terça-feira, 7 de agosto de 2018

DEUS SABE;- CATHERÍNE DE HUECK DOHERTY.



Ela me contou, vacilante e um pouco timidamente, que queria ajudar-me a ajudar os negros. O que poderia fazer? Olhei para ela e a amei com grande amor;- tenho-a amado desde então. Ela nunca percebeu os dons que me trouxe naquele dia. Mas Deus sabia, pois, sem dúvida, ela era sua mensageira.
Na tarde escura em que ela chegou, eu estava só em meu sombrio apartamento que, naquele dia, parecia mais escuro do que nunca. A solidão de Cristo baixou e circulou á minha volta. Rodeou-me tão completamente que eu, literalmente, gritei. Não podia suportar mais nem um minuto daquilo. Pensei em fazer as malas e deixar este inferno na terra, onde a desumanidade dos homens para com os homens podia ser vista em todos os rostos que encontrava nas ruas sem árvores, tumultuadas, sujas e segregadas.
Então, subitamente, lá estava ela. Russell. De fala mansa, tímida, ainda assim, brilhando em sua amável face marrom-clara, havia uma caridade, cujo outro nome é amor. Minha sede bebeu desta fonte inesgotável. Havia um profundo repouso em suas maneiras calmas e senti-me refrescada.
Havia paz em sua fala gentil que era pontuada por um silêncio caloroso e amigável. Fui curado das minhas dores e medos. Levei-a ao porão onde tínhamos nosso centro de roupas e com as quais muitos nus seriam vestidos. Era o tempo de Depressão no Harlem. A porta do centro de roupas era pintada de azul.
 Quinze anos depois Russel ainda estava lá. Tinha entrado calmamente nos nossos corações naquela tarde sombria e pedido para ajudar os negros.
Depois de 15 anos ela ainda estava lá, ainda andando calmamente. Poucas pessoas percebiam seu trabalho, menos ainda sabiam sobre ela. Mas Deus sabe. Por sua presença lá, fui abençoada, como todos na CASA DA AMIZADE. Uma pessoa simples, quieta, que queria ajudar. Não era famosa Deus o sabe.

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