A construção tem seus efeitos
colaterais;- seria absurdo querer construir um grande prédio sem quebrar, sem
fazer sujeira, sem entender que os cascalhos fazem parte. Infelizmente, é
exatamente assim que algumas pessoas pensam. Elas abominam os erros, - qual o
problema disso? Afinal, ninguém gosta de errar, correto? Mas as pessoas
abominam os erros de tal maneira que preferem não tentar ao invés de errar. O
nosso modelo educacional sempre focou mais nas notas vermelhas do que nas
azuis, os erros aos acertos. Afinal, os pais não são chamados na escola para
buscar os boletins dos alunos com notas excelentes, são chamados os pais dos
alunos com muitas notas vermelhas.
Ouvimos nossos coleguinhas nos
vaiarem pelas perguntas absurdas, sem sentido e ás vezes ingênuas. Isso nos
trouxe uma maneira de agir. É melhor ficar quieto e não se envolver. Espere ou
você vai ser vitima de gozação. O problema é que eliminando as perguntas,
descartamos as respostas. Assim eliminamos o sucesso proveniente das perguntas
certas e das respostas geniais que elas trazem. Há pais que sofreram tanto que,
na boa intenção de verem seus filhos livres do que eles passaram, os criam
evitando que errem. Não filho não faça isso, pois não vai dar certo. Filho, por
aí não;- vai se machucar! Pior ainda, quando os filhos erram, os pais tomam
sobre si as consequências dos erros dos próprios filhos. Resultado? Os filhos
não se machucam, mas também não aprendem com seus erros. Crescem dependentes da
decisão de outros, inseguros.
No livro O Código do talento Coyle,
2010- o autor faz uma análise interessante do papel do erro no aprendizado.
Recentes pesquisas mostram que não são as pessoas de Q.I. elevado que fazem
sucesso, mas aqueles que tem mais conexões neurais. Essas conexões aparecem na
medida em que repetimos algo com foco durante certo tempo. Para isso, não
podemos ter medo do erro. Ou seja, um livro é bom não (apesar dos erros e
rascunhos), mas é bom porque existiram erros e rascunhos. Um vendedor é bom não
a despeito dos erros, mas é bom por causa deles. Um orador não é bom apesar das
mancadas que deu no palco, mas é bom justamente por causa delas.
Vencedores sabem que aprendem mais
no derrota do que nas vitórias. Vencedores fazem das derrotas um trampolim para
as vitórias. As derrotas nos ensinam como não fazer, pontos a melhorar, que
precisamos de outros, que ninguém está pronto, que somos humanos e precisamos
melhorar continuamente. Há algumas décadas, os pilotos aprendiam tudo sobre
pilotar em excelentes aulas teóricas. Contudo, o índice de acidentes aéreos e
de aviões que caíam por condições climáticas era bem grande. Então, um sujeito
de sobrenome Link, em 1929, aprimorou os protótipos de simuladores criando um
simulador que desse aos pilotos condições de errarem em solo. Link percebeu que
os pilotos deveriam poder errar em solo para aprender a não errar no céu. A
principio, ninguém comprou essa ideia. Até que um sujeito da força aérea,
ouvindo falar do seu experimento, ajudou a implantar a invenção na força aérea
americana, salvando com isso inúmeras vidas. Ou seja, tudo o que você faz hoje,
andar, falar, andar de bicicleta, você aprendeu por não ter medo de errar.
Errar faz parte. Lógico, se você
puder aprender com os erros dos outros, melhor. Você não precisa
necessariamente errar para aprender, mas, se errar, aprenda com seus erros.
Esteja aberto aos erros, eles fazem parte da construção de vencedores. Você
pode argumentar que há profissionais que nunca perderam. Mas isso é apenas uma
verdade parcial. Talvez eles não tenham perdido como profissionais, o que é
quase impossível, mas eles perderam muito enquanto amadores para chegar até lá.
Saiba que a invencibilidade não é requisito para o sucesso. Além disso, algumas
virtudes, como a paciência, somente se desenvolvem quando desafiadas. A
paciência, por exemplo, somente se conquista mediante tribulações e problemas.
É impossível ser paciente sem testar a paciência. É impossível amar
verdadeiramente sem arriscar-se – confiar sem magoar-se. O remédio é ótimo, porém,
pode ter um pequeno efeito colateral. Rafael Cifuentes – no livro Insegurança,
medo e coragem (2004), cita o grande pintor Velasquez e suas obras
valiosíssimas. Em uma delas, foi tirado um raio X, quando perceberam que, por
trás da obra pronta, havia muitos rabiscos e, consequentemente, muitos erros.
Para que a obra ficasse pronta e perfeita, foram necessários muitos erros e
correções.
Em
um comercial da Nike, Michael Jordan diz;- eu perdi mais 9.000 arremessos em
minha carreira. Eu perdi quase 300 jogos. Eu falhei repetidamente e mais de uma
vez na minha vida. E é por isso que eu consegui ser bem sucedido. Outro bom
exemplo é Winston Churchill, que foi reprovado na sexta série e somente se
tornou Primeiro Ministro da Inglaterra depois dos 60 anos. sua vida foi cheia
de derrotas e fracassos. Mas ele nunca desistiu. Chegou a dizer um dia;- eu
deixaria a política para sempre, se não fosse a possibilidade de um dia vir a
ser Primeiro Ministro. Ele conseguiu.
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