terça-feira, 5 de junho de 2018

PACTO COM O DEMÔNIO;- SOLIMEO.


            Possibilidade de pacto com o demônio. Sabemos pela revelação que os homens podem entrar em comunicação voluntária com os demônios e pedir que eles façam ou concedam coisas que superam as forças humanas. Está fora de dúvida que o demônio intervém espontaneamente, de modo sensível, na vida dos homens;- porque não haveria ele de intervir diante da solicitação de uma vontade humana/? Não há nisto nada que seja contrário á ordem das coisas, nem da parte de DEUS, nem do demônio – da parte de DEUS, ELE pode permitir a ação do demônio como castigo para o homem por causa de suas faltas, ou como provação para a vítima, ou para algum outro efeito que ELE conhece, nos SEUS desígnios de sabedoria e justiça. Do lado, do demônio, está bem de acordo com a sua psicologia atender a uma solicitação que tanto lisonjeia seu orgulho, gratifica seu ódio de DEUS e do homem, e satisfaz seu desejo de fazer mal.
            O homem pode entrar em relação com os anjos e com os demônios, uma vez que uns e outros são seres inteligentes e livres. Nessa condição, tanto o homem quanto os anjos e os demônios podem fazer uso de sua liberdade e unir-se para obtenção de um fim comum. Mas, para isso, é preciso haver um ponto de contacto entre uns e outros;- quer dizer, é preciso que uns e outros tenham disposição análogas. Quando as relações são estabelecidas entre seres de natureza diversa, é evidente que o ser de natureza superior impõe as suas disposições ao inferior;- é a lei do mais forte. Se o ser mais elevado é um espírito bom, (isto é um anjo) o acordo se faz para o bem. Se ao contrário, o ser mais elevado é um espírito maligno, o acordo não pode senão para o mal. Pois o demônio, espiritual pervertido, não visa senão o mal.
            Como todo contrato, cada parte procura atender aos seus interesses. Se, de um lado, o espírito maligno aceita o acordo unicamente para o mal, a outra parte, o homem, poderá exigir que esse mal lhe traga alguma vantagem, ao menos subjetiva;- dinheiro, honras, vingança, prazer, do contrário, não haverá razão para haver acordo.por sua inteligência e seu poder, os demônios são superiores aos homens. Eles conhecem os segredos da natureza e os agentes físicos bem melhor que os sábios jamais chegarão a conhecer. Eles são capazes de produzir resultados surpreendentes e mesmo, quando isso serve a seus pérfidos desígnios, obter vantagens materiais para os que recorrem a eles.
            Como é evidente, o homem não tem poder sobre os demônios e estes não são obrigados a atender ao que foi pactuado;- mas o maligno quando atende aos desejos do homem, não o faz porque esteja a isso obrigado, seja forçado a isso pelo homem, mas sim porque satisfaz á sua soberba ver-se solicitado pelo homem, e até venerado por ele, em lugar de DEUS;- de outro lado, atendendo a esses pedidos, ele pratica o mal, quer em relação a terceiros, como se dá com frequência, quer em relação ao próprio solicitante, cuja alma conduz á perdição, que é o que ele tem em vista ao aceitar o pacto.

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