ORAÇÃO DO LIVRO IMITAÇÃO DE CRISTO – DA CALMA QUE SE DEVE CONSERVAR NOS NEGÓCIOS
Cristo:- Filho, confia-me sempre a tua casa, disporei tudo bem, há seu tempo.
Espera pela minha decisão e disso tirarás proveito.
A Alma Fiel:- Senhor, de mui boa vontade, deponho em vossas mãos todos os meus negócios, porque pouco pode aproveitar a minha diligencia.
Oxalá não me inquietasse com os acontecimentos futuros, mas, prontamente, me entregasse ao vosso beneplácito!
Cristo:- Filho, muitas vezes procura o homem, ansiosamente, alguma coisa que deseja; quando porem, a alcança, começa a pensar de outro modo; porque as afeições não são duráveis e passam, facilmente, de um outro objeto.
Não é, pois, pequena coisa, mesmo nas coisas mínimas, cada um renunciar-se a si mesmo.
Mas o antigo adversário de todo o bem não deixa de tentar ;ao contrario, dia e noite, arma cruéis ciladas, para precipitar o incauto nos laços do seu engano.
Vigiai e orai, diz o Senhor, para que não entreis em tentação.
Reflexões
Há nos negócios humanos um perigo terrível para a alma, quando não vela atentamente sobre si mesma. Não falamos das tentações de interesse, posto que sejam bastante vivas e multiplicadas, que de ordinário acabam por enfraquecer pelo menos a consciência. Ainda quando elas não produzem este triste efeito, dessecam o coração, preocupam o ânimo, desviam de Deus e do grande pensamento da salvação. Há sempre certa pressa na expedição dos negócios que não admitem demora; e com este pretexto, sem propósito deliberado, pelas únicas ocupações que nos proporcionamos, abandonamos pouco a pouco os exercícios que alimentam a piedade, as santas leituras, a oração, os deveres indispensáveis da religião, e assim se passa a vida cheia de projetos, de cuidados, de trabalhos, no esquecimento da “única coisa necessária” (Lc 10,42).
As próprias doenças não despertam o homem embaraçado nos negócios; a nenhuma advertência dá ouvidos. Chega enfim a morte, arrebata este homem, apresenta-o ao soberano Juiz que lhe pergunta: Que fizeste do tempo que te concedi? Volve o infeliz os olhos a vida passada, e vê trinta, quarenta, sessenta anos consumidos todos nos cuidados da terra e nada mais vê. Em sua alma, nunca pensou. Nesse momento já é tarde para começar a ocupar-se dela e sua sorte esta fixada irrevogavelmente. Ah! Pensai primeiro naquilo que não deve acabar. “ Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Lc 12,31).
Apagar em si o desejo do que é transitório, confiar na Providencia, não querer se não senão o que ela quer, como e quando ela quer, eis o caminho da paz e o único fundamento solido de esperança na ultima hora.
Oh! Como ando cego, enganado e perdido quando busco paz e consolação fora de vós, meu Jesus, alegria de minha alma! E tanto mais perdido quanto mais me esqueço do amor que vos devo e gasto a vida nos pecados que vos causaram tanta aflição e tristeza quando por mim padecíeis no mundo! Abri , Senhor, meus olhos para que vejam claramente a vaidade das coisas mundanas e sigam vossos divinos exemplos; dirigi a minha vontade para que sempre queira o que vossa Providencia quiser, inflamai meu coração para que participe de vossos sentimentos e dores, e nunca jamais torne a renovar a causa de vossa aflição e tristeza. Óh! Vida de minha alma, quem me dera poder sentir como vós todos os meus males! Ofereço-me e entrego-me a vosso amor. Tratai-me como quiserdes; mudai-me como vedes que preciso; cativai-me como desejais, purificai-me como quereis e conservai-me sempre unido a vós e cativo como sabeis ser-me necessário. Meu Deus, meu amor, remediador meu e todo o meu bem.
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