segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A CONSTRUÇÃO;- DANIEL GODRI JUNIOR.


 
            Primeira parte.

Se você já construiu, reformou ou trabalha com obras você vai saber bem do que eu estou falando;- construção é algo trabalhoso, que leva tempo, incomoda e testa o seu casamento. A construção leva tempo porque, na prática, não acontece aquilo que gostaríamos que acontecesse. Em uma reforma, por exemplo, não imaginávamos aquele cano escondido, aquela rachadura que apareceria, aquele atraso de material. Depois que reformei minha casa, passei a admirar ainda mais os engenheiros. Eles ganharam posições na minha escala de admiração. Obra não é para qualquer um. Usei como título do livro (construindo um vencedor) justamente por isso. Acredito que o sucesso não é um ato, mas um processo assim como a construção. Nesse processo temos atrasos, temos que desconstruir, temos que trocar peças, demolir e reformar.

            Vivemos, atualmente, a graça da comodidade. Voos mais rápidos e curtos, compras com um clique de um botão, a geração dos controles remotos, fast food, a facilidade de transações pela internet. Tudo isso é uma grande benção. Porém, como efeito colateral, estamos desenvolvendo uma impaciência ímpar. Cada vez menos gostamos de esperar. Queremos e queremos agora. Essa impaciência explica bem porque livros de autoajuda, os quais dizem que você não precisa fazer absolutamente nada, vendem quantidades absurdas nas livrarias. Relaxe, concentre, foque e medite, o resto o universo  fará por você.

            Deite-se na rede, mentalize, uunn relaxe mais um pouco e uunn o universo já está trabalhando. Você não precisa fazer nada a respeito. Assim como a grama cresce sem a sua ajuda, o universo fará com o seu sucesso. Será mesmo? Quando vemos um filhote de uma ave nascer, achamos que ele já estava pronto dentro da casca. Mas isso não é verdade. Esquecemos que lá dentro ele estava sendo gestado. Embora possamos ver o nascimento como um ato, a gestação é um processo, uma construção. Sendo assim, a vitória de um atleta é um ato, mas seu treinamento para a vitória é um processo. A graça de um casamento um ato, mas a conquista um processo. A assinatura de um contrato milionário um ato, a venda realizada um processo.

            Acostumamos a, falsamente, acreditar em atalhos para o sucesso. E isso não somente na área profissional, mas em todas as outras;- na educação, na estética, no casamento, na família. Não quero dizer que sou contra a tecnologia em absoluto. Quero dizer que sou contra a ideia de algo imediato em um piscar de olhos e sem esforço algum. As primeiras coisas que você precisa entender;- é possível construir um campeão em você. Para construir é preciso destruir. – para construir é necessário projetar e visualizar. – a construção é mais rápida com uma equipe, estratégia e constância. – a construção tem efeitos colaterais.

            É possível construir um campeão em você;- antes de construir, você precisa calcular os gastos, verificar se a obra pode ser concretizada e o que é possível fazer em determinado terreno. Para que você comece a se construir, você precisa se conhecer. Um dos meios mais rápidos de ascensão profissional e pessoal do ser humano começa quando ele se conhece verdadeiramente. Isso parece um clichê, mas é algo muito real e importante. Tanto é que o autoconhecimento parece ser ponto comum de livros cristãos, budistas e livros de psicologia. Johari, criador da teoria chamada Janela de Johari, percebeu que há pontos cegos na nossa autoavaliação. Como assim?

            É mais ou menos quando você olha no retrovisor do carro e não enxerga todos os pontos necessários. Algumas vezes quase causamos acidentes por isso. Existem pontos cegos da visão. Do mesmo modo, Johari percebeu que, na vida do ser humano, existem pontos cegos á nossa percepção, no que diz respeito á nossa vida. Ele dividiu a janela em quadro pontos;- 1- área que conhecemos e outros conhecem. 2- área que conhecemos e outros não conhecem. 3- área que não conhecemos e outros conhecem. 4- área que não conhecemos e outros não conhecem.

            Faz-se necessário o conhecimento de nosso terreno para que evitemos construir sobre áreas onde a fundação no será forte o suficiente. Explico;- você deve se concentrar nos seus pontos realmente fortes e não nos fracos. Em um livro de David Jeremiah (2008), li uma explanação fantástica sobre isso. Você compraria um carro que;- não tem porta malas;- não tem janelas;- não tem assento passageiro;- não tem luz de freios;- não tem alto-falantes;- não tem ar condicionado;- não é hidramático;- não tem air bag e navegador;- não tem buzina;- não tem porta luvas. Não compraria? Provavelmente nem eu. Mas esse carro existe e é da Nascar- a maior associação automobilística americana. Esse carro não tem nenhum desses itens e outros mais. No entanto, ele cumpre muito bem o seu papel sendo um carro de corrida.

            Você não deveria focar naquilo que lhe falta, mas naquilo que você tem. Você não deveria comer as sementes que a vida lhe deu, deveria jogá-las na terra. Claro, acredito que você pode se desenvolver em qualquer área, mas sei também que existem áreas que você tem uma facilidade instintiva. Naturalmente você gosta de matemática ou de português, de musica ou de pintar, de ser melhor para si ou para os outros, de calcular espaços ou de sentir o ambiente.conhecer-se evitara esforços exagerados para tentar erguer uma obra que dependerá mais tempo, mais esforços, exaustão  e mais recursos. Talvez o seu ponto cego seja achar que você não possui talento nenhum. Isso é uma grande mentira. Eu sei que não te conheço – mas conheço muito bem sobre pessoas e sei que todos, absolutamente todos, tem pontos fortes a serem desenvolvidos.

            Rick Warren, em seu livro Uma Vida Com Propósito (2003), afirma que uma pesquisa mostra que todo ser humano possui em média 700 habilidades. A despeito do que lhe falaram, de com quem você foi comparado, você tem um potencial exclusivo para construir algo extraordinário em alguma área da sua vida. Thomas Edison, citado em inúmeros livros, inventor da lâmpada elétrica e de mais de mil invenções, foi aconselhado pelos professores a abandonar a escola e a voltar para a área rural. Albert Einstein, físico notável e matemático, foi chamado de retardado por um professor da escola pela dificuldade em acompanhar as aulas. Michael Jordan, melhor jogador de basquete de todos os tempos, foi cortado do time da escola. Walt Disney – criador da Disney e de inúmeros personagens que alegraram nossa infância, foi despedido do jornal, pois disseram que ele não era criativo.

            A banda The Beatlles teve seu trabalho negado por uma grande gravadora americana. Assim como Elvis Presley, pois disseram que sua forma de dançar era muito esquisita. Os exemplos são inúmeros e não param por aí. Cafu, que foi jogador de futebol da seleção brasileira, foi recusado por 9 clubes. Ronaldo, o fenômeno, eleito 3 vezes o melhor jogador do mundo – quando jovem foi dispensado pelo flamengo. Silvéster Stalone ouviu inúmeras vezes o pai chama-lo de retardado e sem cérebro, e foi aconselhado pelo próprio pai a desenvolver seus músculos, porque era burro demais para tentar fazer outra coisa.

            Em um de seus livros, Zig Ziglar citou uma conquista feita com os 300 maiores lideres mundiais de todos os tempos. O estudo mostrou que 25% deles tinham graves deficiências físicas e cerca de 50% vieram da mais extrema pobreza ou sofreram grandes maus tratos físicos. Porque estou dizendo isso? Para que você acredite que construir em você uma pessoa melhor é possível. De fato, isso é essencial para a sua transformação;- crer que você pode mudar e mudar para melhor! Carol Deweck desenvolveu a teoria dos códigos mentais. Segundo ela, existem os códigos mentais fixo e construtivo. As pessoas com códigos mentais fixos acreditam, por exemplo, que são burras. As pessoas com códigos mentais construtivos acreditam que estão burras ou ignorantes. Ou seja, alguns acreditam que são e outros que estão. O primeiro modelo acredita que sempre será assim e que podem até mudar o jeito de fazer as coisas, mas não a sua própria essência. O segundo modelo mental, o construtivo, acredita que não importa quem você seja, é sempre possível uma mudança significativa. Pessoas com o segundo modelo mental tendem a se dar melhor na vida. Contudo, é essencial ressaltar que mesmo pessoas que pensam da primeira maneira podem aprender a pensar da segunda. Sendo assim, isso não é estático, você pode, sim mudar!
            Temos, as vezes, respostas aos nossos filhos que refletem um jeito incompleto de analisar as coisas e refletem um código fixo de pensamento. Por exemplo, quando nosso filho tira notas boas e dizemos a ele Parabéns você é inteligente! Ao invés de dizer Parabéns, você se preparou e estudou e olha o resultado!, temos a falsa impressão de que bons resultados dependem mais de uma facilidade ou aptidão natural do que de esforços e treinamento. E isso precisa mudar. Você pode mudar e ser melhor, é possível reescrever a sua história!

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