BATISMO
E EUCARISTIA;- SE A IGREJA É O SACRAMENTO FUNDAMENTAL DA
SALVAÇÃO OU, POR OUTRAS PALAVRAS, O SINAL INDESTRUTÍVEL E PERMANENTE DA
PRESENÇA DE CRISTO NO MUNDO, ENTÃO PODEMOS COMPREENDER OS SACRAMENTOS COMO
SINAIS EFICAZES DA GRAÇA DE DEUS, DADOS PELA IGREJA EM ALGUMAS SITUAÇÕES
DECISIVAS DA VIDA PESSOAL E COMUNITÁRIA E LIVREMENTE ACOLHIDOS PELO CRENTE
INDIVIDUAL. A DÁDIVA A CADA UM DA SALVAÇÃO DE CRISTO POR PARTE DA IGREJA E O
SEU LIVRE ACOLHIMENTO EXPLICAM A RAZÃO DE SEREM AQUELES OS GESTOS QUE A
TRADIÇÃO CRISTÃ CHAMOU SACRAMENTOS.
NO SÍMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO FAZ-SE REFERÊNCIA AO BATISMO DADO PARA
REMISSÃO DOS PECADOS. A AFIRMAÇÃO DO SÍMBOLO COLOCA NO CENTRO O BATISMO COMO O
GRANDE SACRAMENTO DO RENASCIMENTO QUE OPERA A REMISSÃO DOS PECADOS, COMO NO
MOMENTO DA VIRAGEM TRANSFORMADORA. NÓS
NÃO NASCEMOS CRISTÃOS, MAS FAZEMO-NOS CRISTÃOS;- A CÉLEBRE EXPRESSÃO DE
TERTULIANO;- FAZ EMERGIR O FATO DE QUE NÃO NOS TORNAMOS CRISTÃOS PELO
NASCIMENTO, MAS APENAS PELO RENASCIMENTO. A VIDA CRISTÃ É SEMPRE O RESULTADO
DE UMA VIRAGEM NA EXISTÊNCIA HUMANA QUE SE AFASTA DA AUTOSSATISFAÇÃO DA VIDA
DESATENTA PARA SE CONVERTER. NESSE SENTIDO, O BATISMO CONTINUA A SER O INÍCIO
DE UMA CONVERSÃO QUE SE ESTENDE PELA VIDA FORA, SENDO O SINAL BÁSICO DA
EXISTÊNCIA CRISTÃ. NESTE SENTIDO, COMPREENDE-SE A RAZÃO PELA QUAL O BATISMO, AO
CONTRÁRIO DOS OUTROS SACRAMENTOS, SER REFERIDO EXPLICITAMENTE NO SÍMBOLO;- COM
EFEITO, SÓ MEDIANTE O BATISMO SE PODE RENASCER PARA UMA VIDA NOVA DO REINO DE
DEUS, PORQUE SE ENTRA NO DINAMISMO DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO. O BATISMO
TORNA EVIDENTE QUE A VIDA CRISTÃ NÃO PODE SER O PRODUTO DE UM ESFORÇO ASCÉTICO,
DE UMA RIGOROSA OBSERVÃNCIA MORAL, DE UM PENOSO CAMINHO INTELECTUAL. A
RENOVAÇÃO PROFUNDA DO HOMEM NÃO PODE VIR DA CARNE NEM DO SANGUE, NÃO VEM DAS
FORÇAS NATURAIS, MAS SÓ PODE SER UM DOM, LIVREMENTE ACOLHIDO, QUE VEM DO PAI
QUE ESTÁ NO CÉUS.
ESTÁ AQUI, PRECISAMENTE, A
REVOLUÇÃO CRISTÃ;- EM RENUNCIAR A QUALQUER FORMA DE AUTORREDENÇÃO, MAS ACOLHER
E ABANDONAR-SE ÁQUELE QUE É O REDENTOR. TODAS AS REVOLUÇÕES HUMANAS, SOBRETUDO
AS MAIS SIGNIFICATIVAS E FECUNDAS, FORAM A TENTATIVA DE DAR REDENÇÃO AOS NÃO
REDIMIDOS, LIBERDADE AOS OPRIMIDOS, PÃO AOS ESFOMEADOS, JUSTIÇA AOS INDEFESOS,
FELICIDADE AOS TRISTES E AOS FALHADOS... SE A LUTA CONTRA O SOFRIMENTO E A
INJUSTIÇA É UM IDEAL ABSOLUTAMENTE HUMANO E CRISTÃO, É A IDEIA DE SE PODER
CRIAR UM MUNDO MAIS JUSTO E MAIS BELO UNICAMENTE A PARTIR DAS FORÇAS HUMANAS (SOCIAIS, POLÍTICAS, CIENTÍFICAS,
TECNOLÓGICAS...) QUE CONSTITUI NA VERDADE UMA UTOPIA E, CONSEQUENTEMENTE, UMA
ILUSÃO, QUE BEM CEDO SE TRANSFORMA EM DESILUSÃO. SÓ A ABERTURA AOS DONS QUE VÊM
DO ALTO, E QUE NUNCA PODERÃO SER UM PRODUTO NOSSO – SEMPRE CORROMPIDO E
CORRUPTÍVEL PELO EGOÍSMO E PELO PECADO, COMO ENSINA A HISTÓRIA PESSOAL E SOCIAL
– PODE DAR A VERDADEIRA FELICIDADE E A VERDADEIRA LIBERDADE. O BATISMO REVELA
QUE A VIDA CRISTÃ CONSISTE NA PRIMAZIA DA RECEÇÃO SOBRE A AÇÃO;- O SER HUMANO
NÃO CHEGA VERDADEIRAMENTE A SI PRÓPRIO POR MEIO DAQUILO QUE FAZ, MAS SIM POR
MEIO DAQUILO QUE RECEBE. ELE PRECISA AGUARDAR O DOM DO AMOR, POIS O AMOR SÓ
PODE SER RECEBIDO COMO DOM. NO FUNDO, TRATA-SE DE RETOMAR A LUTA DECLARADA
POR SÃO PAULO Á JUSTIÇA BASEADA NAS OBRAS, UMA LUTA QUE LEVARÁ O APÓSTOLO A
DECLARAR QUE A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO ESTÁ NA GRAÇA, NO DOM ABSOLUTAMENTE
IMERECIDO QUE DEUS FEZ DE SI PRÓPRIO ENTREGANDO O SEU PRÓPRIO FILHO A ESTA
NINHADA DE REBELDES E DE PECADORES QUE SOMOS NÓS.
O SÍMBOLO CHAMADO DOS
APÓSTOLOS ENUMERA, ENTRE OS ARTIGOS FINAIS, A COMUNHÃO DOS SANTOS. AQUI PODE
VISLUMBRAR-SE UMA ALUSÃO Á EUCARISTIA, QUE É O SACRAMENTO DA UNIDADE DA IGREJA.
COM EFEITO, A IGREJA NÃO É DEFINIDA COM BASE NA SUA ORGANIZAÇÃO, MAS POR FORÇA
DA SUA COMUNHÃO CONVIVIAL COM O SENHOR RESSUSCITADO, QUE A REÚNE Á SUA VOLTA EM
CADA LUGAR DA TERRA E EM CADA MOMENTO DA HISTÓRIA. PARTICIPAR NO SACRIFÍCIO NÃO
PODE SER REDUZIDO A UMA ESPÉCIE DE COMUNHÃO SOMENTE PRIVADA E INDIVIDUAL COM O
SENHOR, MAS É UM SER INCORPORADO NO CORPO MÍSTICO DE CRISTO, NA MEDIDA EM QUE O
SALVADOR DEIXOU Á SUA IGREJA O SEU CORPO REAL COMO SACRAMENTO DA COMMUNIO SANCTORUM ATRAVÉS DO QUAL ELE
QUIS QUE TODOS OS SEUS DISCÍPULOS FOSSEM E SE SOUBESSEM UNIDOS UNS COM OS
OUTROS. ESTE É O MOTIVO PELO QUAL, NUNCA COMO NA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA, A
IGREJA APARECE NA SUA FORMA MAIS INTENSA, REVELADORA DA SUA COMPLETA
IDENTIDADE. A SUA SEPARAÇÃO-DIVERSIDADE DO MUNDO E, AO MESMO TEMPO, O SEU
TESTEMUNHO E A SUA MISSÃO PARA O MUNDO;- A SUA ESTRUTURA
HIERÁRQUICO-MINISTERIAL;- O ANÚNCIO DA
PALAVRA QUE SALVA;- A SUA UNIDADE INTERIOR E VISÍVEL;- A SUA DISPONIBILIDADE AO
SERVIÇO DE DEUS;- A SUA ESPERA DO REINO QUE VEM. DESTE MODO, A CONVERSÃO
BATISMAL E O BANQUETE EUCARÍSTICO LEVAM A UMA CONCEÇÃO TOTALMENTE TEOCÊNTRICA
DA IGREJA;- EM PRIMEIRO PLANO NÃO ESTÁ O FATO DE ELA SER UM AJUNTAMENTO DE
PESSOAS, MAS O DE CONSTITUIR O DOM DE DEUS QUE FAZ COM QUE O HOMEM SE VIRE NA
DIREÇÃO DE UM NOVO SER QUE ELE NÃO PODE DAR A SI MESMO, E NA DIREÇÃO DE UMA
COMUNIDADE QUE SÓ PODE RECEBER DOAÇÃO.
CREIO
NA RESSURREIÇÃO DA CARNE E NA VIDA ETERNA;- O ÚLTIMO ARTIGO DO
SÍMBOLO REFERE-SE Á RESSURREIÇÃO DA CARNE E Á VIDA ETERNA. TRATA-SE DO
CUMPRIMENTO DE TODA A OBRA SALVÍFICA DE DEUS, SEM A QUAL ESSA OBRA FICARIA
TRUNCADA E PRIVADA DE SENTIDO. DE FATO, O ACONTECIMENTO HUMANO E CÓSMICO SE
PRECIPITASSE NO ABISMO DA ESCURIDÃO E DA MORTE, QUE SENTIDO TERIAM AS OUTRAS
VERDADES DA FÉ, OU SEJA, A CRIAÇÃO, A ENCARNAÇÃO DO VERBO, A SUA MORTE E
RESSURREIÇÃO, O ESPÍRITO SANTO, A IGREJA E OS SACRAMENTOS? ENTÃO, TRATA-SE DE
COMPREENDER A PROFUNDA UNIDADE DO SÍMBOLO DA FÉ, QUE, POR SUA VEZ, REVELA A
UNIDADE DO DESÍGNIO DE DEUS, QUE QUIS NA SUA BONDADE E SABEDORIA TORNAR A
HUMANIDADE PARTICIPANTE DA SUA NATUREZA DIVINA. ESTÁ AQUI O FUNDAMENTO DA
RESSURREIÇÃO DE TODA A CARNE. ANTES DE PENSAR NAS MODALIDADES COMO ISTO PODE
ACONTECER, É ESSENCIAL COMPREENDER QUE CADA SER HUMANO, NA MEDIDA EM QUE É
CRIADO E AMADO POR DEUS, JÁ NÃO É UM PRISIONEIRO DA MORTE ETERNA, MAS ESTÁ
DESTINADO A UMA VIDA NOVA. E ESSA VIDA NOVA NÃO PODE SER SENÃO UM DOM DE DEUS.
CONTUDO, É UM DOM QUE ENCONTRA UMA ESTRUTURA DE ESPERA E ACOLHIMENTO EM CADA
HOMEM, NÃO SÓ NO CRISTÃO QUE EXPLICITAMENTE PROFESSA A SUA FÉ EM DEUS E NA VIDA
ETERNA, MAS EM CADA HOMEM QUE PROTESTA CONTRA A FINITUDE TERRENA, PORQUE
SENTE-SE ILIMITADA NOS SEUS DESEJOS, E CHAMADO A UMA VIDA SUPERIOR.
AS AFIRMAÇÕES BÍBLICAS
SOBRE O ALÉM E SOBRE O FUTURO DO HOMEM SÃO MÚLTIPLAS, MAS PRECISAM DE UMA
HERMENÊUTICA CORRETA – QUE AQUI NÃO É POSSÍVEL EXPLICITAR – PARA EVITAR
INTERPRETAR ESSAS AFIRMAÇÕES COMO DESCRIÇÕES ANTECIPADAS DE UM FUTURO AINDA
AUSENTE. O ANTIGO TESTAMENTO AMADURECE PROGRESSIVAMENTE A FÉ NA RESSURREIÇÃO
DOS MORTOS. SERÁ SOBRETUDO NA ÉPOCA DOS MACABEUS QUE SE CONSOLIDA A IDEIA DE
UMA RETRIBUIÇÃO DEPOIS DA MORTE PARA OS QUE DERAM A VIDA PARA DEFENDER AS LEIS
DE DEUS E PARA DEFENDER O POVO JUDAICO DO PERIGO DE UMA HELENIZAÇÃO DA JUDEIA.
NÃO HAVIA UMA IDEIA MUITO CLARA DE RESSURREIÇÃO;- AFIRMAVA-SE SIMPLESMENTE QUE,
AQUELES QUE TINHAM SIDO FIÉIS A DEUS, QUANDO DEUS TOMAR DEFINITIVAMENTE NA SUA
MÃO O DESTINO DO MUNDO, SERÃO RESSUSCITADOS. CONTUDO, QUANDO SE TRATAVA DE
EXPLICAR O MODO COMO RESSUSCITAVAM OS MORTOS, AS OPINIÕES DIVERGIAM. OS MODELOS
COM QUE SE PENSAVA A RESSURREIÇÃO ERAM FUNDAMENTALMENTE TRÊS;- OS CORPOS RESSUSCITAM;- OS MORTOS SÃO
ARREBATADOS AO CÉU;- AS ALMAS DOS DEFUNTOS ESTÃO NA BEM-AVENTURANÇA. NO
FUNDO, O ELEMENTO SUBSTANCIAL DA FÉ ERA ESTE;- DEUS NÃO SE PODE ESQUECER
DAQUELE QUE LHE FORAM FIÉIS NO COMBATE, OS MÁRTIRES. EM SEGUIDA, A IDEIA
ESTENDEU-SE A TODOS AQUELES QUE FORAM FIÉIS A DEUS NAS PROVAÇÕES DA VIDA. DEUS,
QUE É O SENHOR E DÁ A VIDA, NÃO ABANDONA OS SEUS FIÉIS NA MORTE, DESPERTA-OS,
VOLTA A PÔ-LOS DE PÉ (É O MODELO DA RESSURREIÇÃO), CHAMA-OS DE TODO O
CONHECIMENTO E ALEGRIA(É O MODELO DA ALMA BEM-AVENTURADA).
O CRISTIANISMO PRIVILEGIARÁ
O PRIMEIRO MODELO, O DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS. MAS A NOVIDADE DO CRISTIANISMO
É OUTRA. ENQUANTO O JUDAÍSMO, QUANDO FALA DE RESSURREIÇÃO, DE ARREBATAMENTO E
DA BEM-AVENTURANÇA DA ALMA ESPERA QUE TUDO ISTO ACONTEÇA QUANDO DEUS ENCERRAR A
CENA DA HISTÓRIA, OS CRISTÃOS AFIRMAM QUE EM JESUS JÁ ACONTECEU A ANTECIPAÇÃO
DA VENTURA GLORIOSA. AQUELE JESUS QUE FOI MORTO E CRUCIFICADO, DEUS JÁ O
RESSUSCITOU E O LEVOU PARA O CÉU CONSIGO, FAZENDO-O SENTAR Á SUA DIREITA. OS
DOIS MODELOS DE RESSURREIÇÃO-ARREBATAMENTO ESTÃO FUNDIDOS NO MODELO TIPICAMENTE
CRISTÃO DA RESSURREIÇÃO-EXALTAÇÃO. DEUS JÁ DESPERTOU JESUS, O QUAL RECEBE NÃO
SÓ O DOM DA VIDA NOVA, MAS TAMBÉM RECEBE A SENHORIA UNIVERSAL;- NÃO É SÓ ARREBATADO
AO CÉU, MAS É EXALTADO. E FOI CRIADA UMA EXPRESSÃO NOVA, QUE NÃO EXISTIA NA
CULTURA JUDAICA;- AINDA NÃO ACONTECEU A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, MAS JESUS JÁ RESSUSCITOU DOS
MORTOS, COMO PRIMEIRO FRUTO DOS QUE
MORRERAM.
SE A PRIMEIRA NOVIDADE DO
CRISTIANISMO, NO QUE SE REFERE AO JUDAÍSMO, É QUE EM JESUS HÁ ALGUÉM QUE JÁ
ANTECIPOU A GLÓRIA FUTURA, ESTA É A CONSEQUÊNCIA;- A RESSURREIÇÃO DE JESUS DOS MORTOS TORNA-SE TAMBÉM A ANTECIPAÇÃO REAL
DA RESSURREIÇÃO DAQUELES QUE ESTIVERAM UNIDOS A CRISTO. OU SEJA, O DESTINO DE
TODOS OS DISCÍPULOS DE JESUS ESTÁ CRISTOLOGICAMENTE DETERMINADO. AQUELES
QUE POR MEIO DO BATISMO E DA FÉ SÃO DE CRISTO, PARTICIPARÃO TAMBÉM DA PLENITUDE
DE CRISTO, NO SENTIDO QUE PERMANECERÃO SEMPRE SEUS, NÃO LHE SERÃO SUBTRAÍDOS.
TUDO O QUE CRISTO RECEBEU DE DEUS É PARTICIPADO POR ELES. A RESSURREIÇÃO E A
GLÓRIA PASSAM NUM CERTO SENTIDO PARA OS CRISTÃOS, NÃO POR UMA AÇÃO DIRETA DE
DEUS SOBRE OS CRISTÃOS, MAS ATRAVÉS E GRAÇAS Á SUA MISSÃO E UNIÃO COM CRISTO. O
DISCURSO SOBRE A RESSURREIÇÃO DOS CRISTÃOS É, ANTES DE MAIS, UM LOGOS SOBRE
CRISTO. ESTA É A TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DO DESTINO DOS CRISTÃOS;- É
A EXTENSÃO AOS CRENTES DO MESMO DESTINO DE CRISTO, POR FORÇA DA UNIÃO QUE A
CONVERSÃO CRISTÃ, JUNTAMENTE COM OS SACRAMENTOS DA FÉ ( EM PRIMEIRO LUGAR O
BATISMO E A EUCARISTIA)CONSTITUIU ENTRE CRISTO E OS CRISTÃOS. O DISCURSO
CRISTÃO SOBRE AS REALIDADES ÚLTIMAS NÃO É TANTO UM DISCURSO SOBRE O ALÉM, MAS
LEVAR ÁS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS O FATO DE QUE A NOSSA UNIÃO COM CRISTO É UMA
UNIÃO REAL, INDISSOLÚVEL E, CONSEQUENTEMENTE, INDESTRUTÍVEL, QUE NEM SEQUER A
MORTE PODE ESMAGAR. NÃO É SIMPLESMENTE UMA UNIÃO MORAL BASEADA NA NOSSA BOA
VONTADE EM ESTARMOS UNIDOS A ELE, MAS É UMA UNIÃO SACRAMENTAL BASEADA NA
VONTADE SALVÍFICA – LIVREMENTE ACOLHIDA PELOS DISCÍPULOS – A QUAL É IRREVOGÁVEL
E INFALIVELMENTE EFICAZ. SURGE A QUESTÃO= A IMORTALIDADE É UM DOM DA GRAÇA QUE
VALE SÓ PARA OS DISCÍPULOS DE CRISTO OU TEM QUE VER COM A ESSÊNCIA DO HOMEM
ENQUANTO TAL? A RESPOSTA ESTÁ NO FATO DE QUE DEUS EM CRISTO QUER SALVAR TODO O
HOMEM. ASSIM, CADA HOMEM, NA MEDIDA EM QUE É INTERLOCUTOR DE DEUS E, POR
CONSEGUINTE, ABERTO Á TRANSCENDÊNCIA, NÃO PODE NÃO SE CRUZAR COM A DÁDIVA
SALVÍFICA DE CRISTO, O QUAL, UMA VEZ LEVANTADO NA ÁRVORE DA CRUZ, ATRAI TODOS A
SI.
O CONTEÚDO ESSENCIAL DO
ANÚNCIO BÍBLICO DA RESSURREIÇÃO NÃO SE TRATA TANTO DA IDEIA DE UMA RESTITUIÇÃO
DOS CORPOS ÁS ALMAS, SEGUNDO UMA VISÃO DUALISTA DA PESSOA, TOTALMENTE ESTRANHA
AO MUNDO E Á LINGUAGEM BÍBLICA;- MAS TRATA-SE SOBRETUDO, DA IDEIA DE QUE O ESSENCIAL
DO HOMEM PERMANECE. A QUETÃO DO MODO DA RESSURREIÇÃO JÁ TINHA SIDO POSTA A SÃO
PAULO PELOS CRISTÃOS DE CORINTO;- COMO É
QUE OS MORTOS RESSUSCINTAM? COM QUE CORPO VOLTARAM? A RESPOSTA DE PAULO É
LAPIDAR;- INSENSATO! SÃO PAULO NÃO FALA
DA RESSURREIÇÃO DOS CORPOS, MAS SIM DA DAS PESSOAS, UM FENÓMENO QUE NÃO SE DÁ
NO RETORNO DOS CORPOS DE CARNE, ISTO É, DOS ORGANISMOS BIOLÓGICOS, FATO QUE ELE
QUALIFICA EXPRESSAMENTE DE IMPOSSÍVEL ( NEM A CORRUPÇÃO HERDARÁ A
INCORRUPTIBILIDADE) E SIM NO OUTRO MODO DE SER DA VIDA DA RESSURREIÇÃO,
CONFORME VEMOS NO EXEMPLO DO SENHOR RESSUSCITADO.
O QUE SIGNIFICA CAIR NUMA
ESPÉCIE DE ESPIRITUALIZAÇÃO DA RESSURREIÇÃO, NA MEDIDA EM QUE ESTA NÃO PODE
ENVOLVER TAMBÉM A MATÉRIA E NÃO PODE NÃO INTERESSAR A TODO O COSMO. O PROBLEMA
ESTÁ EM COMPREENDER EM PROFUNDIDADE A PECULIARIDADE DA PESSOA HUMANA, SEGUNDO A
QUAL O CORPO HUMANO, PARA LÁ DO QUE É PARA O BIÓLOGO, O FISIÓLOGO OU O QUÍMICO,
É ENTENDIDO TEOLOGICAMENTE COMO O INSTRUMENTO NECESSÁRIO PARA ESTAR EM RELAÇÃO
COM O MUNDO, COM OS OUTROS E COM DEUS. É O PRÓPRIO PAULO QUE ARGUMENTA NA SUA
RESPOSTA AOS CORÍNTIOS;- COMO É QUE
EXISTEM CORPOS QUE PERMANECEM IDÊNTICOS NA PROFUNDIDADE DO SEU SER, APESAR DE
SEREM MUITO DIFERENTES NA SUA MANIFESTAÇÃO EXTERIOR, ASSIM TAMBÉM SERÁ A NOSSA
RESSURREIÇÃO. ELA É UM MISTÉRIO DE IDENTIDADE NO SEU NÚCLEO ESSENCIAL, COMO
TAMBÉM NA SUA MAIS COMPLETA DIVERSIFICAÇÃO EXTERIOR, TAL VOMO ACONTECE
ANALOGAMENTE NA RELAÇÃO ENTRE A SEMENTE E A PLANTA. RESSUSCITADOS, SEREMOS
AINDA NÓS PRÓPRIOS ( A SEMENTE ) MAS
SEREMOS TAMBÉM O DESENVOLVIMENTO DE NÓS PRÓPRIOS ( A PLANTA).
NO FUNDO, A RESPOSTA MAIS
CONVINCENTE ACERCA DA REALIDADE DA VIDA NOVA DA RESSURREIÇÃO É DADA PELO
PRÓPRIO CRISTO RESSUSCITADO. AS NARRAÇÕES DAS APARIÇÕES DO SENHOR RESSUSCITADO,
NA SUA RIQUEZA E TAMBÉM NA SUA COMPLEXIDADE INTERPRETATIVA, PERMITEM-NOS DIZER
QUE, POR UM LADO, CRISTO RESSUSCITOU NÃO É SIMPLESMENTE ALGUÉM QUE VOLTOU Á
VIDA BIOLÓGICA ANTERIOR (COMO, PELO CONTRÁRIO, ACONTECEU COM LÁZARO E COM OS
OUTROS MORTOS RESSUSCITADOS POR CRISTO) E, POR OUTRO, QUE JESUS RESSUSCITADO
NÃO É NEM SEQUER UM FANTASMA, UM PURO ESPÍRITO. AO INVÉS, ELE DEIXA-SE TOCAR
POR TOMÉ E COME COM OS DISCÍPULOS. DIZ BEM BENTO XVI NO SEU LIVRO, JESUS DE
NAZARÉ;- O RESSUSCITADO É PLENAMENTE
CORPÓREO;- E TODAVIA NÃO ESTÁ LIGADO ÁS LEIS DA CORPOREIDADE, ÁS LEIS DO ESPAÇO
E DO TEMPO. NESTA DIALÉTICA SURPREENDENTE ENTRE IDENTIDADE E ALTERIDADE,
ENTRE VERDADEIRA CORPOREIDADE E LIBERDADE EM RELAÇÃO AOS VÍNCULOS DO CORPO,
MANIFESTA-SE A ESSÊNCIA PECULIAR, MISTERIOSA DA NOVA EXISTÊNCIA DO
RESSUSCITADO. COM EFEITO, SÃO VÁLIDAS AS DUAS COISAS;- ELE É O MESMO, OU SEJA, HOMEM EM CARNE E OSSO, E ELE É TAMBÉM O NOVO,
AQUELE QUE ENTROU NUM GENERO DIVERSO DA EXISTÊNCIA.
UM ÚLTIMO ASPECTO TEM QUE
VER COM A TEMÁTICA DO JUÍZO DE DEUS NO FINAL DA NOSSA VIDA PESSOAL E NO FINAL
DA HISTÓRIA HUMANA E CÓSMICA. O JUÍZO DE DEUS É INTERPRETADO DE DIVERSAS
FORMAS, OSCILANDO ENTRE DUAS TESES RADICAIS QUE SE OPÕEM DIALETICAMENTE E
PODERÍAMOS FAZER REMONTAR AMBAS AO NOVO TESTAMENTO. POR UM LADO, FAZ-SE
COINCIDIR O JUÍZO COM A GRAÇA SUPERABUNDANTE DE DEUS A PONTO DE TORNAR
IRRELEVANTE O COMPORTAMENTO ÉTICO DO HOMEM, QUE DE ALGUMA FORMA SERIA SANADO
POR ESSA GRAÇA, PRESCINDINDO DA SUA LIBERDADE E DA SUA RESPONSABILIDADE. ESTA
POSIÇÃO ACABA NÃO SÓ COM A DESRESPONSABILIZAÇÃO DO HOMEM, MAS LANÇA UMA SOMBRA
SOBRE O PRÓPRIO DEUS, MELHOR, CONSTITUI UMA CARICATURA DE DEUS, O QUAL PORIA NO
MESMO PLANO QUEM FAZ O BEM E QUEM FAZ O MAL;- OS CARRASCOS – A MENOS QUE SE ARREPENDAM – NÃO PODEM SER TRATADOS, NO
FIM, DO MESMO MODO QUA AS VÍTIMAS. ISTO NÃO FARIA JUSTIÇA AO JUIZO DE DEUS QUE,
SE TOMARMOS A PASSAGEM DE MATEUS, SEPARA
OS ABENÇOADOS, OU SEJA, AQUELES QUE FIZERAM O BEM, DOS MALDITOS, OU SEJA,
AQUELES QUE FIZERAM O MAL. POR OUTRO LADO, INSISTE-SE DE TAL FORMA SOBRE O
FATO DE QUE OS HOMENS SERÃO JULGADOS COM BASE NAS SUAS OBRAS, QUE PODERÍAMOS
CHEGAR A ESVAZIAR A TEOLOGIA DA GRAÇA PONDO EM PRIMEIRO PLANO, ERRONEAMENTE,
UMA TEOLOGIA DO MÉRITO;- O QUE INDUZ A UM MORALISMO QUE OUTRA COISA NÃO É SENÃO
UMA ESPÉCIE DE AUTORREDENÇÃO, QUE TORNA IRRELEVANTE O SACRÍFICIO REDENTOR DE CRISTO.
POR UM LADO, ESTÁ O AMOR INFINITO DE DEUS, A SUA GRAÇA, QUE NUNCA ABANDONA O
HOMEM PECADOR;- POR OUTRO, ESTÁ A LIBERDADE DO HOMEM, QUE NÃO PODE SER
ILIMINADA, NEM SEQUER PELA GRAÇA DE DEUS, COMO SUGERE UM CÉLEBRE TEXTO DE SANTO
AGOSTINHO;- DEUS, QUE NOS CRIOU SEM NÓS,
NÃO QUIS SALVAR-NOS SEM NÓS. SE É
VERDADE QUE A GRAÇA DE DEUS E A LIBERDADE DO HOMEM NÃO PODEM TER CERTAMENTE O
MESMO PESO, DADO QUE DEUS É INFINITAMENTE MAIOR DO QUE O HOMEM- ONDE FOI GRANDE O PECADO, FOI BEM MAIOR A
GRAÇA – TAMBÉM É VERDADE QUE OS DADOS DO NONO TESTAMENTO NOS APRESENTA A VIDA
HUMANA COMO UM CASO MUITO SÉRIO, DA QUAL NÃO ESTÁ EXCLUÍDA A POSSIBILIDADE DE
UM NÃO A DEUS E, POR CONSEGUINTE, UMA PERDIÇÃO TOTAL, POR EXEMPLO;- A PARÁBOLA
DO RICO GLUTÃO E DO POBRE LÁZARO. AJUDA-NOS A COMPREENDER ESTA ESPÉCIE DE
PARADOXO UM TEXTO DE BENTO XVI, NA ENCÍCLICA SPE SALVI;- O JUÍZO DE DEUS É ESPERANÇA QUER PORQUE É JUSTIÇA, QUER PORQUE É GRAÇA.
SE FOSSE SOMENTE GRAÇA QUE TORNA IRRELEVANTE TUDO O QUE É TERRENO, DEUS
FICAR-NOS-IA DEVEDOR DA RESPOSTA Á PERGUNTA ACERCA DA JUSTIÇA – PERGUNTA QUE SE
NOS APRESENTA DECISIVA DIANTE DA HISTÓRIA E DO MESMO DEUS. E, SE FOSSE PURA JUSTIÇA, O JUÍZO EM
DEFINITIVO PODERIA SER PARA TODOS NÓS MOTIVO DE TEMOR. A ENCARNAÇÃO DE DEUS EM
CRISTO UNIU DE TAL MODO UM Á OUTRA, O JUÍZO Á GRAÇA, QUE A JUSTIÇA FICOU
ESTABELECIDA COM FIRMEZA;- TODOS NÓS CUIDAMOS DA NOSSA SALVAÇÃO COM TEMOR E
TREMOR. APESAR DE TUDO, A GRAÇA PERMITE-NOS A TODOS NÓS ESPERAR E CAMINHAR
CHEIOS DE CONFIANÇA AO ENCONTRO DO JUÍZ QUE CONHECEMOS COMO NOSSO ADVOGADO.
O JUÍZO FINAL DE DEUS
COINCIDE COM O REGRESSO DO SENHOR. DEUS ENTREGOU O OFÍCIO DE JUÍZ A ALGUÉM QUE
SE TORNOU TAMBÉM O NOSSO IRMÃO;- NÃO
SERÁ UM ESTRANHO QUE VOS JULGARÁ, E SIM AQUELE QUE CONHECEMOS PELA FÉ. ASSIM, O
JUÍZ NÃO SURGIRÁ DIANTE DE NÓS COMO UM SER TOTALMENTE DESCONHECIDO, SERÁ UM DE
NÓS, QUE CONHECEU E SOFREU A EXISTÊNCIA HUMANA NO SEU ÍNTIMO. AMEM.
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O PAI QUER
QUE A HUMANIDADE SEJA PARTICIPANTE DA SUA NATUREZA DIVINA. ESTÁ AQUI, O
FUNDAMENTO DA RESSURREIÇÃO DE TODA A CARNE.
O
PRIMEIRO FRUTO DA RESSURREIÇÃO FOI CRISTO. O FILHO DE MARIA.
A
NOSSA UNIÃO COM O NOSSO SENHOR JESUS CRISTO É TÃO REAL, QUE NEM A MORTE PODE
NOS ESMAGAR.
TUDO
POR JESUS, NADA SEM MARIA. AMEM.
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