Sei que cometo muitas faltas, mas não
sinto que quero ofender a Deus. como se explica isso? Nosso relacionamento com
Deus é como com uma pessoa conhecida. Pode ter altos e baixos.meus pecados são
minhas falhas neste relacionamento. Mas existe uma grande diferença entre a
minha atitude e a de Deus. ele é sempre fiel.
Nunca falha na sua amizade. Cobre-me de
atenções. Devo-lhe mil favores. Salvou minha própria vida. Posso procurar
corresponder a tanta bondade. Sei que sou limitado. Não consigo retribuir-lhe nem
de longe na mesma medida. Mas tento colaborar com ele e com seus projetos;-
fazer o que ele me pede;- pôr tudo o que tenho a sua disposição.
Mas apesar da minha boa vontade, do
respeito e da gratidão que tenho para com ele, ás vezes sou egoísta. Meu gosto
e meu interesse particular prevalecem sobre a nossa amizade. Finjo que não ouço
o seu pedido. Deixo de fazer o que ele quer ou tomo uma atitude que o desgosta.
Não quero ofendê-lo, mas acabo
magoando-o, porque prefiro fazer a minha vontade. São coisas pequenas, que não
rompem a nossa amizade, mas a enfraquecem, se se repetem voluntariamente. Se
não cedo naqueles pontos, embora saiba que ele tem razão, vou criando de minha
parte certa distância no relacionamento. Essas falhas chamam-se pecados
veniais.
São incoerências em relação a minha
decisão fundamental de ser fiel a Deus. Mas pode ser que num certo momento me
encontre diante de uma situação mais séria. É como se um amigo estivesse num
grave perigo e pedisse a minha ajuda. Recusar fazer tudo o que posso significa
ofendê-lo gravemente, trair a nossa amizade.
Não quereria dar esse passo. Mas ir em
sua ajuda exige sacrifícios. Devo arriscar-me, renunciar as coisas que me
traem. Acabo fraquejando, por medo ou por apego a minha segurança e prazer. Meu
amor não é o bastante forte, para vencer esta prova. Nesse caso também, apesar
da gravidade do assunto, não se rompeu completamente a relação com Deus.
É uma fraqueza culpável – mas não
uma rejeição plenamente voluntaria de Deus. Não sou suficientemente livre para
fazer o que ele me pede. Continuo desejando orientar minha vida para ele, embora
não consiga talvez libertar-me logo daquela situação.
Neste caso, não há propriamente um
pecado mortal. Se procuro sinceramente superar o problema, a gravidade da coisa
em si mesma fica atenuada pela falta de plena responsabilidade. O pecado mortal
é ao contrário, o rompimento consciente e voluntário da relação com Deus, faço
o que quero, sem me importar se isso agrada ou não a Deus.
Deliberadamente viro as costas a ele. É
o cúmulo da nossa arrogância e maldade. Não acontece para quem tem boa vontade.
Mas se vamos descuidando de cultivar a nossa amizade com Deus, caímos na
indiferença e então tudo é possível.
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