DO LIVRO O MISTÉRIO DA CRUZ- CARDEAL BASIL HUME.
( EXCELENTE LIVRO).
Ser Padre ou Bispo é
na verdade uma vocação maravilhosa. É enaltecedor estar no altar, atuando em
PERSONA CHRISTI, exercendo o se poder, transformando o pão no seu corpo, o
vinho no seu sangue, e ser agarrado de uma maneira maravilhosa pelo mistério da
morte e ressurreição de Cristo. Similarmente, estar sentado num confessionário
escutando uma pessoa carregada de culpa e auto-censura e então, novamente em
PERSONA CHRISTI, dizer palavras que dão alívio e conforto, EU TE ABSOLVO..., é
uma experiência compensadora. O Padre ungirá também os doentes, curará talvez,
e certamente dará coragem e estímulo. O Padre é um pastor, sempre
desassossegado até ter encontrado e levado para o redil a ovelha tresmalhada.
O médico e o padre tem muito
em comum. Ambos se preocupam com as pessoas, com o seu bem-estar. Os nossos
princípios podem ser diferentes, mas inevitavelmente descobrimos que sob alguns
pontos de vista os nossos interesses convergem. O juramento de HIPÓCRATES,
feito pelos médicos, contem as palavras por vezes tratar, freqüentemente curar,
sempre confortar.
O médico percebe que uma
pessoa é mais do que apenas um corpo, uma realidade física, mas é um indivíduo
cuja consciência e espírito formam um todo complexo. O padre, por seu lado,
reconhece que o espírito de uma pessoa não é uma coisa presa numa gaiola
humana, que alma e corpo não são hostis um ao outro. Se vemos as pessoas como a
soma total de células inter-relacionadas, e nada mais, então a nossa visão é
parcial, e portanto inadequada. Se, por outro lado, consideramos que a saúde
espiritual dos seres humanos é tudo o que importa, e que não está relacionada
com as necessidades físicas ou psicológicas, então tratamos as pessoas como
anjos. TAMBÉM ISTO É UMA DISTORÇÃO E FAZEMOS-LHES MAL.
A experiência do médico e
do padre com as pessoas diz-nos que muitas estão ainda confusas, na verdade
perseguidas, pelos perenes problemas da dor, sofrimento e morte. Angústia no
coração, medo da morte, vazio interior, solidão- já encontramos tudo isto, por
vezes como sintomas de enfermidade, muito freqüentemente como a própria causa
da doença.
São encontrados na
sociedade laica- isto é- uma sociedade da qual Deus foi banido como
desnecessário ou sem utilidade, ou em que esta guardado apenas para o DOMINGOE
PARA REFLEXÃO PRIVADA.
A sociedade laica não
consegue resolver os reais e profundos problemas humanos. Ainda temos medo e
nos espantamos com a morte;- apavoramo-nos com o sofrimento. A sociedade de
consumo- isto é, a sociedade em que nos oferecem toda a espécie de comodidades
materiais e prosperidade- não satisfez as mais profundas aspirações do coração
humano- ou deu a alegria e contentamento por que todos os corações anseiam. Há,
também, angústias coletivas, o grande problema do dia, tão claro para todos e,
no entanto, tão difícil de resolver.
CURA E RENOVAÇÃO- entre
todos os meus doentes, depois da meia idade, ainda não houve um cujo problema
em última instância não tenha sido o de encontrar uma perspectiva religiosa na
vida. Pode-se dizer que cada um deles se sentiu doente por ter perdido o que as
religiões vivas de todos os séculos deram aos seus seguidores, e nenhum deles
realmente se curou sem recuperar a sua perspectiva religiosa. (C.G.JUNG, O
HOMEM MODERNO Á PROCURA DA ALMA).
Pensei nisso com
freqüência, e fui levado a concluir que o que é verdade acerca do indivíduo,
seguramente é também verdade, acerca de cada indivíduo na sua relação com os
outros, e portanto é verdade acerca da própria sociedade.
MUDANÇA DE OPINIÃO- juntos precisamos
de redescobrir valores que são absolutos e intemporais. Não é tarefa fácil. É o
que o Evangelho pede- uma mudança de opinião ( conversão). É algo muito radical
empreendido pelo indivíduo e que deve, no fim, ter um profundo efeito na
sociedade em que esta inserido. Consiste, em parte, na descoberta de que o que
experimentamos no nosso atual estado nesta terra não é, e não pode ser, toda a
história.
Há uma realidade sobre a
qual a ciência não pode falar e que a tecnologia não pode conseguir. Entramos
no reino do eterno e do espiritual, o reino da religião.
A CENTELHA DA RELIGIÃO-
seria errado pensar na religião como se esta estivesse apenas preocupada em
corrigir o mal. Há muitas riquezas para oferecer- na verdade as únicas riquezas
que vale a pena ter. O problema da nossa sociedade, os medos e angústias
secretos do indivíduo, tudo isso é o lado negro. Não encontraremos soluções
para estas coisas a não ser que reconheçamos e aceitemos que a religião deve
ter um papel nas nossas vidas pessoais, e na sociedade como um todo.
O paciente pode ter muita
coisa errada nele, mas pode ser curado. Há sempre sinais de esperança, coisas
boas para anotar. Quaisquer que sejam os sinais em contrário, permanece em cada
um de nós pelo menos uma centelha de religião, pronta para entrar em ignição
transformando-se em qualquer coisa mais brilhante e mais quente. Está aí a
promessa de um processo de cura.
Como detectamos essa
centelha dentro de nós? Imagino que seja diferente em cada pessoa, o que seria
um fato surpreendente, uma vez que cada pessoa é única. Creio que tem algo a
ver com uma ânsia no mais fundo de nós. Atualmente, temos tendência para falar
sobre a procura de significado, e de realização. Queremos conhecer e possuir o
bem, ou o bem que vimos em pessoas e objetos incluídos na nossa experiência.
Por fim, descobrimos que a
busca da verdade e pela bondade na sua forma absoluta. A esta Verdade absoluta
e a esta Bondade absoluta chamamos DEUS.
Fomos feitos para alguma
coisa que esta- usando os nossos termos inadequados- acima e para lá de nós. Há
uma parte de todos nós que anseia por isso.
Os indivíduos e a sociedade
não podem ser fundamentalmente curados sem uma transformação radical.
A religião é essencial para
alcançar este objetivo. A renovação pessoal e a renovação da sociedade seguem
os mesmos moldes.
UM RETORNO Á DEUS É UMA
PRÉ-CONDIÇÃO PARA VOLTAR A TER SAÚDE.
AMEM.
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