terça-feira, 5 de junho de 2018

A RAZÃO E A PAIXÃO

A RAZÃO E A PAIXÃO;- P. ELCIO JOSÉ DE TOLEDO.

            Os grandes místicos sempre nos alertaram que devemos controlar nossas paixões se quisermos encontrar verdadeiramente a vontade de Deus. Por paixão entenda-se um forte impulso do espírito, que não nos deixa pensar em outra coisa, a não ser o objeto da paixão. Podemos nos apaixonar por uma pessoa, por uma causa, um projeto ou até por uma ideia. Para acertar em nossas decisões, sempre é preciso buscar o equilíbrio entre a razão e a paixão. Vejamos um exemplo do Evangelho;-
PEDRO PERGUNTOU A JESUS;- SENHOR, POR QUE NÃO POSSO SEGUIR-TE AGORA? DAREI A MINHA VIDA POR TI! RESPONDEU-LHE JESUS;- DARÁS A TUA VIDA POR MIM...! EM VERDADE TE DIGO;- NÃO CANTARÁ O GALO ATÉ QUE ME NEGUES 3 VEZES.
            Pedro era uma pessoa impulsiva e falava aquilo que lhe vinha á mente. Frequentemente dizia coisas equivocadas por ser movido pela paixão que lhe brotava do coração. Seu choro após a negação mostrou-lhe a inconsistência de suas palavras e decisões. Faltou a Pedro um dos elementos básicos para o discernimento;- a razão. Nossas decisões devem ser tomadas depois de avaliar bem aquilo que podemos fazer, depois de medir e calcular se realmente seremos capazes de cumprir o que o nosso coração pede;- QUEM DE VÓS, QUERENDO FAZER UMA CONSTRUÇÃO, ANTES NÃO SE SENTA PARA CALCULAR OS GASTOS QUE SÃO NECESSÁRIOS, A FIM DE VER SE TEM COM QUE ACABÁ-LA?
            Quando falamos em discernir a vontade de Deus em nossas vidas, sempre devemos estar atentos para saber o que verdadeiramente nos move a tomar decisão. Muitas vezes somos tomados por um sentimento de entusiasmo e euforia, que parece vir de Deus, mas pode vir de nossas paixões. O problema dessas decisões é que as tomamos sem refletir direito, avaliando apenas nossos desejos, sem avaliar as consequências de nossa decisão. No trecho citado anteriormente, Pedro estava movido pela paixão ao Senhor e diz algo irrefletido, sem o menor compromisso com a realidade.
            Quando somos movidos unicamente pela paixão, tendemos a pensar a realidade como gostaríamos que ela fosse e não como é de fato. Perdemos a objetividade e o fruto de nossa decisão geralmente é decepcionante, pois não estava assentado numa reflexão verdadeira. No entanto, nosso discernimento tampouco deve estar assentado apenas na análise fria de uma realidade;- ele deve ir ao encontro daquilo que nos toca no coração.
            Precisamos de paixão, mas, quando esta é domesticada pela razão, chegamos ao ponto ideal para o discernimento;- o amor maduro;- PERGUNTOU-LHE PELA TERCEIRA VEZ;- SIMÃO, FILHO DE JOÃO, TU ME AMAS? PEDRO ENTRISTECEU-SE PORQUE LHE PERGUNTOU PELA TERCEIRA VEZ; TU ME AMAS? E RESPONDEU-LHE;- SENHOR, SABES TUDO, TU SABES QUE TE AMO. DISSE-LHE JESUS;- APASCENTA AS MINHAS OVELHAS.
            Ao vermos Pedro atuando na igreja primitiva, vemos que aprendeu bem a lição dada pelo mestre. 

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