Não
há dúvida alguma nesta assertiva. Quanto mais estudamos o assunto, quanto mais
casos concretos observamos e analisamos, a quanto mais sessões de espiritismo e
umbanda assistimos, quanto mais esquadrinhamos toda esta fenomenologia
espírita, umbandista, batuqueira tec... – mais nos capacitamos desta
realidade;- tudo isso não passa de uma auto-hipnose.
Num centro esotérico da comunhão do
pensamento – assisti certa vez uma sessão de hipnotismo, dada por um amigo meu,
o Dr. Agostinho Braul. Em determinada altura dos trabalhos, um dos
hipnotizados, freqüentador assíduo do espiritismo, achando-se já em estado de
sonambulismo, se levanta, pede a palavra, e com o indicador erguido anuncia
solenemente uma mensagem recebida de um espírito para comunicar á platéia. O
operador, querendo dar uma lição oportuna, sugestiona o homem, no qual (baixou
um espírito), que ele está gago, não podendo falar duas palavras fluentes;-
além disto ainda lhe assegura estar colado ao chão, não podendo se mover. O
efeito da ordem foi imediato e fulminante. O espírito possessor não chegou a manifestar-se,
patenteando-se o operador do hipnotismo mais poderoso com uma ordem concreta
obedecida sem réplica pelo pretenso espírito, entidade essa, que não passa de
uma sugestão da fantasia.
Este caso apresenta especial valor,
dada a circunstância de ele nada ter que ver com qualquer evocação, pois
tratava-se de simples sessão de hipnotismo, na qual o próprio operador era anti-espírita.
Certa feita, quando estive a freqüentar sessões de umbanda em Santos, São
Paulo, ;- disse-me o babalaô de um terreiro, homem, por exceção, de certa
cultura;- mais de 90% de todas as vezes, quando dizem haver baixado um santo ou
entidades do astral, não baixou coisa nenhuma. É pura sugestão e nada mais!!!
Proferiu estas palavras e como quem entende do riscado e pode falar com
autoridade. Para mim, naturalmente, semelhante confissão foi preciosa, emanada
da boca de um cacique de umbanda, sem suspeitar sequer, diante de quem se
achava.
Esse babalaô já se encontrava próximo da
verdade. Tivesse dito que 100% era sugestão e hipnose ou simulação estaria com
a verdade plena. Exceto algum fenômeno parapsicológico que possa ocorrer com
uma pessoa dotada, mas então também é fenômeno natural que nada tem a ver com o
além. O Dr. Osmard A. Faria no seu manual de hipnose médica e odontológica Rio
1958., á página 442 apresenta expressivo exemplo, bem próprio para elucidar o
assunto em foco;- ainda recentemente, em aula, trabalhávamos com um paciente,
irmão gêmeo de outro, ótimo sonâmbulo, e a quem tomamos todos pelo irmão que, não
podendo comparecer, delegou-lhe poderes para fazer-se paciente aquela noite.
Babalaô o mesmo no passo dos
fenômenos corporais quando, de repente, e para estarrecimento geral, saltou da
cadeira, atirou-se ao chão, pronunciou uma série de grunhidos ininteligíveis e,
finalmente, na linguagem clássica, deixou-se possuir pelo santo. Reproduziu
todas as costumeiras manifestações mediúnicas. Alguns colegas
sobressaltaram-se, outro lembrou-se de fazer uma prece para desincorporar o
guia, a confusão estabeleceu-se. Pedimos a um grupo de colegas que subjugasse o
possuído. E então, com ele contido, dissemos-lhe em tom baixo – calmo,
tranqüilo – respirando naturalmente, sem qualquer mal estar. Um ...dois...
três...
Para surpresa de todos os colegas, o
possuído abriu tranquilamente os olhos, percebeu-se, constrangido, em situação
estranha e indagou, candidamente, o que estava fazendo no chão.
Depois explicando-nos o equívoco,
que ele não era o outro, o seu irmão, disse-nos que ao chegar ali, pelo
ambiente, pelo silêncio, pelas vozes baixas, pela meia luz, julgara estar num
centro espírita. Concentrara-se então no guia e de nada mais sabia.
O fato de o guia ter-se
desincorporado imediatamente ao nosso comando, provava exuberantemente que o
seu (rapport ) o ligava a nós, que ele estava na fase hipnótica associada, e
que, em última análise, seu guia...éramos nós!! Mais um caso clássico a nos
provar de como o estado de santo é auto-hipnose e nada mais.
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