Dizer que todo mundo peca não é ter uma
visão muito pessimista da vida? Não seria mais animador considerar que todas as
pessoas no fundo têm boa vontade? Não adianta nada querer tapar
o sol com uma peneira. Ninguém pode negar a maldade que existe pelo mundo
afora. Pelos frutos, como diz Jesus, conhecemos se a árvore é boa ou má. Mas o
império do pecado só seria uma tragédia insuportável se não houvesse perdão e
salvação.
Um filósofo judeu, Martin Buber, disse com razão;- a
grande culpa do homem não são os pecados que ele comete;- a tentação é forte e nossas forças são limitadas! A grande culpa do
homem é que a qualquer momento pode converter-se e não o faz. são palavras em
plena sintonia com a mensagem de Jesus;- não são as pessoas com saúde que
precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os
pecadores, para que se convertam.
Jesus sabe que todos
nós estamos doentes;- quem se considera justo, sem pecado, está-se enganando.
Mas a nossa doença tem cura. Ele é o médico que veio restituir a saúde a todos
os que aceitam o seu tratamento. A conversão é possível a qualquer momento,
porque não é uma conquista nossa, mas um presente que Deus sempre está pronto a
nos dar. Basta que reconheçamos o nosso erro e aceitemos o seu perdão.
Foi o que aconteceu com o filho da história contada por
Jesus. ele tinha ofendido o seu Pai, abandonando sua casa e dissipando toda a
herança numa vida devassa. Mas quando caiu na conta da maldade que tinha
cometido, não se desesperou. Lembrando-se do amor de seu Pai, confiou no seu
perdão, mesmo sabendo que não o merecia. O Pai não ignora o que o filho fez.
Mas acima de toda a sua culpa, está o fato de que aquele homem miserável é seu
filho. O maior desejo do Pai era que ele voltasse. E agora que chega arrependido
não pode deixar de perdoá-lo e de restituir-lhe tudo numa grande festa. É esta
revelação do amor de Deus, feita por Jesus, que leva o apóstolo Paulo a
declarar;- o pecado se multiplicou, mas
a graça de Deus foi muito mais abundante. O ser humano pode perverter-se pelo
pecado, porque é livre. Mas com essa mesma liberdade pode converter-se para
Deus, aceitando o seu perdão. Deus não identifica o culpado com sua falta.
Reprova o pecado, mas ama o pecador. Quem peca conserva, apesar de tudo, a
dignidade de filho de Deus. Por isso o cristão, embora reconhecendo o pecado do
mundo, não é pessimista. Vê no fundo do coração humano a capacidade
indestrutível de recuperar-se pelo amor.
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