sábado, 9 de dezembro de 2017

DESALOJARAM JESUS - CHIARA LUBICH



            O natal se aproxima e as ruas da cidade se engalanam de luzes. Uma fileira interminável de lojas, uma riqueza refinada, mas excessiva. Á esquerda do nosso carro, uma série de vitrines que não passam despercebidas. Por trás do vidro, a neve cai graciosamente;- ilusão de óptica. Além disso, meninos e meninas, em trenós puxados por renas e animaizinhos waltdisneyanos. E mais trenós, papai Noel, veadinhos, leitõezinhos, lebres, rãs, fantoches e anões vermelhos. Tudo se move com elegância. Ah! Lá estão os anjinhos...que nada! São fadinhas, inventadas á última hora para enfeitar a paisagem branca.
            Acompanhado dos pais, um menino se levanta na pontinha dos pés e observa, enfeitiçado. Mas em meu coração, a incredulidade e, depois, quase uma revolta;- este mundo rico defraudou o natal e tudo o que o cerca, e desalojou Jesus. Do natal, ama-se a poesia, a atmosfera, a amizade que desperta, os presentes que expõe, as luzes, as estrelas, as canções. Aposta-se no natal para o melhor faturamento do ano. Mas em Jesus não se pensa.
            Veio para os seus e os seus não o receberam. Não havia um lugar para ele na sala, nem mesmo no natal. Não dormi esta noite. Este pensamento me manteve acordada. Se eu renascesse – faria tanta coisa. Fundaria uma entidade a serviço dos natais dos homens na terra. Imprimiria os cartões de natal mais bonitos do mundo.
            Criaria estátuas e estatuetas com o mais apurado talento. Gravaria poesias, canções antigas e novas, ilustraria livros para crianças e adultos sobre este mistério do amor, redigiria roteiros para teatro ou filmes.
            Nem sei o que faria...
            Hoje, agradeço á igreja que salvou as imagens. Anos atrás, quando fui a um país dominado pelo ateísmo, havia um sacerdote esculpindo imagens de anjos para o povo se lembrar do céu. Hoje o entendo melhor, é exigência do ateísmo prático que agora invade o mundo por toda a parte.

            Certo é que preservar o natal e, ao contrário, banir o Recém Nascido, é algo que angustia. Que ao menos em todas as nossas casas se apregoe Quem Nasceu, preparando-lhe uma festa sem igual.   

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