segunda-feira, 16 de outubro de 2017

OS PECADOS DE OMISSÃO;- CARVAJAL.


 
 

            - a parábola dos talentos. Recebemos muitos bens e dons do SENHOR. Somos administradores e não donos.

            - responsabilidade de fazer render os talentos pessoais.

            - omissões. Atuação dos cristãos na vida social e na pública.

O SENHOR depois de fazer um apelo á vigilância, propõe no evangelho uma parábola que é a nova chamada a responsabilidade perante as graças que recebemos. Um homem rico- teve de sair de viagem e, antes de partir, confiou aos seus servos todos os seus bens para que os administrassem e fizessem render. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, segundo a capacidade de cada um. O talento era uma unidade contábil que equivalia a cerca de cinquenta quilos de prata – e utilizava-se para medir grandes quantias de dinheiro. Nos tempos de CRISTO, valia perto de seis mil denários, e um denário aparece no evangelho como o salário, de um da de um trabalhador do campo. Mesmo o servo a quem menos bens se confiou (um talento) recebeu do SENHOR uma quantia de dinheiro muito grande. Um primeiro ensinamento desta parábola;- recebemos bens incontáveis.

            Entre outros dons, recebemos a vida natural, o primeiro presente de DEUS;- A INTELIGÊNCIA, para compreender as verdades criadas e através delas ascender até o CRIADOR;- a vontade, para querer o bem, para amar;- a LIBERDADE, com a qual nos dirigimos como filhos para a CASA paterna;- o tempo, para servir a DEUS e dar-lhe glória;- BENS MATERIAIS, para realizar boas obras em favor da família, da sociedade, dos mais necessitados...

            Em outro plano, incomparavelmente mais alto e de maior valor, recebemos a vida da graça – participação na vida eterna de DEUS, que nos torna membros da IGREJA e beneficiários da COMUNHÃO DOS SANTOS, e a chamada de DEUS para segui-lo de perto. Temos á nossa disposição os sacramentos, especialmente o dom inestimável da SAGRADA EUCARISTIA;- foi-nos dada como MÃE A MÃE DE DEUS;- recebemos os 7 dons do ESPÍRITO SANTO que nos impelem constantemente a ser melhores;- e um anjo que nos guarda e protege...

            Recebemos a vida e os dons que a acompanham como um legado, para fazê-los render. E desse legado hão de pedir-nos contas no final dos nossos dias. Somos administradores de uns bens, alguns dos quais só possuiremos durante este curto tempo de vida. Depois o SENHOR dir-nos-á;- DÁ-ME CONTAS DA TUA ADMINISTRAÇÃO. Não somos donos, mas apenas gestores de um cabedal divino. Há, assim, duas maneiras de entender a vida;- sentirmo-nos administradores e fazer render o que recebemos com responsabilidade, diante de DEUS, ou viver como se fôssemos donos, em benefício da nossa própria comodidade, do nosso egoísmo e dos nossos caprichos. Perguntemo-nos hoje, na nossa oração, qual dessas duas atitudes é a nossa.

            O SENHOR ESPERA VER o seu patrimônio bem administrado;- e espera um rendimento de acordo com o que recebemos. O prêmio é imenso;- esta parábola ensina que o muito daqui, da nossa vida na terra, é pouco em relação com o prêmio no céu. Assim o compreenderam os 2 primeiros servos da parábola;- puseram em jogo os talentos recebidos e ganharam com eles outro tanto. Por isso, cada um deles pode ouvir dos lábios do seu SENHOR estas palavras;- MUITO BEM, SERVO BOM E FIEL;- PORQUE FOSTE FIEL NO POUCO, EU TE CONSTITUIREI SOBRE O MUITO;- ENTRA NA ALEGRIA DO TEU SENHOR. Fizeram o melhor negócio;- ganhar a felicidade eterna. Os bens desta vida, ainda que sejam muitos são sempre pouco em comparação com o que DEUS dará aos que o servem e amam.

            O terceiro servo enterrou o seu talento na terra, não negociou com ele;- perdeu o tempo e não tirou nenhum proveito daquilo que tinha recebido. A sua vida foi um cúmulo de omissões, de oportunidades desperdiçadas, de bens materiais e de tempo mal gastos. Apresentou-se diante do seu SENHOR de mãos vazias. A sua existência foi um viver inútil em relação ao que realmente importava;- ocupou-se talvez em outras coisas, mas não levou a cabo o que realmente se esperava dele.

            Enterrar o talento que DEUS nos confiou é ter capacidade de amar e não amar, poder tornar felizes os que estão junto de nós e deixá-los na tristeza e na infelicidade;- ter bens e não fazer o bem com eles;- poder levar os outros a DEUS e desaproveitar as oportunidades, por pensar que ninguém nos manda meter-nos na vida dos outros, quando é CRISTO que no-lo manda;- é abandonar a prática religiosa ou mantê-la num mínimo medíocre – quando a vida interior de oração e sacrifício está chamada a crescer...- para o estudante – fazer render os talentos significa estudar em consciência, aproveitando bem o tempo, sem deixar-se contagiar nesciamente pela ociosidade dos outros. Para o profissional, para a dona de casa, fazer render os talentos significa realizar um trabalho exemplar, intenso, em que se tem presente a pontualidade e a perfeição na execução. De maneira especial, DEUS HÁ DE PEDIR-NOS CONTAS DAQUELES QUE, POR DIVERSOS MOTIVOS, TENHA COLOCADO SOB OS NOSSOS CUIDADOS. Santo Agostinho diz que quem está á frente dos seus irmãos e não se preocupa com eles é um guardião de palha, como um espantalho que nem sequer serve para afugentar os pássaros que vêm e comem as uvas.

            Seja triste se, olhando para trás, a nossa vida passada desfilasse diante de nós como uma grande avenida de ocasiões perdidas, se percebêssemos nesse momento que a capacidade que DEUS nos deu tinha estacionado numa via morta por preguiça, abandono ou egoísmo. Nós queremos servir o SENHOR;- mais do que isso;- é a única coisa que nos importa. Peçamos-lhe que nos ajude a dar frutos de santidade;- de amor e sacrifício. E que estejamos convencidos de que não basta, não é suficiente simplesmente (não cometer o mal) – é necessário (negociar o talento)- fazer positivamente o bem.

            Pôr em jogo os talentos recebidos abarca todas as manifestações da vida social e pessoal. A vida CRISTÃ leva-nos a desenvolver a personalidade, a capacidade de amizade, de cordialidade, as possibilidades de fazer o bem...- temos que exercitar essas qualidades através de iniciativas cheias de fé, que nos hão de levar a vencer os respeitos humanos e a provocar conversas a sós que animem os nossos parentes, amigos ou colegas de trabalho a aproximar-se de DEUS, a retificar defeitos do caráter que comprometem o rendimento profissional ou a paz familiar, a ser muito responsáveis na educação humana e religiosa dos filhos.

            Temos que ser homens empreendedores, que lançam ou secundam com o seu tempo e trabalho atividades de benemerência, obras de promoção do meio social e sobretudo de formação humana e cristã da juventude. O mundo dos nossos dias afunda-se na apatia e na desilusão, no desconcerto e na crítica negativa. Um punhado de homens de esperança, decididos e audazes, pode devolver-lhe o entusiasmo, a grandeza de alma e o otimismo cristão. E nós temos de ser esse pequeno fermento que leveda toda a massa. Que o SENHOR possa dizer-nos um dia, após uma vida em que não nos omitimos;- TIVE FOME E ME DESTES DE COMER, TIVE SEDE E ME DESTES DE BEBER, ESTAVA NU E ME VESTISTES.

            O tempo com que podemos contar para realizar o que DEUS quer de nós é sempre escasso;- não sabemos até quando se prolongarão esses dias que fazem parte do talento que recebemos. Todos os dias podemos tirar muito rendimento dos dons que DEUS colocou em nossas mãos;- uma infinidade de pequenas tarefas, uma sequência de pequenos atos de fé e de serviço podem preencher a medida do rendimento que DEUS espera de nós. Não pensemos em grandes façanhas. Humildemente, pensemos nos dons que DEUS nos deu e partamos deles- do que temos e somos com a graça de DEUS – para multiplicá-los numa cadeia de boas obras constantes – cuja continuidade estará assegurada porque não se tratará de uma obra humana, mas de uma colaboração com os planos divinos.

            A CONFISSÃO frequente ajudar-nos-á a evitar as omissões que empobrecem a vida de um cristão. Nela na confissão frequente – deve prestar-se especial atenção aos deveres descuidados, ainda que com frequência sejam deveres de pouca importância – ás inspirações da graça que ficaram sem correspondência, ás ocasiões de fazer o bem que foram desaproveitadas, aos momentos perdidos, ao amor ao próximo não demonstrado ou demonstrado insuficientemente. Devem despertar nela um profundo e sério pesar e uma decidida vontade de lutar conscientemente contra as menores omissões de que tenhamos consciência. Se recorrermos á confissão com esse propósito, ser-nos-á concedida na absolvição do sacerdote a graça de reconhecermos melhor essas omissões e de as tomarmos a sério. Com essa graça do sacramento, ser-nos-á mais fácil esses pecados de omissão e cumular a vida de frutos abundantes para DEUS.

            PORQUE FOSTE FIEL NO POUCO, EU TE CONSTITUIREI SOBRE O MUITO.      

  

 

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