- a parábola dos talentos. Recebemos
muitos bens e dons do SENHOR. Somos administradores e não donos.
- responsabilidade de fazer render
os talentos pessoais.
- omissões. Atuação dos cristãos na
vida social e na pública.
O
SENHOR depois de fazer um apelo á vigilância, propõe no evangelho uma parábola
que é a nova chamada a responsabilidade perante as graças que recebemos. Um
homem rico- teve de sair de viagem e, antes de partir, confiou aos seus servos
todos os seus bens para que os administrassem e fizessem render. A um deu cinco
talentos, a outro dois e a outro um, segundo a capacidade de cada um. O talento
era uma unidade contábil que equivalia a cerca de cinquenta quilos de prata – e
utilizava-se para medir grandes quantias de dinheiro. Nos tempos de CRISTO,
valia perto de seis mil denários, e um denário aparece no evangelho como o
salário, de um da de um trabalhador do campo. Mesmo o servo a quem menos bens
se confiou (um talento) recebeu do SENHOR uma quantia de dinheiro muito grande.
Um primeiro ensinamento desta parábola;- recebemos bens incontáveis.
Entre outros dons, recebemos a vida
natural, o primeiro presente de DEUS;- A INTELIGÊNCIA, para compreender as
verdades criadas e através delas ascender até o CRIADOR;- a vontade, para
querer o bem, para amar;- a LIBERDADE, com a qual nos dirigimos como filhos
para a CASA paterna;- o tempo, para servir a DEUS e dar-lhe glória;- BENS
MATERIAIS, para realizar boas obras em favor da família, da sociedade, dos mais
necessitados...
Em outro plano, incomparavelmente
mais alto e de maior valor, recebemos a vida da graça – participação na vida
eterna de DEUS, que nos torna membros da IGREJA e beneficiários da COMUNHÃO DOS
SANTOS, e a chamada de DEUS para segui-lo de perto. Temos á nossa disposição os
sacramentos, especialmente o dom inestimável da SAGRADA EUCARISTIA;- foi-nos
dada como MÃE A MÃE DE DEUS;- recebemos os 7 dons do ESPÍRITO SANTO que nos
impelem constantemente a ser melhores;- e um anjo que nos guarda e protege...
Recebemos a vida e os dons que a
acompanham como um legado, para fazê-los render. E desse legado hão de
pedir-nos contas no final dos nossos dias. Somos administradores de uns bens,
alguns dos quais só possuiremos durante este curto tempo de vida. Depois o SENHOR
dir-nos-á;- DÁ-ME CONTAS DA TUA ADMINISTRAÇÃO. Não somos donos, mas apenas
gestores de um cabedal divino. Há, assim, duas maneiras de entender a vida;-
sentirmo-nos administradores e fazer render o que recebemos com
responsabilidade, diante de DEUS, ou viver como se fôssemos donos, em benefício
da nossa própria comodidade, do nosso egoísmo e dos nossos caprichos.
Perguntemo-nos hoje, na nossa oração, qual dessas duas atitudes é a nossa.
O SENHOR ESPERA VER o seu patrimônio
bem administrado;- e espera um rendimento de acordo com o que recebemos. O
prêmio é imenso;- esta parábola ensina que o muito daqui, da nossa vida na
terra, é pouco em relação com o prêmio no céu. Assim o compreenderam os 2
primeiros servos da parábola;- puseram em jogo os talentos recebidos e ganharam
com eles outro tanto. Por isso, cada um deles pode ouvir dos lábios do seu
SENHOR estas palavras;- MUITO BEM, SERVO BOM E FIEL;- PORQUE FOSTE FIEL NO
POUCO, EU TE CONSTITUIREI SOBRE O MUITO;- ENTRA NA ALEGRIA DO TEU SENHOR.
Fizeram o melhor negócio;- ganhar a felicidade eterna. Os bens desta vida,
ainda que sejam muitos são sempre pouco em comparação com o que DEUS dará aos
que o servem e amam.
O terceiro servo enterrou o seu
talento na terra, não negociou com ele;- perdeu o tempo e não tirou nenhum
proveito daquilo que tinha recebido. A sua vida foi um cúmulo de omissões, de
oportunidades desperdiçadas, de bens materiais e de tempo mal gastos.
Apresentou-se diante do seu SENHOR de mãos vazias. A sua existência foi um
viver inútil em relação ao que realmente importava;- ocupou-se talvez em outras
coisas, mas não levou a cabo o que realmente se esperava dele.
Enterrar o talento que DEUS nos
confiou é ter capacidade de amar e não amar, poder tornar felizes os que estão
junto de nós e deixá-los na tristeza e na infelicidade;- ter bens e não fazer o
bem com eles;- poder levar os outros a DEUS e desaproveitar as oportunidades,
por pensar que ninguém nos manda meter-nos na vida dos outros, quando é CRISTO
que no-lo manda;- é abandonar a prática religiosa ou mantê-la num mínimo
medíocre – quando a vida interior de oração e sacrifício está chamada a
crescer...- para o estudante – fazer render os talentos significa estudar em
consciência, aproveitando bem o tempo, sem deixar-se contagiar nesciamente pela
ociosidade dos outros. Para o profissional, para a dona de casa, fazer render
os talentos significa realizar um trabalho exemplar, intenso, em que se tem
presente a pontualidade e a perfeição na execução. De maneira especial, DEUS HÁ
DE PEDIR-NOS CONTAS DAQUELES QUE, POR DIVERSOS MOTIVOS, TENHA COLOCADO SOB OS
NOSSOS CUIDADOS. Santo Agostinho diz que quem está á frente dos seus irmãos e
não se preocupa com eles é um guardião de palha, como um espantalho que nem
sequer serve para afugentar os pássaros que vêm e comem as uvas.
Seja triste se, olhando para trás, a
nossa vida passada desfilasse diante de nós como uma grande avenida de ocasiões
perdidas, se percebêssemos nesse momento que a capacidade que DEUS nos deu
tinha estacionado numa via morta por preguiça, abandono ou egoísmo. Nós
queremos servir o SENHOR;- mais do que isso;- é a única coisa que nos importa. Peçamos-lhe
que nos ajude a dar frutos de santidade;- de amor e sacrifício. E que estejamos
convencidos de que não basta, não é suficiente simplesmente (não cometer o mal)
– é necessário (negociar o talento)- fazer positivamente o bem.
Pôr em jogo os talentos recebidos
abarca todas as manifestações da vida social e pessoal. A vida CRISTÃ leva-nos
a desenvolver a personalidade, a capacidade de amizade, de cordialidade, as
possibilidades de fazer o bem...- temos que exercitar essas qualidades através
de iniciativas cheias de fé, que nos hão de levar a vencer os respeitos humanos
e a provocar conversas a sós que animem os nossos parentes, amigos ou colegas
de trabalho a aproximar-se de DEUS, a retificar defeitos do caráter que
comprometem o rendimento profissional ou a paz familiar, a ser muito
responsáveis na educação humana e religiosa dos filhos.
Temos que ser homens empreendedores,
que lançam ou secundam com o seu tempo e trabalho atividades de benemerência,
obras de promoção do meio social e sobretudo de formação humana e cristã da
juventude. O mundo dos nossos dias afunda-se na apatia e na desilusão, no
desconcerto e na crítica negativa. Um punhado de homens de esperança, decididos
e audazes, pode devolver-lhe o entusiasmo, a grandeza de alma e o otimismo
cristão. E nós temos de ser esse pequeno fermento que leveda toda a massa. Que
o SENHOR possa dizer-nos um dia, após uma vida em que não nos omitimos;- TIVE
FOME E ME DESTES DE COMER, TIVE SEDE E ME DESTES DE BEBER, ESTAVA NU E ME
VESTISTES.
O tempo com que podemos contar para
realizar o que DEUS quer de nós é sempre escasso;- não sabemos até quando se
prolongarão esses dias que fazem parte do talento que recebemos. Todos os dias
podemos tirar muito rendimento dos dons que DEUS colocou em nossas mãos;- uma
infinidade de pequenas tarefas, uma sequência de pequenos atos de fé e de
serviço podem preencher a medida do rendimento que DEUS espera de nós. Não
pensemos em grandes façanhas. Humildemente, pensemos nos dons que DEUS nos deu
e partamos deles- do que temos e somos com a graça de DEUS – para multiplicá-los
numa cadeia de boas obras constantes – cuja continuidade estará assegurada
porque não se tratará de uma obra humana, mas de uma colaboração com os planos
divinos.
A CONFISSÃO frequente ajudar-nos-á a
evitar as omissões que empobrecem a vida de um cristão. Nela na confissão
frequente – deve prestar-se especial atenção aos deveres descuidados, ainda que
com frequência sejam deveres de pouca importância – ás inspirações da graça que
ficaram sem correspondência, ás ocasiões de fazer o bem que foram desaproveitadas,
aos momentos perdidos, ao amor ao próximo não demonstrado ou demonstrado
insuficientemente. Devem despertar nela um profundo e sério pesar e uma
decidida vontade de lutar conscientemente contra as menores omissões de que
tenhamos consciência. Se recorrermos á confissão com esse propósito, ser-nos-á
concedida na absolvição do sacerdote a graça de reconhecermos melhor essas
omissões e de as tomarmos a sério. Com essa graça do sacramento, ser-nos-á mais
fácil esses pecados de omissão e cumular a vida de frutos abundantes para DEUS.
PORQUE FOSTE FIEL NO POUCO, EU TE
CONSTITUIREI SOBRE O MUITO.
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