quinta-feira, 6 de julho de 2017

AS LIMITAÇÕES DA EMOÇÃO HUMANA - AUGUSTO CURY


 
 

Muitos pais passam a vida inteira ensinando seus filhos a seguir a trajetórias do amor, a cultivar uma rica afetividade entre eles, e o resultado não poucas vezes é o desamor, a disputa e a agressividade. Não é fácil ensinar o caminho do amor, pois ele está além da mera aquisição de ensinamentos éticos e de regras comportamentais. Os discípulos de Cristo, quando ele os chamou, comportavam-se como qualquer ser humano; discutiam, se irritavam e viviam apenas para satisfazer suas necessidades. Mas o mestre queria que eles reescrevessem paulatinamente suas histórias, uma história sem disputas, sem discriminação, sem agressividade, uma história de amor. Cristo tinha metas ousadíssimas, mas só propunha aquilo que vivenciara. Ele amou o ser humano incondicionalmente. Foi dócil, gentil e tolerante com seus mais ardentes opositores. AMOU QUEM NÃO O AMAVA E SE DOOU PARA QUEM O ABORRECIA. O amor era a base da sua motivação para aliviar a dor do outro. Quem possui uma emoção tão desprendida?

            As grandes empresas de todo o mundo tem respeitáveis equipes de recursos humanos que procuram continuamente seus funcionários para que aprendam a ter um melhor desempenho intelectual, mais criatividade e espírito de equipe. Os resultados nem sempre são os desejados, porém o propósito de Cristo, além de incluir o espírito de equipe e o desenvolvimento da arte de pensar, requeria a criação de uma esfera de amor mútuo. Ninguém consegue preservar qualquer forma de prazer nos mesmos níveis por muito tempo. Ao longo dos anos, pelo processo de psicoadaptação, o amor diminui invariavelmente de intensidade e, se tudo correr bem, será possível substituí-lo paulatinamente pela amizade e pelo companheirismo. A psicoadaptação é um fenômeno inconsciente que faz diminuir a intensidade da dor ou do prazer ao longo da exposição de um mesmo estímulo. Uma pessoa, ao colocar uma tela na parede, a observa e a contempla por alguns dias, mas, com o decorrer do tempo, se psicoadapta á sua imagem e pouco a pouco se sente menos atraída por ela. Ao comprar um veículo, depois de alguns meses, a pessoa entra nele como entra no banheiro de sua casa, ou seja, sem o mesmo prazer que tinha quando o adquiriu, pois se psicoadaptou a ele. Quando sofremos uma ofensa, no começo ela nos perturba, mas com o tempo nos psicoadaptamos e pouco sofremos com ela. O mesmo pode ocorrer com a afetividade nas relações humanas. Com o passar do tempo, se o amor não for cultivado, nos adaptamos uns aos outros e deixamos de amar.

            A energia emocional não é estática, mas dinâmica. Ela se organiza, se desorganiza e se reorganiza num fluxo vital contínuo e ininterrupto. Nossa capacidade de amar é limitada.

            Amamos com um amor condicional e sem estabilidade. As frustrações, as dores da existência, as preocupações cotidianas sufocam os lampejos de amor que possuímos. Portanto, o segredo do limitado amor humano nem sempre está em conquistá-lo, mas em cultivá-lo. Apesar de todas as limitações da emoção de criar, viver e cultivar uma esfera de amor, amar é uma das necessidades vitais da existência.

            Quem ama vive a vida intensamente.

            Quem ama extrai sabedoria do caos.

            Quem ama tem prazer em se doar.

            Quem ama aprecia a tolerância.

            Quem ama não conhece a solidão.

            Quem ama supera as dores da existência.

            Quem ama produz um oásis no deserto.

            Quem ama não envelhece, ainda que o tempo sulque o rosto.

            O amor transforma miseráveis em ricos.

            A ausência do amor transforma ricos em miseráveis.

            O amor é uma fonte de saúde psíquica.

            O amor é a expressão máxima do prazer e do sentido existencial.

            O amor é a experiência mais bela, poética e ilógica da vida.

            Cristo discursava sobre a revolução do amor...
           

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