quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A sabedoria dos monges;- Anselm Grün


 
 

Maturidade humana;- o segundo pressuposto diz respeito aos hábitos maduros ou ao caráter maduro. A palavra maduro refere-se a fruta, que amadureceu e que então pode ser colhida. Apenas a fruta madura é saborosa. A fruta verde tem um paladar amargo ou ácido. A tarefa do celeireiro pressupõe maturidade humana. Somente assim ele pode ser apreciado por aqueles aos quais deve estar á frente. Ele precisa ser amadurecido pela chuva e pelo sol e ter se entregadoá vida. Quando ele se coloca sob a chuva e o sol, sob o calor do dia e a escuridão da noite, a semente, que trás dentro de si, transforma-se lentamente. Os critérios para o amadurecimento humano são a paz interior, a serenidade, a integridade, a identidade consigo mesmo. Aqueles que está em contato com seu centro não se deixa facilmente levar á insegurança. Já naquele que é imaturo ou não calejado surgem furtivamente comportamentos que não fazem nenhum bem ás pessoas. Nas manchetes da imprensa vemos todo o tempo gestores que, embora ganham muito dinheiro, permaneceram imaturos. Mesmo nos dias de hoje é uma expectativa justa dos  colaboradores exigirem que o gestor tenha maturidade humana. Pois de outra forma não existiria motivação para aceitarem suas ordens e se deixarem liderar por ele.

            Bento também enumera algumas características de uma pessoa madura. Em primeiro lugar está a sobriedade. Sobritus, significa não estar embriagado, ter temperança, não se deixar vencer pelos desejos, ser sensato, ponderado. Sóbrio é aquele que vê as coisas como elas são, que não as adultera através da nevoa de sua embriaguez. Sóbrio é aquele que é imparcial que pode avaliar objetivamente, que não se deixa levar pelas emoções. Muitos não vêem as coisas como elas são, mas antes através da lente de suas necessidades reprimidas, de suas emoções, de seus medos e de suas desconfianças. Para Bento, aquele que é imparcial é uma pessoa amadurecida e espiritualizada.

            A espiritualidade não é uma fuga da realidade, mas antes exatamente a arte de ser imparcial, de ver as coisas assim como Deus as criou. Nós pensamos que isto seja fácil. No entanto, nós vivenciamos as coisas da maneira como as vemos. E muitas vezes não as vemos da maneira correta;- nós criamos ilusões da realidade. Nós vivemos na ilusão de que podemos utilizar tudo a nosso favor. Nós vivemos na fantasia de que somos os motores, as pessoas mais importantes que existem. Sendo assim, tudo existe para nos servir. Aquele que caminha pelo mundo tão embriagado por suas ilusões não poderá liderar de verdade. Pelo contrário, ele acabará por corromper aqueles que deveria conduzir. Em muitos dos casos de falências torna-se claro que os líderes estão presos a algum tipo de ilusão;- que não avaliaram a realidade com sobriedade.

            Edzard Reuter descreveu várias vezes em suas memórias como uma grande indústria como a Daimler Benz pode ser fortemente prejudicada pelos atritos que surgem a partir da inveja dos colegas que ocupam cargos superiores. Cada um tem as suas próprias preferências e luta por elas. Alega que luta pela causa. No entanto, trata-se aqui do próprio poder, da vaidade pessoal e do reconhecimento exterior. Se um superior não possuir um caráter amadurecido e não se colocar sobriamente diante das coisas, utilizará sua energia apenas para sufocar na raiz as coalizões que surgirem contra ele e para isto incentivará incompatibilidades entre os colegas, segundo Reuter. Sob este formato, nenhuma liderança pode ser bem sucedida. A energia não serve á causa, mas ao próprio poder. Assim não poderá ser formada uma equipe, mas antes – um bando de feras misturadas e sem domador, como foi descrita por um banqueiro a direção da Daimler Benz. Em uma empresa deste tipo a maior parte das energias se perde, pois cada um luta pelo seu próprio poder e influência. Para isto todos os meios são válidos. As pessoas não passam as informações adiante. Deixa-se o outro no escuro e continua-se cozinhando a própria sopa. Se um líder não encarar os conflitos de maneira objetiva, mas sim sob o prisma de suas vaidades pessoais, a empresa, e até mesmo a sociedade, acabarão arcando com os custos.então milhares de postos de trabalho passam a correr risco e dentro da empresa surge uma disputa pelas primeiras posições, mas nenhum clima que possa influenciar a sociedade em sentido positivo.

            O filósofo Otfried Hoffe, nascido em Tübingen, trabalhou em seu livro (moral como preço da modernidade)- os fundamentos de um ethos ecológico mundial, que condizem com as duas posturas de sabedoria e de sobriedade (ponderação) de Bento. Para Höffe as duas virtudes ecológicas mis importantes são a serenidade e a ponderação. Höffe exige serenidade contra a Hubris da própria superavaliação da ciência e a ponderação contra os excessos da técnica e da racionalidade econômica. A sobriedade que Bento exige de um celeireiro vê as coisas como elas são e lhes dá a dimensão que lhes é condizente. Hoje em dia liderar descamba com facilidade para o turbilhão dos excessos. Deseja-se continuar crescendo cada vez mais, ganhar cada vez mais. Somente um líder que seja sábio e sóbrio poderá resistir á tentação da falta de comedimento e satisfazer-se com a medida que é apropriada para ele e sua empresa.---------------------------------------------------------     

 

 

a nossa responsabilidade, é muito maior quando lidamos com vidas. Nós mesmo podemos nos apontar o dedo, e procurar melhorar nossos atos. Leia mais... e boa sorte.  Amém.   Edna cavaletti.

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