Muitos
pais passam a vida inteira ensinando seus filhos a seguir a trajetórias do
amor, a cultivar uma rica afetividade entre eles, e o resultado não poucas
vezes é o desamor, a disputa e a agressividade. Não é fácil ensinar o caminho
do amor, pois ele está além da mera aquisição de ensinamentos éticos e de
regras comportamentais. Os discípulos de Cristo, quando ele os chamou,
comportavam-se como qualquer ser humano; discutiam, se irritavam e viviam
apenas para satisfazer suas necessidades. Mas o mestre queria que eles
reescrevessem paulatinamente suas histórias, uma história sem disputas, sem
discriminação, sem agressividade, uma história de amor. Cristo tinha metas
ousadíssimas, mas só propunha aquilo que vivenciara. Ele amou o ser humano
incondicionalmente. Foi dócil, gentil e tolerante com seus mais ardentes
opositores. AMOU QUEM NÃO O AMAVA E SE DOOU PARA QUEM O ABORRECIA. O amor era a
base da sua motivação para aliviar a dor do outro. Quem possui uma emoção tão
desprendida?
As grandes empresas de todo o mundo
tem respeitáveis equipes de recursos humanos que procuram continuamente seus
funcionários para que aprendam a ter um melhor desempenho intelectual, mais
criatividade e espírito de equipe. Os resultados nem sempre são os desejados,
porém o propósito de Cristo, além de incluir o espírito de equipe e o
desenvolvimento da arte de pensar, requeria a criação de uma esfera de amor
mútuo. Ninguém consegue preservar qualquer forma de prazer nos mesmos níveis
por muito tempo. Ao longo dos anos, pelo processo de psicoadaptação, o amor
diminui invariavelmente de intensidade e, se tudo correr bem, será possível
substituí-lo paulatinamente pela amizade e pelo companheirismo. A
psicoadaptação é um fenômeno inconsciente que faz diminuir a intensidade da dor
ou do prazer ao longo da exposição de um mesmo estímulo. Uma pessoa, ao colocar
uma tela na parede, a observa e a contempla por alguns dias, mas, com o
decorrer do tempo, se psicoadapta á sua imagem e pouco a pouco se sente menos
atraída por ela. Ao comprar um veículo, depois de alguns meses, a pessoa entra
nele como entra no banheiro de sua casa, ou seja, sem o mesmo prazer que tinha
quando o adquiriu, pois se psicoadaptou a ele. Quando sofremos uma ofensa, no
começo ela nos perturba, mas com o tempo nos psicoadaptamos e pouco sofremos
com ela. O mesmo pode ocorrer com a afetividade nas relações humanas. Com o
passar do tempo, se o amor não for cultivado, nos adaptamos uns aos outros e
deixamos de amar.
A energia emocional não é estática,
mas dinâmica. Ela se organiza, se desorganiza e se reorganiza num fluxo vital
contínuo e ininterrupto. Nossa capacidade de amar é limitada.
Amamos com um amor condicional e sem
estabilidade. As frustrações, as dores da existência, as preocupações
cotidianas sufocam os lampejos de amor que possuímos. Portanto, o segredo do
limitado amor humano nem sempre está em conquistá-lo, mas em cultivá-lo. Apesar
de todas as limitações da emoção de criar, viver e cultivar uma esfera de amor,
amar é uma das necessidades vitais da existência.
Quem ama vive a vida intensamente.
Quem ama extrai sabedoria do caos.
Quem ama tem prazer em se doar.
Quem ama aprecia a tolerância.
Quem ama não conhece a solidão.
Quem ama supera as dores da
existência.
Quem ama produz um oásis no deserto.
Quem ama não envelhece, ainda que o
tempo sulque o rosto.
O amor transforma miseráveis em
ricos.
A ausência do amor transforma ricos
em miseráveis.
O amor é uma fonte de saúde
psíquica.
O amor é a expressão máxima do
prazer e do sentido existencial.
O amor é a experiência mais bela,
poética e ilógica da vida.
Cristo discursava sobre a revolução
do amor...
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