A
RAZÃO E A PAIXÃO;- P. ELCIO JOSÉ DE TOLEDO.
Os grandes místicos sempre nos alertaram
que devemos controlar nossas paixões se quisermos encontrar verdadeiramente a
vontade de Deus. Por paixão entenda-se um forte impulso do espírito, que não
nos deixa pensar em outra coisa, a não ser o objeto da paixão. Podemos nos
apaixonar por uma pessoa, por uma causa, um projeto ou até por uma ideia. Para
acertar em nossas decisões, sempre é preciso buscar o equilíbrio entre a razão
e a paixão. Vejamos um exemplo do Evangelho;-
PEDRO PERGUNTOU A JESUS;- SENHOR, POR QUE NÃO
POSSO SEGUIR-TE AGORA? DAREI A MINHA VIDA POR TI! RESPONDEU-LHE JESUS;- DARÁS A
TUA VIDA POR MIM...! EM VERDADE TE DIGO;- NÃO CANTARÁ O GALO ATÉ QUE ME NEGUES
3 VEZES.
Pedro era uma pessoa impulsiva e
falava aquilo que lhe vinha á mente. Frequentemente dizia coisas equivocadas
por ser movido pela paixão que lhe brotava do coração. Seu choro após a negação
mostrou-lhe a inconsistência de suas palavras e decisões. Faltou a Pedro um dos
elementos básicos para o discernimento;- a razão. Nossas decisões devem ser
tomadas depois de avaliar bem aquilo que podemos fazer, depois de medir e
calcular se realmente seremos capazes de cumprir o que o nosso coração pede;-
QUEM DE VÓS, QUERENDO FAZER UMA CONSTRUÇÃO, ANTES NÃO SE SENTA PARA CALCULAR OS
GASTOS QUE SÃO NECESSÁRIOS, A FIM DE VER SE TEM COM QUE ACABÁ-LA?
Quando falamos em discernir a
vontade de Deus em nossas vidas, sempre devemos estar atentos para saber o que
verdadeiramente nos move a tomar decisão. Muitas vezes somos tomados por um
sentimento de entusiasmo e euforia, que parece vir de Deus, mas pode vir de
nossas paixões. O problema dessas decisões é que as tomamos sem refletir
direito, avaliando apenas nossos desejos, sem avaliar as consequências de nossa
decisão. No trecho citado anteriormente, Pedro estava movido pela paixão ao
Senhor e diz algo irrefletido, sem o menor compromisso com a realidade.
Quando somos movidos unicamente pela
paixão, tendemos a pensar a realidade como gostaríamos que ela fosse e não como
é de fato. Perdemos a objetividade e o fruto de nossa decisão geralmente é
decepcionante, pois não estava assentado numa reflexão verdadeira. No entanto,
nosso discernimento tampouco deve estar assentado apenas na análise fria de uma
realidade;- ele deve ir ao encontro daquilo que nos toca no coração.
Precisamos de paixão, mas, quando
esta é domesticada pela razão, chegamos ao ponto ideal para o discernimento;- o
amor maduro;- PERGUNTOU-LHE PELA TERCEIRA VEZ;- SIMÃO, FILHO DE JOÃO, TU ME
AMAS? PEDRO ENTRISTECEU-SE PORQUE LHE PERGUNTOU PELA TERCEIRA VEZ; TU ME AMAS?
E RESPONDEU-LHE;- SENHOR, SABES TUDO, TU SABES QUE TE AMO. DISSE-LHE JESUS;-
APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.
Ao
vermos Pedro atuando na igreja primitiva, vemos que aprendeu bem a lição dada
pelo mestre.
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