sábado, 13 de janeiro de 2018

PECADO MORTAL E VENIAL - JOÃO DOWELL




Sei que cometo muitas faltas, mas não sinto que quero ofender a Deus. como se explica isso? Nosso relacionamento com Deus é como com uma pessoa conhecida. Pode ter altos e baixos.meus pecados são minhas falhas neste relacionamento. Mas existe uma grande diferença entre a minha atitude e a de Deus. ele é sempre fiel.
Nunca falha na sua amizade. Cobre-me de atenções. Devo-lhe mil favores. Salvou minha própria vida. Posso procurar corresponder a tanta bondade. Sei que sou limitado. Não consigo retribuir-lhe nem de longe na mesma medida. Mas tento colaborar com ele e com seus projetos;- fazer o que ele me pede;- pôr tudo o que tenho a sua disposição.
            Mas apesar da minha boa vontade, do respeito e da gratidão que tenho para com ele, ás vezes sou egoísta. Meu gosto e meu interesse particular prevalecem sobre a nossa amizade. Finjo que não ouço o seu pedido. Deixo de fazer o que ele quer ou tomo uma atitude que o desgosta.
Não quero ofendê-lo, mas acabo magoando-o, porque prefiro fazer a minha vontade. São coisas pequenas, que não rompem a nossa amizade, mas a enfraquecem, se se repetem voluntariamente. Se não cedo naqueles pontos, embora saiba que ele tem razão, vou criando de minha parte certa distância no relacionamento. Essas falhas chamam-se pecados veniais.
            São incoerências em relação a minha decisão fundamental de ser fiel a Deus. Mas pode ser que num certo momento me encontre diante de uma situação mais séria. É como se um amigo estivesse num grave perigo e pedisse a minha ajuda. Recusar fazer tudo o que posso significa ofendê-lo gravemente, trair a nossa amizade.
Não quereria dar esse passo. Mas ir em sua ajuda exige sacrifícios. Devo arriscar-me, renunciar as coisas que me traem. Acabo fraquejando, por medo ou por apego a minha segurança e prazer. Meu amor não é o bastante forte, para vencer esta prova. Nesse caso também, apesar da gravidade do assunto, não se rompeu completamente a relação com Deus.
            É uma fraqueza culpável – mas não uma rejeição plenamente voluntaria de Deus. Não sou suficientemente livre para fazer o que ele me pede. Continuo desejando orientar minha vida para ele, embora não consiga talvez libertar-me logo daquela situação.
Neste caso, não há propriamente um pecado mortal. Se procuro sinceramente superar o problema, a gravidade da coisa em si mesma fica atenuada pela falta de plena responsabilidade. O pecado mortal é ao contrário, o rompimento consciente e voluntário da relação com Deus, faço o que quero, sem me importar se isso agrada ou não a Deus.

Deliberadamente viro as costas a ele. É o cúmulo da nossa arrogância e maldade. Não acontece para quem tem boa vontade. Mas se vamos descuidando de cultivar a nossa amizade com Deus, caímos na indiferença e então tudo é possível.

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