- O Senhor permite que sejamos
tentados para que cresçamos nas virtudes.
- As tentações de Jesus. O demônio prova-nos
de maneira semelhante.
- O Senhor está sempre ao nosso
lado. Armas para vencer.
A
quaresma comemora os 40 dias que Jesus passou no deserto, como preparação para
esses anos de pregação que culminam na Cruz e na glória da Páscoa. Quarenta
dias de oração e de penitência que, ao findarem, desembocam na cena que a
liturgia nos oferece á nossa consideração no evangelho;- as tentações de
Cristo. É uma cena cheia de mistério, que o homem em vão pretende entender –
Deus que se submete á tentação, que deixa agir o maligno, - mas que pode ser
meditada se pedirmos ao Senhor que nos faça compreender a lição que encerra.
É a primeira vez que o demônio
intervém na vida de Jesus, e fá-lo abertamente. Põe á prova N. Senhor;- talvez
queira averiguar se chegou a hora do Messias. Jesus deixa-o agir para nos dar
exemplo de humildade e para nos ensinar a vencer as tentações que sofremos ao
longo da nossa vida;- como o Senhor fazia todas as coisas para nos ensinar;-
diz São João Crisóstomo, - quis também ser conduzido ao deserto e ali travar
combate com o demônio a fim de que os batizados, se depois do batismo sofrem
maiores tentações, não se assustem com isso, como se fosse algo de inesperado.
Se não contássemos com as tentações que temos de sofrer, abriríamos a porta a
um grande inimigo;- o desalento e a tristeza.
Jesus quis ensinar-nos com o seu
exemplo que ninguém deve considerar-se dispensado de passar por provas. As
tentações de N. Senhor – diz Knox – são também as tentações dos seus servidores
individualmente. Mas, como é natural, o grau, é diferente;- o demônio não nos
oferecerá a vós e a mim todos os reinos do mundo. Conhece o mercado e, como bom
vendedor, oferece exatamente o que calcula que o comprador quererá. Suponho que
pensará, com bastante razão, que quase todos nós podemos ser comprados por
cinco mil libras por ano, e muitos de nós por muito menos. Também não nos
oferece as suas vantagens de modo tão aberto, antes envolve as suas ofertas em
toda a espécie de formas plausíveis. Mas se vê a menos oportunidade, não demora
muito em mostrar-nos como podemos conseguir aquilo que queremos, se concordamos
em ser infiéis a nós mesmos e, muitas vezes, á nossa fé católica.
Como nos lembra o Prefácio da missa,
o Senhor ensina-nos com a sua conduta como devemos vencer as tentações e como
tirar proveito das provas porque iremos passar. Ele permite as tentações e
serve-se delas, providencialmente, para te purificar, para te fazer santo, para
te desprender melhor das coisas da terra, para te conduzir aonde Ele quer e por
onde quer, para te fazer feliz numa vida que não seja cômoda e para te dar
maturidade, compreensão e eficácia no teu trabalho apostólico com as almas,
e..., sobretudo, para te fazer humilde, muito humilde!!! Feliz o homem que
suporta a tentação – diz o Apóstolo Tiago – porque, depois de provado, receberá
a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam.
O demônio tenta-nos aproveitando as
necessidades e fraquezas da natureza humana. O Senhor, depois de ter jejuado
durante 40 dias e 40 noites, teve fome, como qualquer homem nas mesmas
circunstâncias. Foi este o momento em que o tentador se aproximou Dele
propondo-lhe que convertesse as pedras que havia por ali no pão de que tanto
necessitava e que desejava. E Jesus, não só rejeita o alimento que o corpo lhe
pedia, como afasta de si uma incitação maior;- a de usar do poder divino para
remediar, digamos assim, um problema pessoal.
Generosidade do Senhor que se
humilhou, que aceitou plenamente a condição humana, que não se serve do seu
poder de Deus para fugir das dificuldades ou do esforço, - que nos ensina a ser
fortes, a amar o trabalho, a apreciar a nobreza humana e divina de saborear as
consequências da entrega. Esta passagem do Evangelho ensina-nos também a estar
especialmente vigilantes nesses momentos de fraqueza ou cansaço que nos podem
atingir, a nós e aqueles a quem temos obrigação de ajudar. São momentos ruins,
em que o demônio talvez intensifique a tentação para que as nossas vidas tomem
outros rumos, alheios á vontade de Deus.
Na segunda tentação, o demônio
transportou-o á cidade Santa, situou-o no pináculo do templo e disse;- se és
Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito;- Ele ordenou aos seus
anjos que te tomassem nas suas mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé
nalguma pedra. Respondeu Jesus;- também está escrito;- Não tentarás o Senhor
teu Deus.
Era uma tentação aparentemente
capciosa;- se te recusas, demonstrará que não confias em Deus plenamente;- se
aceitas, obrigas Deus a enviar em proveito pessoal os seus anjos para te
salvarem. O demônio não sabe que Jesus não teria necessidade de anjo algum. No
fim da sua vida terrena, Jesus ouvirá uma proposta parecida e com palavras
quase idênticas;- Se és o rei de Israel, desça agora da cruz e cremos nele.
Cristo nega-se a fazer milagres
inúteis, por vaidade ou por vanglória. Nós devemos estar atentos para saber
rejeitar tentações humilhantes;- o desejo de ficar bem, que pode surgir até nas
coisas mais santas;- o prurido de montar em benefício próprio falsas
argumentações que pretendem fundar-se na Sagrada Escritura;- a atitude cética
de quem pede (e até exige) provas ou sinais extraordinários para crer,
esquecido de que o Senhor nos dá no meio da nossa vida cotidiana graças e
testemunhos suficientes para iluminarem o caminho da fé.
Na última das tentações, o demônio
oferece a Jesus toda a glória e poder terreno que um homem pode ambicionar.
Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe;- Dar-te-ei
tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares. O Senhor rechaça
definitivamente o tentador. O demônio sempre promete mais do que pode nos dar.
A felicidade está muito longe das suas mãos. Toda a tentação é sempre um logro
miserável. Mas, para nos experimentar, o demônio conta com as nossas ambições.
E a pior delas é desejar a todo custo a glória pessoal;- a ânsia de nos
procurarmos sistematicamente a nós mesmos nas coisas que fazemos e projetamos.
Muitas vezes, o pior dos ídolos é o nosso próprio eu. Temos que vigiar, em luta
constante, porque dentro de nós permanece a tendência de desejar a glória
humana, apesar de termos dito ao Senhor repetidamente que não queremos outra
glória que não a Dele.
Jesus também se dirige a nós quando
diz;- Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. E é isto o que nós
desejamos e pedimos;- servir a Deus alicerçados na vocação a que Ele nos
chamou. O Senhor está sempre ao nosso lado, em cada tentação, e nos diz
afetuosamente;- Confiai;- Eu venci o mundo. E nós nos apoiamos Nele porque, se
não o fizéssemos, pouco conseguiríamos sozinhos. Tudo posso Naquele que me
conforta. O Senhor é a minha luz e salvação;- a quem temerei?
Podemos prevenir as tentações
mediante a mortificação constante, mediante a prática da caridade e a guarda
dos sentidos internos e externos. Devemos também fugir das ocasiões de pecar,
por pequenas que sejam, pois aquele que ama o perigo nele perecerá. E
juntamente com a mortificação, a oração;- Vigiai e orai para que não entreis em
tentação. É necessário repetir muitas vezes e com confiança a oração do
Pai-Nosso;- NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO. Já que o próprio Senhor põe nos
lábios humanos esse pedido, é bom repeti-lo incessantemente. E também
combatemos a tentação manifestando-a abertamente ao diretor espiritual, pois
expô-la é vencê-la.
Quem revela as suas tentações ao
diretor espiritual pode estar certo de que Deus lhe concede a graça necessária
para ser bem orientado.
Contamos sempre com a graça de Deus para
vencer qualquer tentação. Não te esqueças, meu amigo, de que precisamos de
armas para vencer nesta batalha espiritual. as tuas armas serão;- A ORAÇÃO, A
SINCERIDADE E FRANQUEZA COM O TEU DIRETOR ESPIRITUAL, A SANTÍSSIMA EUCARÍSTIA E
O SACRAMENTO DA PENITENCIA, UM GENEROSO ESPÍRITO DE MORTIFICAÇÃO CRISTÃ – que
te levará a fugir das tentações e a evitar a ociosidade, - a humildade de
coração e uma devoção terna e filial á Santíssima Virgem – CONSOLADORA DOS
AFLITOS E REFÚGIO DOS PECADORES. DIRIGE-TE SEMPRE A ELA COM CONFIANÇA E
DIZ-LHE;- MINHA MÃE, CONFIANÇA MINHA!!!!--------------------
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