Porque devo confessar-me com um padre que
é um homem como todos os outros? Não basta pedir perdão a Deus? Certamente os
padres também pecam e precisam confessar os seus pecados como os outros
cristãos. Mas quando absolvem os pecados no sacramento da penitência, não atuam
em nome próprio, mas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Foi o
próprio Jesus que deu a seus apóstolos o poder de perdoar os pecados em seu
nome, quando disse;- como o Pai me enviou, também eu vos envio;- recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados;- aqueles
a que retiverdes;- serão retidos. Esse poder foi transmitido
aos bispos, sucessores dos apóstolos, e aos padres, seus colaboradores.
Qualquer pecado ofende não só a Deus mas também toda a comunidade cristã.
Formamos um só corpo, como diz São Paulo, e quando um membro peca, prejudica e
enfraquece o corpo todo. Todo pecado é uma falta ao verdadeiro amor para com
Deus e para com o próximo. Quando peco, faço aquilo que quero, sem me importar
com a lei de Deus e o bem dos outros. Se o pecado é grave, rompe a nossa
aliança com Deus, mas também nos afasta da comunidade.
Por isso a reconciliação com Deus é inseparável da
reconciliação com a igreja. Como diz Jesus;- se estiveres para apresentar a tua
oferta ao pé do altar e ali te lembrares de que teu irmão tem qualquer coisa
contra ti, larga a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com
teu irmão. O Pai não nos perdoa, se não nos reconciliamos com toda a sua
família. Não basta arrepender-se no fundo do próprio coração. É verdade que no
momento em que alguém se arrepende sinceramente de ter ofendido a Deus e feito
mal ao próximo, já está perdoado, contanto que tenha a intenção de
confessar-se. Pois, conforme o mandato de Jesus, é preciso também pedir e
receber o perdão da comunidade. Por isso a confissão chama-se sacramento da
reconciliação;- ela estabelece a nossa comunhão com Deus e com a igreja.
A confissão não foi instituída por Jesus como um peso
para nós, mas como uma ajuda. É sinal da misericórdia de Deus, que está sempre
disposto a perdoar. O confessor representa o bom pastor que busca a ovelha
perdida, o bom samaritano que cura as feridas do pecado, - o Pai que acolhe com
um abraço cheio de ternura o filho que volta a sua casa. É uma graça saber que,
confessando-me sinceramente, estou livre de minhas culpas. É claro que para
receber o perdão não basta declarar os pecados, e receber a absolvição. Sem um
verdadeiro arrependimento não podemos viver em paz com Deus e com os nossos irmãos
e irmãs.
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