Ela me contou, vacilante e um pouco
timidamente, que queria ajudar-me a ajudar os negros. O que poderia fazer?
Olhei para ela e a amei com grande amor;- tenho-a amado desde então. Ela nunca
percebeu os dons que me trouxe naquele dia. Mas Deus sabia, pois, sem dúvida,
ela era sua mensageira.
Na tarde escura em que ela chegou, eu estava
só em meu sombrio apartamento que, naquele dia, parecia mais escuro do que
nunca. A solidão de Cristo baixou e circulou á minha volta. Rodeou-me tão
completamente que eu, literalmente, gritei. Não podia suportar mais nem um
minuto daquilo. Pensei em fazer as malas e deixar este inferno na terra, onde a
desumanidade dos homens para com os homens podia ser vista em todos os rostos
que encontrava nas ruas sem árvores, tumultuadas, sujas e segregadas.
Então, subitamente, lá estava ela. Russell. De
fala mansa, tímida, ainda assim, brilhando em sua amável face marrom-clara,
havia uma caridade, cujo outro nome é amor. Minha sede bebeu desta fonte
inesgotável. Havia um profundo repouso em suas maneiras calmas e senti-me
refrescada.
Havia paz em sua fala gentil que era pontuada
por um silêncio caloroso e amigável. Fui curado das minhas dores e medos.
Levei-a ao porão onde tínhamos nosso centro de roupas e com as quais muitos nus
seriam vestidos. Era o tempo de Depressão no Harlem. A porta do centro de
roupas era pintada de azul.
Quinze
anos depois Russel ainda estava lá. Tinha entrado calmamente nos nossos
corações naquela tarde sombria e pedido para ajudar os negros.
Depois de 15 anos ela ainda estava lá, ainda
andando calmamente. Poucas pessoas percebiam seu trabalho, menos ainda sabiam
sobre ela. Mas Deus sabe. Por sua presença lá, fui abençoada, como todos na
CASA DA AMIZADE. Uma pessoa simples, quieta, que queria ajudar. Não era famosa
Deus o sabe.
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