CREIO
NO ESPÍRITO SANTO ;- O ACONTECIMENTO PASCAL;- REALIZADO DE UMA
VEZ PARA SEMPRE, DE QUE MODO SE TORNA HOJE NOSSO? MEDIANTE AQUELE QUE É O SEU
ARTÍFICE DESDE A ORIGEM E NA PLENITUDE DOS TEMPOS;- O ESPÍRITO SANTO. ELE É
PESSOALMENTE A NOVIDADE ATUANTE NO MUNDO. É A PRESENÇA DE DEUS-CONOSCO, UNIDO
AO NOSSO ESPÍRITO. SEM ELE DEUS ESTÁ LONGÍNQUO, CRISTO FICA NO PASSADO, O
EVANGELHO É UMA LETRA MORTA, A IGREJA UMA SIMPLES ORGANIZAÇÃO, A AUTORIDADE É
UM DOMÍNIO, A MISSÃO É PROPAGANDA, O CULTO UMA EVOCAÇÃO E O AGIR CRISTÃO UM
AGIR DE ESCRAVOS. MAS, NELE E MEDIANTE UMA SINERGIA INDISSOCIÁVEL, O COSMOS É
ELEVADO E GEME NA ESPERA DO REINO, O HOMEM ESTÁ EM LUTA CONTRA A CARNE, CRISTO
RESSUSCITADO ESTÁ PRESENTE, O EVANGELHO É PODER DE VIDA, A IGREJA MANIFESTA A
COMUNHÃO TRINITÁRIA, A AUTORIDADE É UM SERVIÇO LIBERTADOR, A MISSÃO UM
PENTECOSTES, A LITURGIA MEMORIAL E ANTECIPAÇÃO, O AGIR HUMANO É DEIFICADO.
O ESPÍRITO QUE DÁ A VIDA;-
O ESPÍRITO SANTO FO NO OCIDENTE, ATÉ HÁ BEM POUCO TEMPO, O GRANDE DESCONHECIDO
PARA A TEOLOGIA, A ESPIRITUALIDADE E A PASTORAL. DEVE RECONHECER-SE QUE O OUTRO
(PULMÃO) DA IGREJA CATÓLICA – O ORIENTE – CONSERVOU, PELO CONTRÁRIO, UMA
CONSCIÊNCIA MAIOR E UMA PRÁTICA MUITO MAIS VIVA DE QUEM É O ESPÍRITO SANTO NA
IGREJA. UMA DAS RAZÕES DESTE ESQUECIMENTO NO OCIDENTE DEVE-SE CERTAMENTE AO QUE
OCORREU QUANDO, EM OUTROS TEMPOS DA HISTÓRIA DA IGREJA, FOI REDESCOBERTA A
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO – MILENARISMO, JOAQUIM DE FIORE, PEQUENOS IRMÃOS – NA
ALTURA EM QUE OS EXCESSOS E EXAGEROS, E O CONSEQUENTE REDIMENSIONAMENTO NECESSÁRIO, DEIXARAM NA
MEMÓRIA ECLESIAL UMA RECORDAÇÃO NÃO MUITO AGRADÁVEL QUE LEVOU, SOBRETUDO, A UMA
ESPÉCIE DE POSIÇÃO DEFENSIVA SUBCONCIENTE;- É MELHOR PÔ-LO DE PARTE.
COMO O CONCÍLIO VATICANO II
– SOBRETUDO NO TEXTO BREVE E DENSO DA LUMEN GENTIUM, 4 – COMEÇA A RECUPERAR-SE
A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO CHAMADO TEMPO DA IGREJA. O
MAGISTÉRIO DO BEATO JOÃO PAULO II DESENVOLVEU E AMPLIOU POSTERIORMENTE ESTA
SEMENTE DO VATICANO II EM VÁRIAS OCASIÕES, ESPECIALMENTE NAS SUAS ENCÍCLICAS
DOMINUM ET VIVIFICANTEM 1986 E REDEMPTORIS MISSIO 1990. A CATEQUESE NESTE ANO DA FÉ ENFRENTA UM AUTÊNTICO E
ESTIMULANTE DESAFIO;-PÔR OS FIÉIS EM CONTATO COM ESTA FONTE VIVA QUE QUER E
DEVE BROTAR EM TODOS ELES. COM EFEITO, SE CRISTO TIVESSE RESSUSCITADO E SUBIDO
A DIREITA DO PAI E COM ISTO TUDO SE TIVESSE CONCLUÍDO, DE QUE MODO A SUA
VITÓRIA TERIA A VER CONOSCO? SERIA, NO MÁXIMO, A ESPERANÇA DE PODER ALCANÇAR UM
DIA O LUGAR ONDE CHEGOU UM DE NÓS, NOSSA CABEÇA E NOSSO PASTOR. MAS, COMO FOI
DITO ANTERIORMENTE, O QUE CONSTITUI O EVANGELHO É QUE CRISTO RESSUSCITADO,
TENDO RECEBIDO O ESPÍRITO SANTO EM PLENITUDE, O DÁ Á SUA IGREJA EM ABUNDÂNCIA E
A TODOS AQUELES QUE SE CONVERTEM A SÃO BATIZADOS.
E É PRECISAMENTE COM O DOM
DO ESPÍRITO SANTO COMO CONSEQUÊNCIA DA GLORIFICAÇÃO DE JESUS QUE SE DÁ A GRANDE
NOVIDADE QUE SUPERA E LEVA Á PLENITUDE O ANTIGO TESTAMENTO. POR ISSO, É
NECESSÁRIO TER SEMPRE BEM PRESENTE QUE A AÇÃO SALVÍFICA DA TRINDADE SE CUMPRE
NA DINÂMICA DO MISTÉRIO PASCAL EM TRÊS FASES INSEPARÁVEIS;- A PAIXÃO E MORTE DE
JESUS CRISTO, A SUA RESSURREIÇÃO E O DOM DO ESPÍRITO SANTO. DESPREZAR E NÃO
EXPLICITAR PASTORALMENTE, COM TODA A SUA NOVIDADE E A DINÂMICA QUE SE CRIA COM
O DOM DO ESPÍRITO SANTO, É UMA DAS CAUSAS DA ANEMIA DE QUE SOFRE HOJE O
CRISTIANISMO. O ESPÍRITO SANTO QUE FUNDA E VIVIFICA A IGREJA, DE FATO, É O
ESPÍRITO DE CRISTO. A AÇÃO DE JESUS CRISTO E A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO- - AS DUAS MÃOS DO PAI SANTO IRINEU)- DEVEM
ANDAR SEMPRE JUNTAS E ENTRELAÇADAS ENTRE SI, ILUMINANDO-SE E EXPLICANDO-SE UMA
COM A OUTRA. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO NO DIA DE PENTECOSTES COMO DOM DO
RESSUSCITADO SOBRE OS APÓSTOLOS REUNIDOS COM MARIA, AS MULHERES E OUTROS
DISCÍPULOS, CONSTITUI DE FATO O NASCIMENTO DA IGREJA. É O ESPÍRITO DE CRISTO
QUE VIVIFICA, UNIFICA E DIRIGE A IGREJA, DADO TRATAR-SE DO MESMO ESPÍRITO QUE
ESTÁ PRESENTE NA CABEÇA E NOS MEMBROS COMO PRINCÍPIO VITAL.
É URGENTE QUE AS NOSSAS
CATEQUESES AJUDEM OS FIÉIS A TOMAR CONSCIÊNCIA DA IMPORTÂNCIA CAPITAL DA AÇÃO
DO ESPÍRITO SANTO COMO PRINCÍPIO VITAL DA IGREJA E DA VIDA DE CADA CRISTÃO. O
ESPÍRITO FOI ENVIADO PELO PAI NO DIA DE PENTECOSTES PARA SANTIFICAR
CONTINUADAMENTE A IGREJA. ESTA AÇÃO É RECONHECIDA TAMBÉM EM OUTRAS PASSAGENS
DOS DOCUMENTOS CONCILIARES. A SANTIFICAÇÃO É FUNDAMENTALMENTE UMA TRANSFORMAÇÃO
INTERIOR;- TRATA-SE DE UMA REGENERAÇÃO ESPIRITUAL, DE UMA NOVA CRIAÇÃO, DE UMA
NOVA VIDA, OBRA DE CRISTO, PELO SEU ESPÍRITO. TRATA-SE, DEFINITIVAMENTE, DA
REDENÇÃO DE CRISTO QUE O ESPÍRITO SANTO REALIZA, PERSONALIZA E INTERIORIZA.
A REDENÇÃO DE CRISTO, NOS
SEUS TRÊS ASPECTOS INSEPARÁVEIS – OU SEJA, COMO LIBERTAÇÃO DO MAL, DA MORTE E
DA PRESSÃO EXTERNA DA LEI; COMO PERDÃO DO PECADO, CURA, REGENERAÇÃO E
RECONCILIAÇÃO;- E COMO DIVINIZAÇÃO – É OBRA CONJUNTA DA TRINDADE. O PAI TOMA A
INICIATIVA E ENVIA;- O FILHO ENCARNA E CUMPRE A MEDIAÇÃO ANTROPOLÓGICA – UM SER
HUMANO NO ESPAÇO E NO TEMPO- E O ESPÍRITO SANTO REALIZA, PERSONALIZA E
INTERIORIZA A SALVAÇÃO EM CADA PESSOA QUE O ACOLHE EM TODOS OS TEMPOS E
LUGARES. É TAMBÉM IMPORTANTE CONHECER A HIERARQUIA DOS DONS QUE PROCEDEM DO
ESPÍRITO SANTO. EM PRIMEIRO LUGAR A EXPERIÊNCIA DAS TRÊS VIRTUDES TEOLOGAIS;- FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE. SÃO ASSIM
CHAMADAS, PORQUE TÊM COMO OBJETO DEUS, OU SEJA, ASSENTAM E ALIMENTAM-SE EM
DEUS. É O ESPÍRITO SANTO QUE REALIZA E INTERIORIZA A SUA PRESENÇA NO CRENTE DE
MODO QUE ESTE SE POSSA APOIAR E CONSOLIDAR NO PRÓPRIO DEUS. EM SEGUNDO LUGAR,
OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO, COMO CONSEQUÊNCIA E EFEITO DE UMA VIDA TEOLOGAL;- AMOR, ALEGRIA, PAZ, PACIÊNCIA,
BENEVOLÊNCIA, BONDADE, FIDELIDADE, MANSIDÃO E TEMPERANÇA. EM TERCEIRO
LUGAR, OS DONS OU CARISMAS ESPECIAIS QUE O ESPÍRITO CONCEDE A CADA UM PARA A
EDIFICAÇÃO E UNIDADE DA IGREJA. CARISMAS DE DISCERNIMENTO E DE GOVERNO PARA A
CONDUÇÃO DA IGREJA, E CARISMAS MÚLTIPLOS DISTRIBUÍDOS A TODOS, PARA SER CAPAZ
DE SE CONSOLIDAR NUMA VARIEDADE DE OBRAS E DE SE EMPENHAR NA RENOVAÇÃO E NO
CRESCIMENTO DA IGREJA. CADA ASPECTO DA VIDA CRISTÃ – O ANÚNCIO, A LITURGIA E OS
SACRAMENTOS, A VIDA MORAL COM O TESTEMUNHO DA CARIDADE, E A VIDA DE ORAÇÃO
PESSOAL E COMUNITÁRIA – ENCONTRAM A SUA AUTENTICIDADE E FECUNDIDADE NAQUELE QUE
É O SENHOR DA VIDA.
O
ESPÍRITO SANTO ADORADO E GLORIFICADO;- TAL COMO RELATIVAMENTE Á
NATUREZA DIVINA DE JESUS , TAMBÉM PARA A IGUALDADE ENTRE O PAI E O FILHO NÃO
FALTARAM AS DISCUSSSÕES. O CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA I ACRESCENTOU ESTAS
EXPRESSÕES AO TEXTO DO CREDO DE NICEIA PARA EXPLICITAR A NATUREZA DIVINA DO
ESPÍRITO SANTO;- E PROCEDE DO PAI E DO
FILHO; E COM O PAI E O FILHO É ADORADO E GLORIFICADO. UM CONTRIBUTO FUNDAMENTAL
FOI DADO PELA TEOLOGIA DE SÃO BASÍLIO, CUJO TEXTO SOBRE O ESPÍRITO SANTO
CONSTITUI ATÉ AOS NOSSOS DIAS UMA OBRA DE GRANDE DENSIDADE.
HOJE, O PROBLEMA NÃO É
TANTO A DISCUSSÃO ACERCA DA NATUREZA DIVINA DO ESPÍRITO SANTO, MAS SIM UMA
TENDÊNCIA PARA IDENTIFICAR O ESPÍRITO SANTO COM A DIMENSÃO ESPIRITUAL DA
REALIDADE E DO UNIVERSO, INCLUINDO TAMBÉM O PRÓPRIO ESPÍRITO HUMANO, TORNANDO
PROPÍCIO UM PANTEÍSMO DO TIPO NEW AGE. NO QUE SE REFERE A ESTA TENDÊNCIA,
CHAMADA TAMBÉM GNÓSTICA, AS AFIRMAÇÕES DE SÃO PAULO NA SUA CARTA AOS ROMANOS
SÃO DE GRANDE CLAREZA;- VÓS NÃO
RECEBESTES UM ESPÍRITO DE ESCRAVOS PARA RECAIR NO MEDO,MAS RECEBESTES UM
ESPÍRITO DE FILHOS ADOTIVOS, POR MEIO DO QUAL CHAMAMOS;- ABBÁ! PAI!. O
PRÓPRIO ESPÍRITO ASSEGURA AO NOSSO ESPÍRITO QUE SOMOS FILHOS DE DEUS.
EFETIVAMENTE, A HABITAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO CORAÇÃO DOS CRENTES COMPORTA
CLARAMENTE UMA DISTINÇÃO ENTRE O ESPÍRITO DE DEUS QUE O VISITA E O
ESPÍRITO OU CONDIÇÃO ESPIRITUAL DA
PESSOA QUE ACOLHE O DOM.
ELE QUE FALOU PELOS
PROFETAS;- ESTA AFIRMAÇÃO REMETE DE NOVO PARA A IDEIA DE QUE A OBRA DA REDENÇÃO
É UMA AÇÃO COLETIVA DE DEUS UNO E TRINO;- TAMBÉM NO ANTIGO TESTAMENTO A
INICIATIVA REDENTORA É DO PAI ATRAVÉS DO FILHO (O VERBO) E NA DINÂMICA DO
ESPÍRITO. ABORDAR ESTE ARTIGO É UMA OCASIÃO PROPÍCIA PARA EXPLICAR AOS FIÉIS A
DIFERENÇA ENTRE A PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO – UMA
PRESENÇA PONTUAL QUE SE DÁ EM PESSOAS INDIVIDUAIS;- PROFETAS, REIS,...- E A
PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO. UMA PRESENÇA CONSTITUTIVA;- O
ESPÍRITO SANTO É DERRAMADO SOBRE UMA COMUNIDADE, SOBRE UMA INSTITUIÇÃO, TAL
COMO ERA O GRUPO DOS DOZE REUNIDOS COM MARIA, AS MULHERES E A MULTIDÃO DOS
DISCÍPULOS, OU SEJA, A IGREJA NA SUA VISIBILIDADE HISTÓRICA, NA HUMANIDADE DOS
DISCÍPULOS DE CRISTO CHAMADOS A UMA CONVERSÃO PERMANENTE.
CREIO NA IGREJA;- NENHUMA
OUTRA AFIRMAÇÃO DE FÉ COMO ESTA SUSCITA TAMANHA DIFICULDADE. AS RESERVAS EM
RELAÇÃO Á IGREJA PROVÊM NÃO SÓ DOS AFASTADOS, MAS TAMBÉM DOS QUE HABITUALMENTE
PARTICIPAM NA VIDA DA IGREJA. NÃO HÁ DIFICULDADE EM SE DESLUMBRAR E FASCINAR
COM A FIGURA EXTRAORDINARIAMENTE LIVRE, DE UMA SINGULARIDADE ÚNICA E COM A
CARGA POR VEZES PROVOCADORA DE JESUS DE NAZARÉ;- MAS TEMOS DIFICULDADES,
RESERVAS E QUESTÕES RELATIVAMENTE Á IGREJA, Á SUA FIGURA HISTÓRICA, AOS SEUS
REPRESENTANTES, ÁS SUAS INSTRUÇÕES E INSTITUIÇÕES.
E, CONTUDO, A AFIRMAÇÃO DE
FÉ CREIO NA IGREJA ACOMPANHA DESDE OS PRIMEIROS SÉCULOS O CAMINHO DOS CRISTÃOS.
PROCUREMOS COMPREENDER. EM PRIMEIRO LUGAR, DEVEMOS OBSERVAR QUE A AFIRMAÇÃO
ACERCA DA IGREJA VEM IMEDIATAMENTE A SEGUIR Á CONFISSÃO DO ESPÍRITO SANTO. POR
CONSEGUINTE, CONSTITUI MUITO MAIS DO QUE UM APÊNDICE SIGNIFICATIVO, JUNTAMENTE
COM AS ÚLTIMAS VERDADES ACERCA DO BATISMO, DA RESSURREIÇÃO DA CARNE E DA VIDA
ETERNA, DE TODO O SÍMBOLO. O QUE SE QUER EXPRIMIR É QUE EXISTE UM VÍNCULO
INTRÍNSECO E INDISSOLÚVEL ENTRE O MISTÉRIO TRINITÁRIO E A REALIDADE DA IGREJA
QUE ENCARNA NA HISTÓRIA A ECONOMIA DAS RELAÇÕES QUE DEUS ENTENDEU TRAVAR COM A
HUMANIDADE E COM CADA INDIVÍDUO. NÃO SÓ. CADA UMA DAS VERDADES SINGULARES DA
ÚLTIMA PARTE DO SÍMBOLO NÃO SE PODE CONCEBER COMO ISOLADAS UMAS DAS OUTRAS, MAS
COMO UM PROCESSO UNITÁRIO QUE, NASCIDO NO CORAÇÃO E NA MENTE DE DEUS, TEM O
OBJETIVO DE LEVAR AO CUMPRIMENTO SALVÍFICO CADA FILHO DO HOMEM.
ESTA INTERDEPENDÊNCIA
PROFUNDA ENTRE O MISTÉRIO DE DEUS E A REALIDADE DA IGREJA NÃO TEM INTENÇÃO DE
DIVINIZAR A IGREJA, COMO SE A COLOCASSE SOBRE O MESMO PLANO DE DEUS. NO TEXTO
LATINO NÃO SE DIZ (CREDO IN ECCLESIAM), MAS (CREDO ECCLESIAM). O FIM DO NOSSO
ATO DE FÉ NÃO É A IGREJA, MAS DEUS;- NÃO UM DEUS QUALQUER, MAS AQUELE DEUS A
QUEM APROUVE NA SUA BONDADE E SABEDORIA, REVELAR-SE A SI MESMO E DAR A CONHECER
O MISTÉRIO DA SUA VONTADE, SEGUNDO O QUAL OS HOMENS, POR MEIO DE CRISTO, VERBO
ENCARNADO, TÊM ACESSO AO PAI NO ESPÍRITO SANTO E SE TORNAM PARTICIPANTES DA
NATUREZA DIVINA. A IGREJA NÃO É A QUARTA PESSOA DA TRINDADE. O QUE É QUE
SIGNIFICA ENTÃO CREIO NA IGREJA? SIGNIFICA;- CREIO QUE O MISTÉRIO DE DEUS SE
MANIFESTOU AO MUNDO MEDIANTE AQUELA HISTÓRIA DE RELAÇÕES QUE, INICIADA COM A
CRIAÇÃO NO ALVOR DOS TEMPOS, DEPOIS SE MANIFESTOU HISTORICAMENTE COM A VOCAÇÃO
DE ABRAÃO E DO POVO DE ISRAEL;- SE CUMPRIU NA PESSOA E NOS ACONTECIMENTOS DA
VIDA DE JESUS, VERBO ENCARNADO;- ESTÁ PRESENTE MEDIANTE O ESPÍRITO SANTO NUM
POVO PARTICULAR, A IGREJA, TAL COMO NO SEU SACRAMENTO VISÍVEL;- E TERÁ A SUA
PLENITUDE NO FINAL DOS TEMPOS. DEUS ENTROU NA NOSSA HISTÓRIA ATRAVÉS DE
VICISSITUDES PARTICULARES, MAS PARA DAR UM SIGNIFICADO E ANUNCIAR A TODOS A BOA
NOTÍCIA DO SEU AMOR GRATUITO E MISERICORDIOSO.
O CONCÍLIO VATICANO II EXPRESSOU
A MODALIDADE COM QUE DEUS ENTROU EM RELAÇÃO COM A HUMANIDADE;- APROUVE A DEUS SALVAR E SANTIFICAR OS
HOMENS, NÃO INDIVIDUALMENTE, EXCLUÍDA QUALQUER LIGAÇÃO ENTRE ELES, MAS
CONSTITUINDO-OS EM POVO QUE O CONHECESSE NA VERDADE E O SERVISSE SANTAMENTE. ISTO
PREDETERMINA E SUGERE COERENTEMENTE TAMBÉM A MODALIDADE COM QUE NOS PODEMOS PÔR
EMRELAÇÃO COM DEUS. É IMPENSÁVEL UMA COMUNHÃO COM O DEUS DA ALIANÇA, COM O DEUS
DE ISRAEL E DE JESUS, QUE POSSA FICAR INTIMAMENTE FECHADA NA CONSCIÊNCIA DO
INDIVÍDUO OU QUE SE POSSA REDUTORAMENTE SOLUCIONAR COM EXPERIÊNCIAS
ESPIRITUALISTAS. A RELAÇÃO COM DEUS É CHAMADA A ESPALHAR-SE E A HISTORICIZAR-SE
NO VASTO E RICO CAMPO DA RELAÇÃO COM OS OUTROS. A FÉ EM DEUS ASSUME DESDE AS
ORIGENS, COM ABRAÃO, A FORMA DE UM ACONTECIMENTO HISTÓRICO. E O NOVO TESTAMENTO
COMPLETA ESTA LÓGICA. O EVANGELHO DE JOÃO INTERPRETA A MORTE DE JESUS Á LUZ DO
DESÍGNIO DE DEUS DE REUNIR OS FILHOS DE DEUS QUE ESTAVAM DISPERSOS. A CARTA AOS
EFÉSIOS DESCREVE A OBRA DE DEUS EM CRISTO COMO A DESTRUIÇÃO DO MURO DE
SEPARAÇÃO E COMO A RECONCILIAÇÃO DE TODOS, JUDEUS E PAGÃOS, NUM SÓ CORPO. A
EXPERIÊNCIA CRISTÃ NÃO PEDE QUE O CRENTE ESTEJA SOMENTE ORIENTADO PARA O
INTERIOR DE SI MESMO E TENDAUNICAMENTE A UMA PROFUNDIDADE ESPIRITUAL PRÓPRIA
MAS, SIM, ELA É IMERSÃO NUM DESÍGNIO DIVINO QUE SE REALIZOU E SE PODE REALIZAR
UNICAMENTE ATRAVÉS DA HISTÓRIA, NA EXPECTATIVA DA PLENITUDE FINAL. ISTO IMPLICA A RENÚNCIA A PERCURSOS
INDIVIDUALISTAS, A POSIÇÕES CRÍTICAS QUE PODERIAM CONDUZIR AO ROMPER COM A
IGREJA, A NAVEGAÇÕES SOLITÁRIAS QUE ENCERRARIAM A EXPERIÊNCIA DA FÉ NO REDUZIDO
PERÍMETRO DA NOSSA EXPERIÊNCIA PESSOAL E DO NOSSO GRUPO DE PERTENÇA. A PARTIR
DAQUI PODE COMPREENDER-SE COMO A IGREJA SEMPRE REJEITOU E LUTOU CONTRA TODAS AS
MANIFESTAÇÕES DA VERDADE REVELADA E VIU SEMPRE NAS HERESIAS E NOS CISMAS O
OBSTÁCULO MAIS PERIGOSO PARA A SUA UNIDADE. TORNOU-SE CÉLEBRE A EXPRESSÃO DE
SÃO CIPRINIANO;- NÃO PODE TER DEUS POR
PAI, QUEM NÃO TEM A IGREJA POR MÃE. O QUE QUER DIZER QUE A FÉ CRISTÃ É, POR
ESSÊNCIA, UMA FÉ ECLESIAL. CASO CONTRÁRIO, ESTARÍAMOS PERANTE UM DEUS OU UM
CRISTO QUE ERAM UMA MERA PROJEÇÃO DAS NECESSIDADES E DOS DESEJOS DO SUJEITO.
SEM A IGREJA, O CRENTE ESTÁ SOZINHO CONSIGO MESMO, A LIDAR COM UM DEUS QUE SE
TORNA A PROJEÇÃO DOS SEUS DESEJOS, O BRINQUEDO DOS SEUS DIVERTIMENTOS, PRONTO
PARA SER QUEBRADO E DEITADO FORA LOGO QUE, AQUELE DEUS, CRIADO Á SUA IMAGEM, JÁ
NÃO RESPONDER ÁS SUAS PRÓPRIAS EXPECTATIVAS.
AS GRANDES IMAGENS
NEOTESTAMENTÁRIAS DA IGREJA – POVO DE DEUS, CORPO DE CRISTO, TEMPLO DO ESPÍRITO
SANTO,- RETOMADAS PELO VATICANO II E PELO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, DÃO-NOS
SUBSEQUENTES APROFUNDAMENTOS ACERCA DA NATUREZA DA IGREJA, COMO REALIDADE COMUNITÁRIAE,
PORTANTO, TAMBÉM COMO ORGANISMO VISÍVEL E COMO INSTITUIÇÃO HISTÓRICA, - E AO
MESMO TEMPO, COMO REALIDADE MISTÉRICA, NÃO PERTENCENTE ÁS POTÊNCIAS DESTE
MUNDO. ATRAVÉS DA FORMA DE UMA REALIDADE DESTE MUNDO – A IGREJA É UM POVO, É UM
CORPO, UM TEMPLO...NÃO É UMA ABSTRATA E INVISÍVEL, ELA REVELA A REALIDADE DO
MUNDO DE DEUS. NESTE SENTIDO, A IGREJA É DEFINIDA COMO UM SACRAMENTO, OU SEJA,
UMA REALIDADE VISÍVEL, QUE SE MANIFESTA NESTE MUNDO, MAS REVELADORA E PORTADORA
DE UMA REALIDADE INVISÍVEL, PERTENCENTE AO MUNDO DE DEUS, COMO REFERE UM BELO
TEXTO DA SACROSANCTUM CONCILIUM;- IGREJA,
QUE É SIMULTANEAMENTE HUMANA E DIVINA, VISÍVEL E DOTADA DE ELEMENTOS
INVISÍVEIS, EMPENHADA NA AÇÃO E DADA Á CONTEMPLAÇÃO, PRESENTE NO MUNDO E,
TODAVIA, PEREGRINA, MAS DE FORMA QUE O QUE NELA É HUMANO SE DEVE ORDENAR E
SUBORDINAR AO DIVINO, O VISÍVEL AO INVISÍVEL, A AÇÃO Á CONTEMPLAÇÃO, E O
PRESENTE Á CIDADE FUTURA QUE BUSCAMOS.
A IGREJA É CRIATURA DE
DEUS. NÃO É EM PRIMEIRO LUGAR POVO, MAS É ACIMA DE TUDO DE DEUS;- É UM POVO
ESCOLHIDO POR DEUS POR DEUS E É PROPRIEDADE DE DEUS. ISTO IMPLICA QUE PARA
COMPREENDER A NATUREZA DA IGREJA NÃO SE DEVE, EM PRIMEIRO LUGAR, ESTUDAR A
NATUREZA SOCIOLÓGICA DO POVO, PARA DEPOIS SE ACRESCENTAR EM APÊNDICE QUE SE
TRATA DE UM POVO PECULIAR NA MEDIDA EM QUE PERTENCE A DEUS. É EXATAMENTE O
CONTRÁRIO. A IGREJA É O SINAL DA PERTENÇA A DEUS. É CERTO, É UM TIPO DE
PERTENÇA QUE SE DÁ E SE VERIFICA NA FORMA DE UMA COMPANHIA QUE PODE SER
COMPARADA COM UM POVO. O CELEBÉRRIMO TEXTO DO CONCÍLIO DIZ;- ESTE POVO MESSIÂNICO TEM POR CABEÇA CRISTO,
POR CONDIÇÃO A DIGNIDADE E A LIBERDADE DOS FILHOS DE DEUS, A SUA LEI É O NOVO
MANDAMENTO, O DE AMAR, TEM POR FIM O REINO DE DEUS, AFIRMA EXATAMENTE ESTA
DIFERENÇA ENTRE A IGREJA E QUALQUER OUTRO MODELO MUNDANO. AS ANALOGIAS
HUMANAS DE SOCIEDADE E DE POVO, APESAR DE NECESSÁRIAS, SÃO, CONTUDO,
INADEQUADAS PARA TRADUZIR COMPLETAMENTE O MISTÉRIO DA IGREJA. COM EFEITO,
NENHUMA EXPERIÊNCIA HUMANA DE SOCIEDADE E DE POVO, MESMO QUE SIGNIFICATIVA,
PODE DIZER O QUE SIGNIFICA VIVER TENDO COMO CABEÇA E GUIA CRISTO, QUE AGORA
REINA GLORIOSO NO CÉU. ESTA É A TIPICIDADE DO POVO CRISTÃO;- UMA TIPICIDADE QUE
SE DERRAMA TAMBÉM NO PLANO DA REFORMA DA IGREJA, HOJE PARTICULARMENTE INVOCADA
POR GRUPOS CONSISTENTES DE FIÉIS. A REFORMA DA IGREJA NÃO CONSISTE TANTO OU
UNICAMENTE NA RENOVAÇÃO, APESAR DE NECESSÁRIA, DAS SUAS ESTRUTURAS, MAS
SOBRETUDO NA PURIFICAÇÃO DE TUDO O QUE NELA NÃO É AUTÊNTICO OU ESSENCIAL. A
IGREJA NÃO NASCE DA VONTADE DO HOMEM, NÃO VEIO DA VONTADE DOS SEUS MEMBROS O
FATO DE SE REUNIR, NÃO SE UNE POR MOTIVO DE AFINIDADES PSICOLÓGICAS OU
CULTURAIS. ELA NÃO É NEM SEQUER UM GRUPO DE PARTILHA DE PROGRAMAS
POLÍTICO-SOCIAIS OU DE MANIFESTOS IDEOLÓGICOS;- NEM SE REUNE POR HOMOGENEIDADES
RELIGIOSAS, CORRESPONDENTES ÁS NECESSIDADES MAIS PROFUNDAS DO ESPÍRITO HUMANO.
O POVO DE DEUS É REUNIDO POR DEUS. NASCE E CRESCE POR SUA VONTADE, É CONVOCADO
PELA SUA PALAVRA, NÃO PELAS NOSSAS, PELA SUA DECISÃO, NÃO PELAS NOSSAS. É
CONVOCADO PARA LOUVAR A DEUS, NÃO PARA SE LOUVAR A SI PRÓPRIO;- PARA SER
TESTEMUNHA DA SUA MENSAGEM, NÃO DAS NOSSAS. É CONVOCADO PARA SERVIR OS
INTERESSES DE DEUS, NÃO OS PRÓPRIOS, PARA MANTER ELEVADO NA HISTÓRIA HUMANA O
PESO DE DEUS, NÃO PARA SERVIR OS PODERES MUNDANOS. POR CONSEGUINTE, ESTE POVO É
COLOCADO Á PARTE PELO PRÓPRIO DEUS, DISTINTO E SEPARADO DE TODOS OS OUTROS
POVOS, NÃO PARA CIRCUNSCREVER EM SI PRÓPRIO A SALVAÇÃO DE DEUS, MAS PARA UMA
MISSÃO SALVÍFICA UNIVERSAL. ESTA DIFERENÇA, RELATIVAMENTE AOS OUTROS POVOS, NÃO
É VIVIDA EM TERMOS MUNDANOS DE PRIVILÉGIO OU DE ORGULHO, MAS EMTERMOS BÍBLICOS
DE TESTEMUNHO, DE SERVIÇI E DE MISSÃO.
UMA, SANTA, CATÓLICA E
APOSTÓLICA;- ESTES QUATRO ATRIBUTOS, INSEPARAVELMENTE LIGADOS ENTRE SI, INDICAM
TRAÇOS ESSENCIAIS DA IGREJA E DA SUA MISSÃO. A IGREJA NÃO OS CONFERE A SI
MESMA;- É CRISTO QUE, PELO ESPÍRITO SANTO, CONCEDE Á SUA IGREJA QUE SEJA UMA,
SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLOCA. TAMBÉM ESTAS CARACTERISTICAS, PRESENTES NO
SÍMBOLO DA FÉ, ATUALMENTE SÃO MUITAS VEZES LIDAS Á LUZ DO SEU CONTRÁRIO,
SEGUNDO A SENSIBILIDADE HODIERNA, MAIS ATENTA ÁS DIMENSÕES HISTÓRICAS DA
IGREJA;- A IGREJA É SANTA, MAS TAMBÉM É PECADORA;- É UMA, MAS APRESENTA-SE
DIVIDIDA;- É CATÓLICA, MAS É SEMPRE ATRAVESSADA POR TENTAÇÕES RETRÓGRADAS E
SECTÁRIAS;- É APOSTÓLICA, MAS O QUE É QUE SIGNIFICA PROPRIAMENTE APOSTOLICIDADE?
COMO AFIRMA O CATECISMO DA
IGREJA CATÓLICA, ESTES ATRIBUTOS SÃO CONFERIDOS Á IGREJA COMO DONS, NÃO PARA A
SUA GLÓRIA TERRENA, MAS PARA QUE O MUNDO CREIA E, ACREDITANDO, SE SALVE. É A
PRÓPRIA SALVAÇÃO DE DEUS A SOLICITAR QUE O SEU DESÍGNIO SEJA UNITÁRIO (DAÍ, A
UNIDADE);- QUE SEJA UM DESÍGNIO QUE TORNE VISÍVEL A NATUREZA ÍNTIMA DE DEUS
(DAÍ, A SANTIDADE) E ABRACE TODA A HISTÓRIA HUMANA E A TOTALIDADE DO COSMO
(DAÍ, A CATOLICIDADE);- E QUE ESSE DESÍGNIO PERMANEÇA ÍNTEGRO E VIVO Á
CONSUMAÇÃO DOS TEMPOS E SEJA IMUNE A EMPOBRECIMENTOS, FALSIFICAÇÕES, REDUÇÕES
SUBSTANCIAIS QUE POSSAM PREJUDICAR A DEFINITIVIDADE E O CARATER ABSOLUTO DA
NOVA ALIANÇA 9DAÍ, A APOSTOLICIDADE0.
CREIO NA SANTA IGREJA;- UM
POVO DE PECADORES REDIMIDOS;- COMEÇAMOS PELA SANTIDADE, QUER PORQUE O SÍMBOLO
DOS APÓSTOLOS A ENUMERA EM PRIMEIRO LUGAR, QUER PORQUE SE APRESENTA LOGO COMO O
AUTÊNTICO PARADOXO DA IGREJA. ANTES DE MAIS, DEVE COMPREENDER-SE O SIGNIFICADO
DE SANTIDADE NO MISTÉRIO DE DEUS. NÓS ESTAMOS DEMASIADO HABITUADOS, QUANDO
OUVIMOS FALAR DE SANTIDADE, A PENSAR NA PERFEIÇÃO ÉTICA, NA AUSÊNCIA DE
DEFEITOS, NAS VIRTUDES HEROICAS. A PARTIR DAQUI, TRANSFERIMOS PARA DEUS ESTAS
NOSSAS IDEIAS DE SANTIDADE, CONSIDERANDO-O O SUMAMENTE PERFEITO, O SUMAMENTE
VIRTUOSO. OS MAIS INGENUOS PODEM MESMO ATÉ IR MAIS LONGE. SANTIDADE SIGNIFICA
SEPARAÇÃO DA PROFANAÇÃO, ALTERIDADE, DIFERENÇA, TRANSCENDÊNCIA. NESTE SENTIDO,
DEUS É O INACESSÍVEL, É AQUELE QUE HABITA NOS CÉUS, É O TOTALMENTE OUTRO, É
AQUELE QUE SE DISTINGUE DO MUNDO COMO SAGRADO SE DISTINGUE DO PROFANO. MAS A
DIVERSIDADE DE DEUS, A SUA SEPARAÇÃO DO HOMEM E DO MUNDO, NÃO TEM A FINALIDADE
DE ALARGAR O FOSSO ENTRE ELE E NÓS. DEUS É SANTO, PORQUE AMA E SALVA ESTE
MUNDO, PORQUE DÁ AO MUNDO UMA SOBERANIA, UMA CONDUÇÃO, UMA COMUNHÃO QUE O MUNDO
NÃO PODE ABSOLUTAMENTE DAR-SE A SI PRÓPRIO.NO INÍCIO DO DECÁLOGO BÍBLICO
TORNA-SE CLARA ESTA CARACTERÍSTICA DE DEUS. EU SOU O SENHOR TEU DEUS, QUE TE TIROU DA TERRA DO EGITO, DA CASA DA
ESCRAVIDÃO.
JESUS É O SANTO DE DEUS,
PORQUE, ELE QUE TINHA A CONDIÇÃO DIVINA, MAS NÃO SE APEGOU Á SUA IGUALDADE COM
DEUS. PELO CONTRÁRIO, ESVAZIOU-SE A SI MESMO, ASSUMINDO A CONDIÇÃO DE SERVO. É
SOBRETUDO NA CRUZ QUE JESUS MOSTRA A SANTIDADE DE DEUS;- É AL QUE SE VÊ EM QUE
SENTIDO O DEUS TRINITÁRIO É SANTO, OU
SEJA, É OUTREM, PORQUE O FILHO SE SACRIFICOU ATÉ AQUELE PONTO PELA HUMANIDADE.
A ALTERIDADE DE DEUS ESTÁ DESTINADA A ALCANÇAR A REALIDADE DE UMA SUA COMUNHÃO
CONOSCO QUE O MUNDO NEM SEQUER PODIA SONHAR, E MUITO MENOS PRODUZIR. NESTE
SENTIDO, ACIMA DE TUDO, A IGREJA É SANTA. DI-LO O APÓSTOLO PEDRO;- VÓS, PORÉM, SOIS RAÇA ELEITA, SACERDÓCIO
RÉGIO, NAÇÃO SANTA;- O QUE SIGNIFICA SEPARADA, ESCOLHIDA POR DEUS, ELEITA
POR DEUS, ANALOGAMENTE AO POVO ANTIGO. MAS SANTA PORQUE? SOIS UM POVO ADQUIRIDO POR DEUS, PARA PROCLAMAR AS OBRAS MARAVILHOSAS
DAQUELE QUE VOS CHAMOU DAS TREVAS PARA A SUA LUZ MARAVILHOSA. ESTA REFLEXÃO
FAZ-NOS COMPREENDER TAMBÉM O PARADOXO DA SANTIDADE NA IGREJA, QUE ENGLOBA
PECADORES NO SEU SEIO. E DEVE SOLUCIONAR, DE UMA VEZ POR TODAS, O INCÓMODO QUE
TODOS EXPERIMENTAMOS QUANDO CONFESSAMOS QUE A IGREJA É SANTA. O INCÓMODO É
FORTE, SE COLOCADO PERANTE UMA CONCEÇÃO ÉTICA DA SANTIDADE. COM EFEITO, OS
SÉCULOS DE HISTÓRIA DA IGREJA ESTÃO DE TAL MODO CHEIOS DE CULPAS HUMANAS DE
TODOS OS TIPOS QUE É BEM COMPREENSÍVEL A ATERRADORA VISÃO DE DANTE, QUE VIU
SENTADA NO CARROTRIUNFAL DA IGREJA A GRANDE MERETRIZ DA BABILÓNIA. E OS PADRES
DA IGREJA, QUANDO FALAVAM DA SANTIDADE DA IGREJA, USAVAM MESMO EXPRESSÕES
OUSADAS, COMO A DA CASTA MERETRIX.
A IGREJA É UMA CASTA MERETRIX.
MAS O ADJETIVO CASTO, SANTO, APLICADO Á IGREJA, NÃO PRETENDE EM PRIMEIRO LUGAR
INDICAR A SANTIDADE MORAL DOS SEUS MEMBROS;- NEM SEQUER PRETENDE INDICAR, EM
PRIMEIRO LUGAR, OS SANTOS, AOS QUAIS É PUBLICAMENTE E COMUNITARIAMENTE
RECONHECIDA UMA RESPOSTA EXEMPLAR, COM FREQUÊNCIA HEROICA, Á GRAÇA DE DEUS. É
CERTO, A IGREJA É SANTA POR ESTES FRUTOS DE RESPOSTA EXEMPLAR QUE AO LONGO DA
HISTÓRIA O ESPÍRITO CONTINUA A SUSCITAR. MAS A IGREJA É CONFESSADA COMO SANTA,
MESMO NO MEIO DA PECAMINOSIDADE. ESTE É O PARADOXO. O SONHO PIEDOSO DE UMA
IGREJA FEITA DE PUROS, DE HERÓIS, DE GENTE VIRTUOSA, DE VEZ EM QUANDO REAPARECE
NA HISTÓRIA. A IGREJA É SANTA, PORQUE É SINAL DA FIDELIDADE OBSTINADA DE DEUS Á
NOVA ALIANÇA QUE NA PÁSCOA DE CRISTO FOI DEFINITIVAMENTE ENTREGUE Á HUMANIDADE.
A IGREJA É SANTA, PORQUE É EXPRESSÃO DO AMOR DE DEUS QUE NÃO SE DEIXA VENCER
PELA INCAPACIDADE HUMANA. E É PRECISAMENTE POR CAUSA DESTA DEDICAÇÃO, QUE JÁ
NÃO PODE VOLTAR ATRÁS, DE DEUS EM JESUS, QUE A IGREJA PERMANECE PARA SEMPRE O
SEU POVO, A SUA COMUNIDADE, CHAMADA A TORNAR PRESENTE PARA O MUNDO INTEIRO A
SANTIDADE DE DEUS, NÃO A NOSSA. ESTA É A FIGURA PARADOXAL DA IGREJA, QUE MOSTRA
A GLÓRIA DE DEUS NA VERGONHA DO HOMEM.
E PRECISAMENTE NESTA
ESTRUTURA DE SANTIDADE E DE PECADO, SIMULTANEAMENTE SANTA E SEMPRE NECESSITADA
DE PURIFICAÇÃO, A IGREJA TORNA-SE A CONFIGURAÇÃO CONCRETA QUE ASSUME A GRAÇA DE
DEUS NO MUNDO;- A SUA GRAÇA É SEMPRE GRAÇA DE MISERICÓRDIA, DE ACOLHIMENTO, DE
PERDÃO. ESTA GRAÇA, NÓS VEMO-LA EM AÇÃO EM JESUS, NO SEU MODO DE SE COMPORTAR E
DE SE RELACIONAR, NA SUA PALAVRA E NOS SEUS GESTOS DE PODER. A SANTIDADE DE
JESUS NÃO É A SANTIDADE DE ALGUÉM QUE SE PÔE Á PARTE DO MUNDO DOS PECADORES,
NÃO É A SANTIDADE DE QUEM VEM PARA O MEIO DE NÓS SEM SUJAR AS MÃOS. TALVEZ NÓS
AMÁSSEMOS VER A SANTIDADE DESTA FORMA, COMO AFASTAMENTO ABSOLUTO DA SUJIDADE DA
NOSSA CONDIÇÃO DE VIDA. E UMA CERTA HAGIOGRAFIA APRESENTOU, COM FREQUÊNCIA,
DESTE MODO A SANTIDADE CRISTÃ. A SANTIDADE DE DEUS, QUE VEMOS EM JESUS,
MANIFESTA-SE PRECISAMENTE NA CONVIVIALIDADE INTENCIONAL DE JESUS COM OS
PECADORES. TODAS AS VEZES QUE NOS ESCANDALIZAMOS COM A IGREJA PORQUE É
PECADORA, QUERENDO-A MAIS COERENTE, MAIS FIÉL, MAIS SANTA, CORREMOS O RISCO DE
FICAR PARADOS NUMA CONCEÇÃO ÉTICA DA SANTIDADE, COMO SE ESTA FOSSE APENAS O
RESULTADO DE ESFORÇOS HUMANOS HEROICOS.
A SANTIDADE DA IGREJA É,
ACIMA DE TUDO, A SANTIDADE DOS PERDOADOS DOS SALVOS POR PURA GRAÇA. DOS SALVOS
POR PURA GRAÇA. É CERTO, A SANTIDADE É TAMBÉM UMA TAREFA, UMA VOCAÇÃO, UMA
RESPOSTA A DEUS. MAS A SATIDADE DO CRISTÃO É CHAMADA A SER, PRECISAMENTE,
CRISTÃ, E NÃO OUTRA COISA. NÃO SE TRATA DE UMA SIMPLES PERFEIÇÃO ÉTICA, NEM UM
PURO CULTIVO DA RESPECTIVA INTERIORIDADE, TALVEZ DE UM MODO ASCÉTICO ATÉ MUITO
EMPENHADO, QUE CRIA, CONTUDO, DE UMA FORMA FARISAICA, UMA DISTÂNCIA NA RELAÇÃO
COM OS OUTROS. A SANTIDADE MORAL IMPERFEITA DOS MEMBROS DA IGREJA ENCERRA UMA
MENSAGEM CONSOLADORA, PORQUE SERIA DE TEMER UMA IGREJA FEITA DE HERÓIS, DE
PUROS, DE VIRTUOSOS. SERIA, NO FUNDO, UMA IGREJA MUITO TRISTE, PORQUE SERIA
INCAPAZ DE ACOLHER DEUS COMO MISERICÓRDIA E, POR CONSEGUINTE, INCAPAZ DE
CONVIVER COM O MUNDO DOS PECADORES, OU SEJA, COM O MUNDODOS HOMENS E MULHERES
DESTE MUNDO, QUE TODOS CONHECEMOS, QUE TODOS SOMOS. NO FUNDO, É CONSOLADOR,- DISSE BENTO XVI AOS JOVENS REUNIDOS EM
COLÓNIA, NA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE, EM 20 DE AGÕSTO DE 2005- O FATO
DE EXISTIR A ERVA DANINHA NA IGREJA. ASSIM, COM TODOS OS NOSSOS DEFEITOS
PODEMOS CONTUDO TER A ESPERANÇA DE NOS ENCONTRARMOS AINDA NO SEGUIMENTO DE
JESUS, QUE CHAMOU PRECISAMENTE OS PECADORES.
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