quinta-feira, 6 de julho de 2017

TEXTO DE ELE ME TOCOU;- POWELL.


 
 

            Aconteceu numa noite decisiva de sexta-feira, no começo da primavera, quando eu estava colocando no lugar a tábua em que me ajoelhava para o exame de consciência noturno. Com toda a instantaneidade e os solavancos de um ataque do coração, fui tomado pela consciência experiencial da presença de Deus dentro de mim. Dizem que ninguém consegue transmitir uma experiência para outra pessoa, que só consegue comunicar os reflexos da experiência. Tenho certeza de que é verdade. Só consigo dizer, ao tentar compartilhar minha experiência com você, que me senti como um balão estourando de puro prazer com a presença amorosa de Deus, intenso a ponto de me provocar desconforto e a dúvida de conseguir suportar esse êxtase súbito por mais um momento sequer. Pensei na música (He touched me) como a forma mais apropriada de descrever a experiência daquela noite. Estou convencido de que todas as experiências humanas, mas em particular a experiência de um Deus infinito, são fundamentalmente incomunicáveis. De certo modo, Deus sempre vai além das periferias de nossa compreensão humana. Exatamente por ser infinito, nunca pode ser focalizado por uma inteligência humana finita. De certa forma, nossas passagens de raspão por esse infinito não têm como se encaixar em palavras ou conceitos finitos. Só posso lhe dizer que (He touched me) (e nada mais era a mesma coisa de antes). Se existe um período de lua de mel na realção das pessoas com Deus, o meu foi o ano seguinte. Houve repetidos (toques) – sempre num momento inesperado, sempre fantástico e sempre incrivelmente cálidos. No decorrer desse ano, li pela primeira vez o poema de Gerard Manley Hopkins, The Wreck of the Deutschland. Descobri nele as palavras de um poeta dizendo o que eu estava vivenciando;-

            Enquanto me criáveis, Senhor! Vós, que insuflais vida e dais o pão,

Corrente do mundo, balanço do mar! Senhor dos vivos e mortos. Ligaste em mim ossos e veias, firmastes a carne em mim.

            E depois de quase acabado, com que terror,

Vosso feito, e me tocais de novo? Mais uma vez sinto vossa mão e vos encontro.    Amém.

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