A presença da fé religiosa sempre
foi marcante na história da humanidade. Povos ensaiando os primeiros passos na
afirmação da dignidade humana, da mesma forma como povos envolvidos em
expressivas elaborações do sentido e da organização da vida, reservaram espaços
significativos para o reconhecimento de divindades e para a estruturação de
cultos. Em meio a tudo isso surge inevitável a pergunta;- a vida de fé estimula
o crescimento do ser humano, possibilitando-lhe extraordinárias elevações ou, pelo
contrário, é um fator de bloqueio no caminho em direção á maturidade? É uma
questão complicada e revela-se difícil responder-lhe com segurança. Para quem
se inspira nas ESCRITURAS judeu cristãs, que são testemunhos e não
demonstrações, a resposta é simples;- sob sua inspiração a dignidade humana é
não apenas respeitada, mas promovida com impressionante vigor. Mas é preciso
que se faça uma distinção entre a vida sugerida pela fé cristã e a atuação
histórica da igreja. Essa, em determinados momentos, traiu sua inspiração
original. Somente um compromisso incondicional com a vida permite interpretá-la
como mediação para caminhos de verdadeira grandeza humana.
A fé e o sofrimento;- quem
compreende a fé como afirmação da vida defronta-se com o escândalo do sofrimento
humano, sobretudo o que envolve os inocentes. O sofrimento dos culpados é não
aceito, mas até exigido. Para muita gente, a atitude compassiva em relação aos
pecadores deixa o sabor amargo de sacrifícios e renuncias literalmente inúteis.
O inferno seria mais uma exigência dos justos do que um desejo punitivo divino.
De todo modo, permanece aberto o problema de como seria possível conciliar a
providencia de DEUS com a existência do sofrimento. O sinal dos pães
multiplicados – mostra-nos JESUS envolvido com necessidades humanas
elementares. Testemunha com vigor que a plenitude da vida na comunhão com o
SENHOR não se bloqueia em face de experiências sofridas;- QUEM NOS SEPARARÁ DO
AMOR DE CRISTO? A tribulação, a angustia, a perseguição, a fome, a miséria, o
perigo, a espada? Mas em tudo isso somos vencedores, por AQUELE que nos amou. A
privação e a dor, obras do ser humano, não bloqueiam o caminho da dignidade e
da afirmação da vida.
Uma fé vacilante;- quando associamos
vida de fé e dignidade humana, pressupomos uma experiência religiosa que seja
densa e consistente. E quando isso acontece, são as fibras mais íntimas do
coração a serem envolvidas em singular dinamismo. De certa forma, o ser humano
é levado para além de si mesmo, em níveis nos quais ele não é produtivo e sim
receptivo;- é a eficácia da GRAÇA assegurando plenitude. Afinal, ninguém pode
produzir ou merecer aquilo que lhe é oferecido gratuitamente. Engana-se quem
imagina o vigor da GRAÇA nos moldes da força produtiva do ser humano. Pelo contrário,
ele se expressa em formas simples e quase imperceptíveis;- tudo isso, no
entanto, que chega sempre na sugestão e na oferta, revela-se ineficaz se a fé
for vacilante, incapaz de resistir ao mais simples abalo. O convite de JESUS
assegurando possibilidades não surge efeito porque PEDRO deixa-se tomar pela
dúvida e pelo medo. DAÍ A NECESSIDADE, NA ATITUDE ORANTE, DE IMPLORAR SEU
FORTALECIMENTO.
UMA MULHER SINGULAR;- a festa da
ASSUNÇÃO DE MARIA situa no centro da liturgia a figura de uma mulher que, reconhecida
como cheia de graça, fez da disponibilidade ao projeto de DEUS a grande
inspiração de sua vida. Independentemente de como possa hoje ser interpretada
sua elevação ao céu, a fé da igreja quer glorificar esta mulher singular que,
nada tendo feito de extraordinário, pode, no entanto, proclamar;- TODAS AS
GERAÇÕES ME PROCLAMARÃO BEM AVENTURADA, PORQUE O TODO PODEROSO FEZ POR MIM
GRANDES COISAS. Em conformidade a seu espírito, não se trata de atribuir-lhe
uma dignidade divina e sim a de glorificar a DEUS pelas maravilhas nela
realizadas. É justamente isso que a liturgia deveria fazer. Mas isso tudo
perderá consistência e soará em falso se, no interior da igreja, não forem
dados passos expressivos na afirmação da dignidade e do valor de toda mulher.
Hoje ela é ainda compreendida como pessoa subalterna, sem acesso ao coração da
igreja, prestando serviço naquilo que é de importância inferior. QUANDO JESUS
DEFINIU A VIDA PLENA COMO A RAZÃO DA SUA VINDA, NÃO FEZ ACEPÇÃO;- MULHERES E
HOMENS, INSEREM-SE NO MESMO DINAMISMO DIVINO.
UMA VIGOROSA PROFISSÃO DE FÉ;- a
figura do APÓSTOLO PEDRO, tal como se apresenta, é surpreendente. Homem de
reações imediatas, revela-se capaz de expressões generosas e de gestos marcados
pelo medo e pela covardia. Em face de opiniões discordantes a respeito da
identidade de JESUS, ele faz uma vigorosa profissão de fé;- TU ÉS O CRISTO, O
FILHO DE DEUS VIVO. O que inspira tal profissão de fé, não é, a rigor, uma
reflexão atenta ou uma argumentação consistente. É a resposta imediata e natural,
distante de posturas inspiradas no cálculo, de alguém marcado por intensa
afetividade. No interior de tal perspectiva, revela-se flagrante o contraste
com o apóstolo PAULO, que associa inseparavelmente o amor a JESUS CRISTO e a
entrega á missão á reflexão atenta, consciente do mistério;- Ó PROFUNDEZA DA
RIQUEZA, DA SABEDORIA E DA CIENCIA DE DEUS! quão insondáveis são os seus
julgamentos e impenetráveis seus caminhos. A unidade da fé na diversidade das
formas é meta essencial que a igreja não pode deixar de perseguir.
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