- os frutos da missa. O
sacrifício eucarístico e a vida ordinária do cristão.
- a nossa participação
na santa missa deve ser oração pessoal, união com Cristo, sacerdote e vítima.
- preparação para
assistir á missa. O apostolado e o sacrifício eucarístico.
O concílio vaticano II recorda-nos
que o sacrifício da cruz e a renovação sacramental na missa constituem uma
mesma realidade, á exceção do modo de oferecer, e que,consequentemente, a missa
é ao mesmo tempo sacrifício de louvor, de ação de graças, propiciatório e
satisfatório. Os fins que o Salvador deu ao seu sacrifício na Cruz costumam
sintetizar-se nesses quatro, e alcançam-se em medidas e modos diversos. Os fins
que se referem diretamente a Deus, como a adoração ou louvor e a ação de
graças, produzem-se sempre infalível e plenamente no seu valor infinito, mesmo
sem o nosso concurso, ainda que nenhum fiel assista á celebração da Missa ou
assista distraído. Cada vez que se celebra o sacrifício eucarístico, louva-se á
Deus Nosso Senhor sem limites, e oferece-se uma ação de graças que o satisfaz
plenamente. Esta oblação, diz São Tomás, agrada mais a Deus do que o ofendem
todos os pecados do mundo, pois o próprio Cristo é o Sacerdote principal de
cada Missa e também a Vítima que se oferece em todas elas.
Já os outros dois fins do sacrifício
eucarístico (propiciação e de petição), que revertem em favor dos homens e que
se chamam frutos da Missa, nem sempre atingem efetivamente a plenitude dos
efeitos que poderiam alcançar. Os frutos de reconciliação com Deus e de
obtenção do que pedimos á sua benevolência poderiam ser também infinitos,
porque se baseiam nos méritos de Cristo, mas na realidade nunca os recebemos
nesse grau porque nos são aplicados de acordo com as nossas disposições
pessoais. Daí a importância de melhorarmos continuamente a nossa participação
pessoal no Sacrifício do altar, unindo-nos intimamente ao próprio louvor, ação
de graças, expiação e interpretação de Cristo Sacerdote.
Neste sentido o rito externo da
Missa (as ações e cerimônias), ao mesmo tempo que significam o sacrifício
interior de Jesus Cristo, são também sinal da entrega e da oblação dos fieis
unidos a Ele;- exigem e simultaneamente fomentam a entrega de todo o nosso ser,
tanto durante a celebração como ao longo da vida;- todas as suas obras, preces
e iniciativas apostólicas – indica o concílio vaticano II, bem como a vida
conjugal e familiar, o trabalho cotidiano, o descanso do corpo e da alma, se
praticados no Espírito – e mesmo os incômodos da vida pacientemente suportados,
tornam-se (hóstias espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo, hóstias
que são piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração da
Eucaristia. Todas as nossas obras e a própria vida adquirem um novo valor,
porque tudo passa então a girar em torno da Santa Missa, que se converte no
centro do dia.
Para obtermos cada dia mais frutos
da Santa Missa, a nossa Mãe a Igreja quer que assistamos a ela não como
espectadores estranhos e mudos, mas tratando de compreendê-la cada vez melhor,
nos seus ritos e orações – participando da ação sagrada de modo consciente,
piedoso e ativo, pondo a alma em consonância com as palavras que dizemos e
colaborando com a graça divina. Devemos, pois, prestar atenção aos diálogos, ás
aclamações, e viver conscientemente esses elementos externos que também fazem
parte da liturgia;- as posições do corpo ( de joelhos, de pé, sentados), a
recitação ou canto de partes comuns (Glória, Credo, Santo, Pai Nosso...) etc.
muitas vezes, ser-nos-á bastante útil no nosso missal as orações do celebrante.
Como também o esforço por viver a pontualidade – chegando pelo menos uns
minutos antes do começo, nos ajudará a preparar-nos melhor e será uma atenção
delicada com Cristo, com o sacerdote que celebra a Missa e com os que já estão
na igreja. O Senhor agradece que também nisto sejamos exemplares. Por acaso não
seríamos pontuais se tratasse de uma
audiência importante? Não há nada mais importante no mundo do que a Santa
Missa.
Além da participação externa,
devemos fomentar a participação interna, pela união com Jesus Cristo que se
oferece a si mesmo. Esta participação consiste principalmente no exercício das
virtudes;- em atos de fé, de esperança e de amor, de humildade, de contrição,
ao longo das orações e nos momentos de silêncio;- antes do Confesso a Deus todo
poderoso, devemos realmente sentir o peso dos nossos pecados;- no momento da
consagração, podemos repetir, com o Apóstolo São Tomé, aquelas suas palavras
cheias de fé e de amor;- Meu Senhor e meu Deus, ou outras que a piedade nos
sugira.
A nossa participação na santa missa
deve ser, pois, e antes de mais nada, oração pessoal, o ponto culminante do
nosso diálogo habitual com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Diz Paulo VI que
esse espírito de oração, na medida em que for possível a cada um, é condição
indispensável para uma participação litúrgica autêntica e consciente. E não
somente condição, mas também seu fruto e consequência. É necessário, hoje e
sempre, mas hoje mais do que nunca, manter um espírito e uma prática de oração
pessoal. Sem uma íntima e contínua vida interior de oração, de fé, de caridade
pessoal, não podemos continuar a ser cristão;- não podemos participar de uma
maneira útil e proveitosa no renascimento litúrgico;- não podemos dar
testemunho eficaz daquela autenticidade cristã de que tanto se fala;- não
podemos pensar, respirar, atuar, sofrer e esperar plenamente com a igreja viva
e peregrina...- dizemos a todos vós;- orai, irmãos. Não vos canseis de tentar
que surja do fundo de vosso espírito, com o clamor mais íntimo, esse tu!
Dirigido ao Deus inefável, a esse misterioso Outro que vos observa, espera e
ama. E certamente não vos sentireis desiludidos ou abandonados, antes experimentareis
a alegria nova de uma resposta embriagante;- eis que estou contigo.
De modo muito particular, temos Deus
junto de nós e em nós no momento da comunhão, em que a participação na santa
missa chega ao seu momento culminante. O efeito próprio deste sacramento –
ensina São Tomás de Aquino – é a conversão do homem em Cristo, para que diga
com o Apóstolo;- não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Antes da
santa missa, devemos preparar a nossa alma para nos aproximarmos do
acontecimento mais importante que se dá cada dia no mundo. A missa celebrada
por qualquer sacerdote, no lugar mais recôndito, é o evento mais importante que
acontece naquele instante sobre a terra, ainda que não esteja presente uma
única pessoa sequer. É a coisa mais grata a Deus que os homens lhe podem
oferecer;- é a ocasião por excelência de agradecer-lhe os muitos benefícios que
Dele recebemos, de pedir-lhe perdão por tantos pecados e faltas de amor... e de
solicitar-lhe tantas coisas espirituais e materiais de que necessitamos.
Quem não tem coisas a pedir? Senhor,
esta doença...Senhor, essa tristeza...Senhor, essa humilhação que não sei
suportar por teu amor...Queremos o bem, a felicidade e a alegria das pessoas da
nossa casa;- oprime-nos o coração a sorte dos que padecem fome e sede de pão e
de justiça, dos que experimentam a amargura da solidão, dos que, no fim dos
seus dias, não recebem um olhar de carinho nem um gesto de ajuda. Mas a grande
miséria que nos faz sofrer, a grande necessidade a que queremos pôr é o pecado,
o afastamento de Deus, o risco de que as almas se percam para toda a
eternidade.
Levar os homens á glória eterna no
amor de Deus;- esta é a nossa aspiração fundamental ao participarmos da missa,
como foi a de Cristo ao entregar a sua vida no Calvário. Desta maneira, também
o nosso apostolado se integra na Santa Missa e dela sai fortalecido. Os minutos
de ação de graças depois da Missa completarão esses momentos tão importantes do
dia, e terão uma influência direta no trabalho, na família, na alegria com que
tratamos a todos, na segurança e na confiança com que vivemos o resto do dia. A
missa vivida assim nunca será um ato isolado;- será alimento de todas as nossas
ações e lhes dará umas características peculiares.
E na Santa Missa encontramos sempre
a nossa Mãe – Santa Maria. Como poderíamos tomar parte no Sacrifício do altar
sem recordar e invocar a Mãe do Sumo Sacerdote e Mãe da Vítima? Nossa Senhora
participou tão intimamente do Sacerdócio do seu Filho, durante a sua vida na
terra, que devia ficar para sempre unida ao exercício desse Sacerdócio.
Assim
como esteve presente no Calvário, está presente na missa, que é prolongamento necessário
da Cruz do Senhor. No Calvário, Nossa Senhora assistia o seu Filho que se
oferecia ao Pai;- no altar, assiste a santa igreja que se oferece com a sua
cabeça. Ofereçamos Jesus pelas mãos de Nossa Senhora. Procuremos ter presente a
nossa Mãe Santa Maria durante a Santa Missa, e Ela nos ajudará a participar da
imolação do seu Filho com outra piedade e recolhimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário