terça-feira, 6 de setembro de 2011

Orações do Livro Imitação de Cristo - Para Pedir Graça da Devoção


Oração
Senhor, meu Deus, sois todo o meu bem. E quem sou para me atrever a falar-vos?
Sou o mais pobre dos vossos servos ,vermezinho abjeto e mais desprezível do que sei e posso dizer.
Lembrai-me, pois , Senhor, que nada eu sou , nada tenho e nada valho.
Somente vós sois bom, justo e santo ;tudo podeis, dais tudo e encheis tudo; só ao pecador deixais vazio.
Lembrai-vos das vossas misericórdias, enchei meu coração com a vossa graça, pois não quereis que sejam infrutuosas as vossas obras.
Como poderei sustentar-me, nesta miserável vida, se não me confortar vossa graça e misericórdia?
Não desvieis de mim a vossa face, não demoreis a vossa visita, não me priveis das vossas consolações, para que a minha alma não se torne para vós como uma terra sem água.
Ensinai-me, Senhor, a fazer a vossa vontade; ensinai-me a andar diante de vós, digna e humildemente; porque sois a minha ciência que, em verdade me conheceis e me conhecestes antes que o mundo fosse criado e antes que nele eu nascesse.
                                  
                                   Reflexões
Não há coisa mais rara que um desejo sincero da salvação; e é o que nos deve fazer tremer ,porque nossa sorte será como nós a fizermos: Deus ajuda-nos,vem como sua graça em socorro do livre arbítrio, mas ele não o força e nem constrange. Ora que vemos nós? Não falamos aqui do ímpio já resoluto a perder-se, e marcado já com o selo da reprovação: falamos daqueles que se dizem, que se crêem discípulos de Jesus Cristo. Na especulativa querem tais cristãos salvar-se; mas na prática querem sobretudo possuir os bens do mundo e gozar dos prazeres da terra. Darão a Deus , de passagem, algumas orações e obrigadas informar-se-ão da sua lei para conhecer o que ela ordena estritamente: tranquilos e desafogados, correrão após as honras, as riquezas, os prazeres que eles chamam legítimos, ou adormecerão numa vida mole, permitida a seus olhos, porque ela não viola em aparência nenhum preceito formal. Mas em tudo isto, onde está a fé que deve regular todas as ações relativamente à eternidade?
Onde está o amor de Deus ocupado sempre de seu objeto, o santo amor ávido de sacrifícios; onde está a paciência? Onde está a cruz? Ó meu Deus! E será isto desejar a salvação; não está porventura escrito que “aquele que busca sua alma a perderá”? (Lc17,33).
Julgue-se cada um de nós segundo esta palavra, antes do dia terrível em que o Senhor o julgará em verdade e justiça.
Eis aqui, Senhor, vossa miserável criatura a quem tanto amastes e por quem tanto fizestes, tão desaproveitada, tão fraca, tão perdida como vós vedes. Que será de mim, Senhor, sem a vossa misericórdia? Sem vós, Senhor, nem sei levantar-me; sei ofender-vos, e não vos sei contentar-se, se a vossa luz e a vossa graça, me não favorece e ajuda. Vós vedes, Senhor, que tudo há de vir de vossa mão: vontade, o desejo, e pôr por obra o que em mim inspirais. Ó amador benigníssimo dos homens! Vós sois o verdadeiro amparo dos órfãos, o remédio pronto dos necessitados; lançai-me os olhos de vossa misericórdia e piedade, compadecei-vos, Senhor, de minhas misérias, e regai este miserável coração com essa fonte viva de vossa eterna bondade. Ó luz verdadeira, não me deixeis em minhas trevas! Ó fortaleza infinita, esforçai minha miserável fraqueza! Recebei, Senhor, meu desejo, ajudai esta pobre vontade, esquecei-vos do que vos mereço, e dai-me o que na cruz me merecestes. Faça vossa bondade em mim o que de mim quereis, para que tudo seja honra e glória vossa.
                       Amém.

Nenhum comentário: