiência autêntica de sua vitória
final.
Porque os discípulos de Jesus tiveram
tanta dificuldade em acreditar na sua ressurreição, apesar de Jesus ter
anunciado que ressuscitaria ao terceiro dia?
Acreditar
na Ressurreição de Jesus significa aceitar que aquele mesmo homem que foi
crucificado é o Salvador do mundo. E isso não é um fato que se apresenta a
todos como evidente. É uma verdade que se deve crer. Os discípulos não
duvidaram, por exemplo, da Ressurreição de Lázaro. Tampouco os chefes dos
judeus, era incontestável, mas nem, por isso esses últimos creram em Jesus. ao
contrário, decidiram eliminá-lo, porque a mensagem de Jesus pobre e humilde se
opunha a seus interesses. O seu modo de ser era diferente do Messias que eles
esperavam. Os judeus do tempo de Jesus e os seus próprios discípulos esperavam
que Deus salvaria o seu povo de um modo espetacular por meio dum Messias
poderoso, que triunfaria sobre seus inimigos e estabeleceria em Jerusalém um
reino universal de justiça, paz e prosperidade. Todos os povos da terra
reconheceriam que Javé, o Deus de Israel, é o verdadeiro Deus. Apesar de seus
esforços, Jesus durante a sua vida, não conseguiu convencer os seus discípulos
que o plano de Deus para a salvação do mundo era outro. Por isso caíram numa
imensa tristeza, quando viram que Jesus tinha morrido na cruz. Ele não podia
ser o salvador do povo, como eles esperavam.
Até o fim contavam com algum milagre grandioso, que
revelasse sem dúvida alguma que Jesus tinha razão, que era o enviado de Deus.
Mas nada disso aconteceu.
A
própria Ressurreição de Jesus não foi um prodígio espetacular. Ninguém o viu
saindo do túmulo. Ele não apareceu no meio do templo de Jerusalém, vestido de
luz, para ser aclamado pelo povo como o Messias Rei. Por isso, quando Jesus
veio ao encontro dos discípulos na sua nova existência de ressuscitado, eles
pensaram que estavam vendo um fantasma. A manifestação de Jesus era clara, mas
não era nada claro para eles que um crucificado podia ser o Messias, o Salvador
do mundo.
Só pouco a pouco compreenderam que a vitória de Jesus não
era como imaginavam. Era muito mais completa, porque era uma vitória do jeito
de Deus. Não se tratava de salvar o mundo pela força das armas, mas pelo poder
do amor. Não se tratava simplesmente de melhorar a situação do seu povo,
derrotando os seus inimigos, mas de vencer de uma vez por todas o pecado e a
própria morte, amando até o fim. Não se tratava de fundar um reino aqui na
terra, mas de oferecer aos que crêem no seu nome a vida eterna no Reino de Deus.
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