segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A FÉ PROFESSADA SEXTA PARTE- PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. VIVER O ANO DA FÉ.


BATISMO E EUCARISTIA;- SE A IGREJA É O SACRAMENTO FUNDAMENTAL DA SALVAÇÃO OU, POR OUTRAS PALAVRAS, O SINAL INDESTRUTÍVEL E PERMANENTE DA PRESENÇA DE CRISTO NO MUNDO, ENTÃO PODEMOS COMPREENDER OS SACRAMENTOS COMO SINAIS EFICAZES DA GRAÇA DE DEUS, DADOS PELA IGREJA EM ALGUMAS SITUAÇÕES DECISIVAS DA VIDA PESSOAL E COMUNITÁRIA E LIVREMENTE ACOLHIDOS PELO CRENTE INDIVIDUAL. A DÁDIVA A CADA UM DA SALVAÇÃO DE CRISTO POR PARTE DA IGREJA E O SEU LIVRE ACOLHIMENTO EXPLICAM A RAZÃO DE SEREM AQUELES OS GESTOS QUE A TRADIÇÃO CRISTÃ CHAMOU SACRAMENTOS. NO SÍMBOLO NICENO-CONSTANTINOPOLITANO FAZ-SE REFERÊNCIA AO BATISMO DADO PARA REMISSÃO DOS PECADOS. A AFIRMAÇÃO DO SÍMBOLO COLOCA NO CENTRO O BATISMO COMO O GRANDE SACRAMENTO DO RENASCIMENTO QUE OPERA A REMISSÃO DOS PECADOS, COMO NO MOMENTO DA VIRAGEM TRANSFORMADORA. NÓS NÃO NASCEMOS CRISTÃOS, MAS FAZEMO-NOS CRISTÃOS;- A CÉLEBRE EXPRESSÃO DE TERTULIANO;- FAZ EMERGIR O FATO DE QUE NÃO NOS TORNAMOS CRISTÃOS PELO NASCIMENTO, MAS APENAS PELO RENASCIMENTO. A VIDA CRISTÃ É SEMPRE O RESULTADO DE UMA VIRAGEM NA EXISTÊNCIA HUMANA QUE SE AFASTA DA AUTOSSATISFAÇÃO DA VIDA DESATENTA PARA SE CONVERTER. NESSE SENTIDO, O BATISMO CONTINUA A SER O INÍCIO DE UMA CONVERSÃO QUE SE ESTENDE PELA VIDA FORA, SENDO O SINAL BÁSICO DA EXISTÊNCIA CRISTÃ. NESTE SENTIDO, COMPREENDE-SE A RAZÃO PELA QUAL O BATISMO, AO CONTRÁRIO DOS OUTROS SACRAMENTOS, SER REFERIDO EXPLICITAMENTE NO SÍMBOLO;- COM EFEITO, SÓ MEDIANTE O BATISMO SE PODE RENASCER PARA UMA VIDA NOVA DO REINO DE DEUS, PORQUE SE ENTRA NO DINAMISMO DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE CRISTO. O BATISMO TORNA EVIDENTE QUE A VIDA CRISTÃ NÃO PODE SER O PRODUTO DE UM ESFORÇO ASCÉTICO, DE UMA RIGOROSA OBSERVÃNCIA MORAL, DE UM PENOSO CAMINHO INTELECTUAL. A RENOVAÇÃO PROFUNDA DO HOMEM NÃO PODE VIR DA CARNE NEM DO SANGUE, NÃO VEM DAS FORÇAS NATURAIS, MAS SÓ PODE SER UM DOM, LIVREMENTE ACOLHIDO, QUE VEM DO PAI QUE ESTÁ NO CÉUS.
ESTÁ AQUI, PRECISAMENTE, A REVOLUÇÃO CRISTÃ;- EM RENUNCIAR A QUALQUER FORMA DE AUTORREDENÇÃO, MAS ACOLHER E ABANDONAR-SE ÁQUELE QUE É O REDENTOR. TODAS AS REVOLUÇÕES HUMANAS, SOBRETUDO AS MAIS SIGNIFICATIVAS E FECUNDAS, FORAM A TENTATIVA DE DAR REDENÇÃO AOS NÃO REDIMIDOS, LIBERDADE AOS OPRIMIDOS, PÃO AOS ESFOMEADOS, JUSTIÇA AOS INDEFESOS, FELICIDADE AOS TRISTES E AOS FALHADOS... SE A LUTA CONTRA O SOFRIMENTO E A INJUSTIÇA É UM IDEAL ABSOLUTAMENTE HUMANO E CRISTÃO, É A IDEIA DE SE PODER CRIAR UM MUNDO MAIS JUSTO E MAIS BELO UNICAMENTE A PARTIR DAS FORÇAS HUMANAS (SOCIAIS, POLÍTICAS, CIENTÍFICAS, TECNOLÓGICAS...) QUE CONSTITUI NA VERDADE UMA UTOPIA E, CONSEQUENTEMENTE, UMA ILUSÃO, QUE BEM CEDO SE TRANSFORMA EM DESILUSÃO. SÓ A ABERTURA AOS DONS QUE VÊM DO ALTO, E QUE NUNCA PODERÃO SER UM PRODUTO NOSSO – SEMPRE CORROMPIDO E CORRUPTÍVEL PELO EGOÍSMO E PELO PECADO, COMO ENSINA A HISTÓRIA PESSOAL E SOCIAL – PODE DAR A VERDADEIRA FELICIDADE E A VERDADEIRA LIBERDADE. O BATISMO REVELA QUE A VIDA CRISTÃ CONSISTE NA PRIMAZIA DA RECEÇÃO SOBRE A AÇÃO;- O SER HUMANO NÃO CHEGA VERDADEIRAMENTE A SI PRÓPRIO POR MEIO DAQUILO QUE FAZ, MAS SIM POR MEIO DAQUILO QUE RECEBE. ELE PRECISA AGUARDAR O DOM DO AMOR, POIS O AMOR SÓ PODE SER RECEBIDO COMO DOM. NO FUNDO, TRATA-SE DE RETOMAR A LUTA DECLARADA POR SÃO PAULO Á JUSTIÇA BASEADA NAS OBRAS, UMA LUTA QUE LEVARÁ O APÓSTOLO A DECLARAR QUE A ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO ESTÁ NA GRAÇA, NO DOM ABSOLUTAMENTE IMERECIDO QUE DEUS FEZ DE SI PRÓPRIO ENTREGANDO O SEU PRÓPRIO FILHO A ESTA NINHADA DE REBELDES E DE PECADORES QUE SOMOS NÓS.
O SÍMBOLO CHAMADO DOS APÓSTOLOS ENUMERA, ENTRE OS ARTIGOS FINAIS, A COMUNHÃO DOS SANTOS. AQUI PODE VISLUMBRAR-SE UMA ALUSÃO Á EUCARISTIA, QUE É O SACRAMENTO DA UNIDADE DA IGREJA. COM EFEITO, A IGREJA NÃO É DEFINIDA COM BASE NA SUA ORGANIZAÇÃO, MAS POR FORÇA DA SUA COMUNHÃO CONVIVIAL COM O SENHOR RESSUSCITADO, QUE A REÚNE Á SUA VOLTA EM CADA LUGAR DA TERRA E EM CADA MOMENTO DA HISTÓRIA. PARTICIPAR NO SACRIFÍCIO NÃO PODE SER REDUZIDO A UMA ESPÉCIE DE COMUNHÃO SOMENTE PRIVADA E INDIVIDUAL COM O SENHOR, MAS É UM SER INCORPORADO NO CORPO MÍSTICO DE CRISTO, NA MEDIDA EM QUE O SALVADOR DEIXOU Á SUA IGREJA O SEU CORPO REAL COMO SACRAMENTO DA COMMUNIO SANCTORUM ATRAVÉS DO QUAL ELE QUIS QUE TODOS OS SEUS DISCÍPULOS FOSSEM E SE SOUBESSEM UNIDOS UNS COM OS OUTROS. ESTE É O MOTIVO PELO QUAL, NUNCA COMO NA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA, A IGREJA APARECE NA SUA FORMA MAIS INTENSA, REVELADORA DA SUA COMPLETA IDENTIDADE. A SUA SEPARAÇÃO-DIVERSIDADE DO MUNDO E, AO MESMO TEMPO, O SEU TESTEMUNHO E A SUA MISSÃO PARA O MUNDO;- A SUA ESTRUTURA HIERÁRQUICO-MINISTERIAL;- O ANÚNCIO DA PALAVRA QUE SALVA;- A SUA UNIDADE INTERIOR E VISÍVEL;- A SUA DISPONIBILIDADE AO SERVIÇO DE DEUS;- A SUA ESPERA DO REINO QUE VEM. DESTE MODO, A CONVERSÃO BATISMAL E O BANQUETE EUCARÍSTICO LEVAM A UMA CONCEÇÃO TOTALMENTE TEOCÊNTRICA DA IGREJA;- EM PRIMEIRO PLANO NÃO ESTÁ O FATO DE ELA SER UM AJUNTAMENTO DE PESSOAS, MAS O DE CONSTITUIR O DOM DE DEUS QUE FAZ COM QUE O HOMEM SE VIRE NA DIREÇÃO DE UM NOVO SER QUE ELE NÃO PODE DAR A SI MESMO, E NA DIREÇÃO DE UMA COMUNIDADE QUE SÓ PODE RECEBER DOAÇÃO.
CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE E NA VIDA ETERNA;- O ÚLTIMO ARTIGO DO SÍMBOLO REFERE-SE Á RESSURREIÇÃO DA CARNE E Á VIDA ETERNA. TRATA-SE DO CUMPRIMENTO DE TODA A OBRA SALVÍFICA DE DEUS, SEM A QUAL ESSA OBRA FICARIA TRUNCADA E PRIVADA DE SENTIDO. DE FATO, O ACONTECIMENTO HUMANO E CÓSMICO SE PRECIPITASSE NO ABISMO DA ESCURIDÃO E DA MORTE, QUE SENTIDO TERIAM AS OUTRAS VERDADES DA FÉ, OU SEJA, A CRIAÇÃO, A ENCARNAÇÃO DO VERBO, A SUA MORTE E RESSURREIÇÃO, O ESPÍRITO SANTO, A IGREJA E OS SACRAMENTOS? ENTÃO, TRATA-SE DE COMPREENDER A PROFUNDA UNIDADE DO SÍMBOLO DA FÉ, QUE, POR SUA VEZ, REVELA A UNIDADE DO DESÍGNIO DE DEUS, QUE QUIS NA SUA BONDADE E SABEDORIA TORNAR A HUMANIDADE PARTICIPANTE DA SUA NATUREZA DIVINA. ESTÁ AQUI O FUNDAMENTO DA RESSURREIÇÃO DE TODA A CARNE. ANTES DE PENSAR NAS MODALIDADES COMO ISTO PODE ACONTECER, É ESSENCIAL COMPREENDER QUE CADA SER HUMANO, NA MEDIDA EM QUE É CRIADO E AMADO POR DEUS, JÁ NÃO É UM PRISIONEIRO DA MORTE ETERNA, MAS ESTÁ DESTINADO A UMA VIDA NOVA. E ESSA VIDA NOVA NÃO PODE SER SENÃO UM DOM DE DEUS. CONTUDO, É UM DOM QUE ENCONTRA UMA ESTRUTURA DE ESPERA E ACOLHIMENTO EM CADA HOMEM, NÃO SÓ NO CRISTÃO QUE EXPLICITAMENTE PROFESSA A SUA FÉ EM DEUS E NA VIDA ETERNA, MAS EM CADA HOMEM QUE PROTESTA CONTRA A FINITUDE TERRENA, PORQUE SENTE-SE ILIMITADA NOS SEUS DESEJOS, E CHAMADO A UMA VIDA SUPERIOR.
AS AFIRMAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O ALÉM E SOBRE O FUTURO DO HOMEM SÃO MÚLTIPLAS, MAS PRECISAM DE UMA HERMENÊUTICA CORRETA – QUE AQUI NÃO É POSSÍVEL EXPLICITAR – PARA EVITAR INTERPRETAR ESSAS AFIRMAÇÕES COMO DESCRIÇÕES ANTECIPADAS DE UM FUTURO AINDA AUSENTE. O ANTIGO TESTAMENTO AMADURECE PROGRESSIVAMENTE A FÉ NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS. SERÁ SOBRETUDO NA ÉPOCA DOS MACABEUS QUE SE CONSOLIDA A IDEIA DE UMA RETRIBUIÇÃO DEPOIS DA MORTE PARA OS QUE DERAM A VIDA PARA DEFENDER AS LEIS DE DEUS E PARA DEFENDER O POVO JUDAICO DO PERIGO DE UMA HELENIZAÇÃO DA JUDEIA. NÃO HAVIA UMA IDEIA MUITO CLARA DE RESSURREIÇÃO;- AFIRMAVA-SE SIMPLESMENTE QUE, AQUELES QUE TINHAM SIDO FIÉIS A DEUS, QUANDO DEUS TOMAR DEFINITIVAMENTE NA SUA MÃO O DESTINO DO MUNDO, SERÃO RESSUSCITADOS. CONTUDO, QUANDO SE TRATAVA DE EXPLICAR O MODO COMO RESSUSCITAVAM OS MORTOS, AS OPINIÕES DIVERGIAM. OS MODELOS COM QUE SE PENSAVA A RESSURREIÇÃO ERAM FUNDAMENTALMENTE TRÊS;- OS CORPOS RESSUSCITAM;- OS MORTOS SÃO ARREBATADOS AO CÉU;- AS ALMAS DOS DEFUNTOS ESTÃO NA BEM-AVENTURANÇA. NO FUNDO, O ELEMENTO SUBSTANCIAL DA FÉ ERA ESTE;- DEUS NÃO SE PODE ESQUECER DAQUELE QUE LHE FORAM FIÉIS NO COMBATE, OS MÁRTIRES. EM SEGUIDA, A IDEIA ESTENDEU-SE A TODOS AQUELES QUE FORAM FIÉIS A DEUS NAS PROVAÇÕES DA VIDA. DEUS, QUE É O SENHOR E DÁ A VIDA, NÃO ABANDONA OS SEUS FIÉIS NA MORTE, DESPERTA-OS, VOLTA A PÔ-LOS DE PÉ (É O MODELO DA RESSURREIÇÃO), CHAMA-OS DE TODO O CONHECIMENTO E ALEGRIA(É O MODELO DA ALMA BEM-AVENTURADA).
O CRISTIANISMO PRIVILEGIARÁ O PRIMEIRO MODELO, O DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS. MAS A NOVIDADE DO CRISTIANISMO É OUTRA. ENQUANTO O JUDAÍSMO, QUANDO FALA DE RESSURREIÇÃO, DE ARREBATAMENTO E DA BEM-AVENTURANÇA DA ALMA ESPERA QUE TUDO ISTO ACONTEÇA QUANDO DEUS ENCERRAR A CENA DA HISTÓRIA, OS CRISTÃOS AFIRMAM QUE EM JESUS JÁ ACONTECEU A ANTECIPAÇÃO DA VENTURA GLORIOSA. AQUELE JESUS QUE FOI MORTO E CRUCIFICADO, DEUS JÁ O RESSUSCITOU E O LEVOU PARA O CÉU CONSIGO, FAZENDO-O SENTAR Á SUA DIREITA. OS DOIS MODELOS DE RESSURREIÇÃO-ARREBATAMENTO ESTÃO FUNDIDOS NO MODELO TIPICAMENTE CRISTÃO DA RESSURREIÇÃO-EXALTAÇÃO. DEUS JÁ DESPERTOU JESUS, O QUAL RECEBE NÃO SÓ O DOM DA VIDA NOVA, MAS TAMBÉM RECEBE A SENHORIA UNIVERSAL;- NÃO É SÓ ARREBATADO AO CÉU, MAS É EXALTADO. E FOI CRIADA UMA EXPRESSÃO NOVA, QUE NÃO EXISTIA NA CULTURA JUDAICA;- AINDA NÃO ACONTECEU A RESSURREIÇÃO  DOS MORTOS, MAS JESUS JÁ RESSUSCITOU DOS MORTOS, COMO PRIMEIRO FRUTO DOS QUE MORRERAM.
SE A PRIMEIRA NOVIDADE DO CRISTIANISMO, NO QUE SE REFERE AO JUDAÍSMO, É QUE EM JESUS HÁ ALGUÉM QUE JÁ ANTECIPOU A GLÓRIA FUTURA, ESTA É A CONSEQUÊNCIA;- A RESSURREIÇÃO DE JESUS DOS MORTOS TORNA-SE TAMBÉM A ANTECIPAÇÃO REAL DA RESSURREIÇÃO DAQUELES QUE ESTIVERAM UNIDOS A CRISTO. OU SEJA, O DESTINO DE TODOS OS DISCÍPULOS DE JESUS ESTÁ CRISTOLOGICAMENTE DETERMINADO. AQUELES QUE POR MEIO DO BATISMO E DA FÉ SÃO DE CRISTO, PARTICIPARÃO TAMBÉM DA PLENITUDE DE CRISTO, NO SENTIDO QUE PERMANECERÃO SEMPRE SEUS, NÃO LHE SERÃO SUBTRAÍDOS. TUDO O QUE CRISTO RECEBEU DE DEUS É PARTICIPADO POR ELES. A RESSURREIÇÃO E A GLÓRIA PASSAM NUM CERTO SENTIDO PARA OS CRISTÃOS, NÃO POR UMA AÇÃO DIRETA DE DEUS SOBRE OS CRISTÃOS, MAS ATRAVÉS E GRAÇAS Á SUA MISSÃO E UNIÃO COM CRISTO. O DISCURSO SOBRE A RESSURREIÇÃO DOS CRISTÃOS É, ANTES DE MAIS, UM LOGOS SOBRE CRISTO. ESTA É A TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DO DESTINO DOS CRISTÃOS;- É A EXTENSÃO AOS CRENTES DO MESMO DESTINO DE CRISTO, POR FORÇA DA UNIÃO QUE A CONVERSÃO CRISTÃ, JUNTAMENTE COM OS SACRAMENTOS DA FÉ ( EM PRIMEIRO LUGAR O BATISMO E A EUCARISTIA)CONSTITUIU ENTRE CRISTO E OS CRISTÃOS. O DISCURSO CRISTÃO SOBRE AS REALIDADES ÚLTIMAS NÃO É TANTO UM DISCURSO SOBRE O ALÉM, MAS LEVAR ÁS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS O FATO DE QUE A NOSSA UNIÃO COM CRISTO É UMA UNIÃO REAL, INDISSOLÚVEL E, CONSEQUENTEMENTE, INDESTRUTÍVEL, QUE NEM SEQUER A MORTE PODE ESMAGAR. NÃO É SIMPLESMENTE UMA UNIÃO MORAL BASEADA NA NOSSA BOA VONTADE EM ESTARMOS UNIDOS A ELE, MAS É UMA UNIÃO SACRAMENTAL BASEADA NA VONTADE SALVÍFICA – LIVREMENTE ACOLHIDA PELOS DISCÍPULOS – A QUAL É IRREVOGÁVEL E INFALIVELMENTE EFICAZ. SURGE A QUESTÃO= A IMORTALIDADE É UM DOM DA GRAÇA QUE VALE SÓ PARA OS DISCÍPULOS DE CRISTO OU TEM QUE VER COM A ESSÊNCIA DO HOMEM ENQUANTO TAL? A RESPOSTA ESTÁ NO FATO DE QUE DEUS EM CRISTO QUER SALVAR TODO O HOMEM. ASSIM, CADA HOMEM, NA MEDIDA EM QUE É INTERLOCUTOR DE DEUS E, POR CONSEGUINTE, ABERTO Á TRANSCENDÊNCIA, NÃO PODE NÃO SE CRUZAR COM A DÁDIVA SALVÍFICA DE CRISTO, O QUAL, UMA VEZ LEVANTADO NA ÁRVORE DA CRUZ, ATRAI TODOS A SI.
O CONTEÚDO ESSENCIAL DO ANÚNCIO BÍBLICO DA RESSURREIÇÃO NÃO SE TRATA TANTO DA IDEIA DE UMA RESTITUIÇÃO DOS CORPOS ÁS ALMAS, SEGUNDO UMA VISÃO DUALISTA DA PESSOA, TOTALMENTE ESTRANHA AO MUNDO E Á LINGUAGEM BÍBLICA;- MAS TRATA-SE SOBRETUDO, DA IDEIA DE QUE O ESSENCIAL DO HOMEM PERMANECE. A QUETÃO DO MODO DA RESSURREIÇÃO JÁ TINHA SIDO POSTA A SÃO PAULO PELOS CRISTÃOS DE CORINTO;- COMO É QUE OS MORTOS RESSUSCINTAM? COM QUE CORPO VOLTARAM? A RESPOSTA DE PAULO É LAPIDAR;- INSENSATO! SÃO PAULO NÃO FALA DA RESSURREIÇÃO DOS CORPOS, MAS SIM DA DAS PESSOAS, UM FENÓMENO QUE NÃO SE DÁ NO RETORNO DOS CORPOS DE CARNE, ISTO É, DOS ORGANISMOS BIOLÓGICOS, FATO QUE ELE QUALIFICA EXPRESSAMENTE DE IMPOSSÍVEL ( NEM A CORRUPÇÃO HERDARÁ A INCORRUPTIBILIDADE) E SIM NO OUTRO MODO DE SER DA VIDA DA RESSURREIÇÃO, CONFORME VEMOS NO EXEMPLO DO SENHOR RESSUSCITADO.
O QUE SIGNIFICA CAIR NUMA ESPÉCIE DE ESPIRITUALIZAÇÃO DA RESSURREIÇÃO, NA MEDIDA EM QUE ESTA NÃO PODE ENVOLVER TAMBÉM A MATÉRIA E NÃO PODE NÃO INTERESSAR A TODO O COSMO. O PROBLEMA ESTÁ EM COMPREENDER EM PROFUNDIDADE A PECULIARIDADE DA PESSOA HUMANA, SEGUNDO A QUAL O CORPO HUMANO, PARA LÁ DO QUE É PARA O BIÓLOGO, O FISIÓLOGO OU O QUÍMICO, É ENTENDIDO TEOLOGICAMENTE COMO O INSTRUMENTO NECESSÁRIO PARA ESTAR EM RELAÇÃO COM O MUNDO, COM OS OUTROS E COM DEUS. É O PRÓPRIO PAULO QUE ARGUMENTA NA SUA RESPOSTA AOS CORÍNTIOS;- COMO É QUE EXISTEM CORPOS QUE PERMANECEM IDÊNTICOS NA PROFUNDIDADE DO SEU SER, APESAR DE SEREM MUITO DIFERENTES NA SUA MANIFESTAÇÃO EXTERIOR, ASSIM TAMBÉM SERÁ A NOSSA RESSURREIÇÃO. ELA É UM MISTÉRIO DE IDENTIDADE NO SEU NÚCLEO ESSENCIAL, COMO TAMBÉM NA SUA MAIS COMPLETA DIVERSIFICAÇÃO EXTERIOR, TAL VOMO ACONTECE ANALOGAMENTE NA RELAÇÃO ENTRE A SEMENTE E A PLANTA. RESSUSCITADOS, SEREMOS AINDA NÓS PRÓPRIOS ( A SEMENTE )  MAS SEREMOS TAMBÉM O DESENVOLVIMENTO DE NÓS PRÓPRIOS ( A PLANTA).
NO FUNDO, A RESPOSTA MAIS CONVINCENTE ACERCA DA REALIDADE DA VIDA NOVA DA RESSURREIÇÃO É DADA PELO PRÓPRIO CRISTO RESSUSCITADO. AS NARRAÇÕES DAS APARIÇÕES DO SENHOR RESSUSCITADO, NA SUA RIQUEZA E TAMBÉM NA SUA COMPLEXIDADE INTERPRETATIVA, PERMITEM-NOS DIZER QUE, POR UM LADO, CRISTO RESSUSCITOU NÃO É SIMPLESMENTE ALGUÉM QUE VOLTOU Á VIDA BIOLÓGICA ANTERIOR (COMO, PELO CONTRÁRIO, ACONTECEU COM LÁZARO E COM OS OUTROS MORTOS RESSUSCITADOS POR CRISTO) E, POR OUTRO, QUE JESUS RESSUSCITADO NÃO É NEM SEQUER UM FANTASMA, UM PURO ESPÍRITO. AO INVÉS, ELE DEIXA-SE TOCAR POR TOMÉ E COME COM OS DISCÍPULOS. DIZ BEM BENTO XVI NO SEU LIVRO, JESUS DE NAZARÉ;- O RESSUSCITADO É PLENAMENTE CORPÓREO;- E TODAVIA NÃO ESTÁ LIGADO ÁS LEIS DA CORPOREIDADE, ÁS LEIS DO ESPAÇO E DO TEMPO. NESTA DIALÉTICA SURPREENDENTE ENTRE IDENTIDADE E ALTERIDADE, ENTRE VERDADEIRA CORPOREIDADE E LIBERDADE EM RELAÇÃO AOS VÍNCULOS DO CORPO, MANIFESTA-SE A ESSÊNCIA PECULIAR, MISTERIOSA DA NOVA EXISTÊNCIA DO RESSUSCITADO. COM EFEITO, SÃO VÁLIDAS AS DUAS COISAS;- ELE É O MESMO, OU SEJA, HOMEM EM CARNE E OSSO, E ELE É TAMBÉM O NOVO, AQUELE QUE ENTROU NUM GENERO DIVERSO DA EXISTÊNCIA.
UM ÚLTIMO ASPECTO TEM QUE VER COM A TEMÁTICA DO JUÍZO DE DEUS NO FINAL DA NOSSA VIDA PESSOAL E NO FINAL DA HISTÓRIA HUMANA E CÓSMICA. O JUÍZO DE DEUS É INTERPRETADO DE DIVERSAS FORMAS, OSCILANDO ENTRE DUAS TESES RADICAIS QUE SE OPÕEM DIALETICAMENTE E PODERÍAMOS FAZER REMONTAR AMBAS AO NOVO TESTAMENTO. POR UM LADO, FAZ-SE COINCIDIR O JUÍZO COM A GRAÇA SUPERABUNDANTE DE DEUS A PONTO DE TORNAR IRRELEVANTE O COMPORTAMENTO ÉTICO DO HOMEM, QUE DE ALGUMA FORMA SERIA SANADO POR ESSA GRAÇA, PRESCINDINDO DA SUA LIBERDADE E DA SUA RESPONSABILIDADE. ESTA POSIÇÃO ACABA NÃO SÓ COM A DESRESPONSABILIZAÇÃO DO HOMEM, MAS LANÇA UMA SOMBRA SOBRE O PRÓPRIO DEUS, MELHOR, CONSTITUI UMA CARICATURA DE DEUS, O QUAL PORIA NO MESMO PLANO QUEM FAZ O BEM E QUEM FAZ O MAL;- OS CARRASCOS – A MENOS QUE SE ARREPENDAM – NÃO PODEM SER TRATADOS, NO FIM, DO MESMO MODO QUA AS VÍTIMAS. ISTO NÃO FARIA JUSTIÇA AO JUIZO DE DEUS QUE, SE TOMARMOS A PASSAGEM  DE MATEUS, SEPARA OS ABENÇOADOS, OU SEJA, AQUELES QUE FIZERAM O BEM, DOS MALDITOS, OU SEJA, AQUELES QUE FIZERAM O MAL. POR OUTRO LADO, INSISTE-SE DE TAL FORMA SOBRE O FATO DE QUE OS HOMENS SERÃO JULGADOS COM BASE NAS SUAS OBRAS, QUE PODERÍAMOS CHEGAR A ESVAZIAR A TEOLOGIA DA GRAÇA PONDO EM PRIMEIRO PLANO, ERRONEAMENTE, UMA TEOLOGIA DO MÉRITO;- O QUE INDUZ A UM MORALISMO QUE OUTRA COISA NÃO É SENÃO UMA ESPÉCIE DE AUTORREDENÇÃO, QUE TORNA IRRELEVANTE O SACRÍFICIO REDENTOR DE CRISTO. POR UM LADO, ESTÁ O AMOR INFINITO DE DEUS, A SUA GRAÇA, QUE NUNCA ABANDONA O HOMEM PECADOR;- POR OUTRO, ESTÁ A LIBERDADE DO HOMEM, QUE NÃO PODE SER ILIMINADA, NEM SEQUER PELA GRAÇA DE DEUS, COMO SUGERE UM CÉLEBRE TEXTO DE SANTO AGOSTINHO;- DEUS, QUE NOS CRIOU SEM NÓS, NÃO QUIS SALVAR-NOS SEM NÓS.  SE É VERDADE QUE A GRAÇA DE DEUS E A LIBERDADE DO HOMEM NÃO PODEM TER CERTAMENTE O MESMO PESO, DADO QUE DEUS É INFINITAMENTE MAIOR DO QUE O HOMEM- ONDE FOI GRANDE O PECADO, FOI BEM MAIOR A GRAÇA – TAMBÉM É VERDADE QUE OS DADOS DO NONO TESTAMENTO NOS APRESENTA A VIDA HUMANA COMO UM CASO MUITO SÉRIO, DA QUAL NÃO ESTÁ EXCLUÍDA A POSSIBILIDADE DE UM NÃO A DEUS E, POR CONSEGUINTE, UMA PERDIÇÃO TOTAL, POR EXEMPLO;- A PARÁBOLA DO RICO GLUTÃO E DO POBRE LÁZARO. AJUDA-NOS A COMPREENDER ESTA ESPÉCIE DE PARADOXO UM TEXTO DE BENTO XVI, NA ENCÍCLICA SPE SALVI;- O JUÍZO DE DEUS É ESPERANÇA QUER PORQUE É JUSTIÇA, QUER PORQUE É GRAÇA. SE FOSSE SOMENTE GRAÇA QUE TORNA IRRELEVANTE TUDO O QUE É TERRENO, DEUS FICAR-NOS-IA DEVEDOR DA RESPOSTA Á PERGUNTA ACERCA DA JUSTIÇA – PERGUNTA QUE SE NOS APRESENTA DECISIVA DIANTE DA HISTÓRIA E DO MESMO DEUS.  E, SE FOSSE PURA JUSTIÇA, O JUÍZO EM DEFINITIVO PODERIA SER PARA TODOS NÓS MOTIVO DE TEMOR. A ENCARNAÇÃO DE DEUS EM CRISTO UNIU DE TAL MODO UM Á OUTRA, O JUÍZO Á GRAÇA, QUE A JUSTIÇA FICOU ESTABELECIDA COM FIRMEZA;- TODOS NÓS CUIDAMOS DA NOSSA SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR. APESAR DE TUDO, A GRAÇA PERMITE-NOS A TODOS NÓS ESPERAR E CAMINHAR CHEIOS DE CONFIANÇA AO ENCONTRO DO JUÍZ QUE CONHECEMOS COMO NOSSO ADVOGADO.
O JUÍZO FINAL DE DEUS COINCIDE COM O REGRESSO DO SENHOR. DEUS ENTREGOU O OFÍCIO DE JUÍZ A ALGUÉM QUE SE TORNOU TAMBÉM O NOSSO IRMÃO;- NÃO SERÁ UM ESTRANHO QUE VOS JULGARÁ, E SIM AQUELE QUE CONHECEMOS PELA FÉ. ASSIM, O JUÍZ NÃO SURGIRÁ DIANTE DE NÓS COMO UM SER TOTALMENTE DESCONHECIDO, SERÁ UM DE NÓS, QUE CONHECEU E SOFREU A EXISTÊNCIA HUMANA NO SEU ÍNTIMO.  AMEM.

=============================================================================


                                   O PAI QUER QUE A HUMANIDADE SEJA PARTICIPANTE DA SUA NATUREZA DIVINA. ESTÁ AQUI, O FUNDAMENTO DA RESSURREIÇÃO DE TODA A CARNE.

O PRIMEIRO FRUTO DA RESSURREIÇÃO FOI CRISTO. O FILHO DE MARIA.

A NOSSA UNIÃO COM O NOSSO SENHOR JESUS CRISTO É TÃO REAL, QUE NEM A MORTE PODE NOS ESMAGAR.


TUDO POR JESUS, NADA SEM MARIA. AMEM.





Nenhum comentário: