DESDE
O COMEÇO DOS TEMPOS VIVIA ENTRE OS HOMENS UMA MULHER ESTRANHA E AUSTERA. ERA
ALTA E MAGRA E POUCOS SABIAM A COR DE SEUS OLHOS. TODAS AS VEZES QUE AS PESSOAS
OLHAVAM EM SEUS OLHOS, PARECIAM MUDAR DA LUZ AZUL OU CINZA PARA O PRETO SEM VIDA
OU O VIOLETA PROFUNDO.
SEU ROSTO ERA CHEIO DE
RISCOS, FEIO, FEIO, COM TODA A FEIÚRA JÁ VISTA NO MUNDO. SUA ÚNICA PRETENSÃO A
BELEZA ERAM SEUS CABELOS NEGROS. ESTES TAMBÉM ERAM RARAMENTE VISTOS PORQUE
USAVA ROUPAS ESTRANHAS, CINZENTAS E ESVOAÇANTES QUE SE FUNDIAM COM A ESCURIDÃO
QUE A SEGUIA POR TODOS OS LADOS;- A ESCURIDÃO ACOMPANHAVA A CHEGADA DESTA
MULHER EM TODOS OS LUGARES QUE OS HOMENS A PUDESSEM VER.
MAS POUCOS JAMAIS TIVERAM O
DESEJO DE CONTEMPLÁ-LA POR MUITO TEMPO. FAZIAM TODO O POSSÍVEL PARA EVITÁ-LA.
SE ELA SE DIRIGISSE A ELES OU PARASSE PARA OLHÁ-LOS, ELES IMPLORAVAM PARA TODOS
OS deuses QUE CONHECIAM PARA REMOVÊ-LA DELES. POIS ONDE QUER QUE FOSSE, LEVAVA
A DOR CONSIGO – UMA DOR MARCANTE, CORTANTE, ATORMENTADA – QUE LEVAVA OS HOMENS
Á LOUCURA OU AO TÚMULO.POUCOS ESCAPAVAM DELA. DE TEMPOS, EM TEMPOS, NA VIDA DE
TODOS OS HOMENS, VINHA PARA VISITÁ-LOS. CURVAR-SE-IA E, PEGANDO A PESSOA EM
SEUS BRAÇOS, A SEGURARIA FIRME. QUANDO A PESSOA ESTIVESSE COMPLETAMENTE MORTA,
ELA O DEIXARIA. SIM, ERA A RAINHA DE UM DOMÍNIO IMENSO, ESSA REPULSIVA DONA
DOR.
NUMA NOITE DE LUA CHEIA ELA
SE ENCONTRAVA NUM JARDIM DE OLIVEIRAS. AMAVA AS FORMAS NODOSAS E ESTRANHAS
GRAVADAS CONTRA A NOITE BRILHANTE. DE LONGE, VIU UM HOMEM AJOELHADO DIANTE DE
UMA PEDRA. PARECIA ESTAR EM COMPLETA EXAUSTÃO. CHEGOU MAIS PERTO. O ROSTO DO
HOMEM, LEVANTADO PARA OS CÉUS, ESTAVA DISTORCIDO POR UMA DOR ÍNTIMA DA QUAL ELA
TINHA CONSCIÊNCIA NÃO SER OBRA SUA. INTRIGADA, CHEGOU AINDA MAIS PERTO. GOTAS
DE SANGUE ESCORRIAM DE SUA FACE.
DE
REPENTE, ELE A VIU. UM ANJO, TODO ILUMINADO, ESTAVA NO MOMENTO SEGURANDO UM
CÁLICE EM SEUS LÁBIOS. POR CIMA DA BORDA O HOMEM SORRIU PARA A
DONA DOR. NINGUÉM JAMAIS HAVIA SORRIDO PARA ELA ANTES! ELA PAROU PARA PENSAR.
NAQUELE MOMENTO UMA GRANDE
MULTIDÃO ENTROU NO JARDIM. HAVIA MUITO BARULHO E AGITAÇÃO. UM HOMEM SAIU DA
MULTIDÃO E BEIJOU AQUELE QUE TINHA BEBIDO DO CÁLICE. DEPOIS ELE FOI LEVADO
EMBORA. A DONA DOR O SEGUIU;- NÃO PODIA RESISTIR. REALMENTE NÃO QUERIA IR, MAS
DE CERTA FORMA, TINHA QUE IR. PELA PRIMEIRA VEZ EM TODA A SUA EXISTÊNCIA UMA
FORÇA MAIOR DO QUE ELA A COMPELIA. GRADUALMENTE
ELA PERDEU O HOMEM DE VISTA. SEU CORAÇÃO BATIA DESCOMPASSADAMENTE. NÃO
PODIA DESCANSAR AGORA. TINHA QUE ENCONTRAR O HOMEM QUE TINHA SORRIDO PARA ELA.
Á DISTÂNCIA ELA OUVIU OS SONS
TÃO FAMILIARES DE CHICOTADAS. TINHA SEMPRE ACOMPANHADO ESTAS COISAS;- NÃO FOSSE
ASSIM, ELAS NÃO SERIAM NADA. EMBORA SE SENTISSE RELUTANTE, ELA FOI AO ENCONTRO
DO QUE OUVIA.
E LÁ ESTAVA ELE, SENDO
CHICOTEADO PELOS SOLDADOS ROMANOS. NÃO PODIA COMPREENDER O QUE ESTAVA
ACONTECENDO CONSIGO MESMA. QUERIA GRITAR, PARAR COM A TORTURA, COLOCAR SEU
CORPO ESQUELÉTICO ENTRE ELE E AS CHICOTADAS. MAS NÃO PODIA SE MOVER. POR UM
INSTANTE ELE LEVANTOU A CABEÇA. OUTRA VEZ SEUS OLHOS SE ENCONTRARAM E ELE
SORRIU.
ELA COBRIU SEU ROSTO COM AS
MÃOS FINAS E ESQUELÉTICAS E CHOROU. O SENTIMENTO DAS LÁGRIMAS ERA COMPLETAMENTE
NOVO PARA ELA. PONDEROU SOBRE O ASSUNTO. MAIS TARDE, QUANDO O VIU ESCARNECIDO E
COROADO DE ESPINHOS, A RAIVA TOMOU CONTA DELA. MAS, ANTES QUE PUDESSE SE MOVER CONTRA
OS INIMIGOS DELE COM SEU PRÓPRIO PODER MORTAL, OS SOLDADOS O LEVARAM PARA
DENTRO DO PALÁCIO.
DESCONSOLADA, INCAPAZ DE
SUPORTAR A DOR QUE SE APODERARA DE SEU CORAÇÃO TÃO REPENTINAMENTE, A RAINHA DA
DOR FOI EMBORA. ESTAVA MAJESTOSA, APESAR DE SUA DOR. QUEM QUER QUE A
ENCONTRASSE NESTE ESTADO DAVA UMA OLHADA NELA E CORRIA, COMO SE SUA VIDA
DEPENDESSE DISTO.
O DIA VIROU NOITE. ELA SE
ENCONTRAVA NUMA COLINA COM TRÊS CRUZES FINCADAS NO CHÃO. NA CRUZ DO MEIO PENDIA
UM HOMEM, CRUCIFICADO. ESTAVA PENDURADO COMO UMA FRUTA MORRENDO NUM GALHO. ELA
NÃO PODIA SUPORTAR A DOR QUE SE APODEROU DELA DIANTE DAQUELA FIGURA QUE MORRIA.
CORREU PARA OS PÉS DA CRUZ. COMEÇOU A ARRANCAR OS PREGOS PESADOS DE SEUS PÉS. SANGUE,
O SANGUE DELE CAIU SOBRE ELA E DESCEU GENTILMENTE PELO SEU ROSTO E PELAS SUAS
VESTES.
OLHOU PARA CIMA E VIU QUE ELE
ESTAVA MORTO. ELA ELA SE ENCONTRAVA NUMA COLINA COM TRÊS CRUZES FINCADAS NO
CHÃO. NA CRUZ DO MEIO PENDIA O HOMEM. –CRUCIFICADO.- ESTAVA PENDURADO COMO UMA FRUTA MORRENDO NUM GALHO.
ELA NÃO PODIA SUPORTAR A DOR QUE SE APODEROU DELA DIANTE DAQUELA FIGURA QUE
MORRIA. CORREU PARA OS PÉS DA CRUZ. COMEÇOU A ARRANCAR OS PREGOS PESADOS DE
SEUS PÉS. SANGUE, O SANGUE DELE CAIU SOBRE ELA E DESCEU GENTILMENTE PELO SEU
ROSTO E PELAS SUAS VESTES.
OLHOU PARA CIMA E VIU QUE ELE
ESTAVA MORTO. ELA OLHOU PARA SUAS PRÓPRIAS VESTES E PERCEBEU QUE TINHAM SIDO
ATINGIDAS DE UM VERMELHO VIVO. VIROU-SE E UMA ONDA DE ADMIRAÇÃO MURMUROU SOBRE
A MULTIDÃO ESPECTADORA. DEVAGAR, ELA FOI EMBORA. SENTOU-SE AO LADO DE UM LAGO PARA
DESCANSAR. VIU SEU ROSTO REFLETIDO NA CALMA SUPERFÍCIE DA ÁGUA. NA MAIORIA DAS
VEZES NÃO GOSTAVA DE VER SEU ROSTO. MAS – O QUE ERA AQUILO? ELA NÃO RECONHECEU
A SI MESMA! ESTAVA BELA! DE CERTA FORMA SEUS OLHOS TINHAM SIDO PURIFICADOS E
ELA VIA, APESAR DE SUA FEIÚRA, A SUA BELEZA INTERIOR.
É POR ISSO QUE, DESDE ENTÃO,
OS HOMENS QUE SÃO CAPAZES DE VER PROFUNDAMENTE SABEM QUE O AMOR DESPOSOU A DONA
DOR, E QUE O AMOR PODE FAZÊ-LA BONITA – TÃO BONITA COMO ELA SE VIU NAQUELE DIA
DA MORTE DO AMOR.
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