Porque é uma humanidade ferida, uma
humanidade que possui feridas profundas. Não sabe como curá-las ou acredita que
não é possível curá-las. E não são apenas as doenças sociais e as pessoas
feridas pela pobreza, pela exclusão social, pelas inúmeras escravidões do nosso
tempo. Também o relativismo fere muitas pessoas;- tudo parece igual, tudo
parece o mesmo.
A humanidade precisa de misericórdia. Pio
XII, há mais de meio século, disse que o drama da nossa época era termos
perdido o sentido do pecado, a consciência do pecado. A isso se acrescenta
atualmente o problema de considerar o nosso mal, o nosso pecado, como
incurável, como algo que não pode ser curado e perdoado. Falta a experiência
concreta da misericórdia. A fragilidade dos tempos em que vivemos é também
esta;- acreditar que não existe a possibilidade de redenção, alguém que nos dá
a mão que nos levanta, um abraço que nos salva, perdoa, anima, que nos inunda
de amor infinito, paciente, indulgente;- que nos coloca de novo nos trilhos.
Precisamos de misericórdia. Temos de
nos perguntar porque tantas pessoas, homens e mulheres, jovens e idosos de
todas as classes sociais, recorrem hoje a adivinhos e a cartomantes. O Cardeal
Giacomo Biff citava essas palavras do escritor inglês Gilbert K. Chesterton;-
quem não crê em Deus não quer dizer que não acredita em nada, porque começa a
acreditar em tudo. Uma vez ouvi uma pessoa dizer;- no tempo da minha avó
bastava o confessor;- hoje, muitas pessoas vão aos cartomantes...- hoje,
procura-se a salvação em tudo que é lugar.
Sempre existiram adivinhos, magos e
cartomantes. Mas não havia tantas pessoas que procuravam neles a saúde e a cura
espiritual. As pessoas procuram, sobretudo, alguém que as escute, alguém
disposto a dar seu tempo para ouvir seus dramas e as suas dificuldades. É o que
eu chamo o apostolado do ouvido, e é importante.
Muito importante. Tenho que dizer aos
confessores;- falem, escutem com paciência e, antes de tudo, digam as pessoas
que Deus quer o seu bem. E se o confessor não pode absolver, que explique
porque, mas que não deixe de dar uma bênção, mesmo sem absolvição sacramental.
O amor de Deus existe também para aquele que não está em condições de receber o
sacramento;- também aquele homem, ou aquela mulher, aquele jovem ou aquela moça
são amados por Deus, são procurados por Deus, desejosos de bênçãos. Sejam
afetuosos com essas pessoas. Não as afastem. Ser confessor é uma grande
responsabilidade.
Os confessores tem á sua frente as
ovelhas perdidas que Deus ama tanto;- se não lhes demonstrarmos o amor e a
misericórdia de Deus, afastam-se e talvez nunca mais voltem.
Por isso, os abracem e sejam
misericordiosos, mesmo que não possam absolvê-los. Dêem ao menos uma benção.
Tenho uma sobrinha que se casou no
civil com um homem antes de ele obter a declaração canônica de que seu primeiro
casamento havia sido nulo. Queriam se casar, se amavam, desejavam ter filhos, e
tiveram três, inclusive a justiça civil havia lhe confiado a guarda dos filhos
do primeiro casamento.
Seu marido era tão religioso que
todos os domingos quando ia á missa, procurava o confessionário e dizia ao
sacerdote;-SEI QUE O SENHOR NÃO PODE ME ABSOLVER, MAS PEQUEI NISTO E NAQUILO,
AO MENOS ME DÊ UMA BÊNÇÃO.
ESTE É UM HOMEM RELIGIOSAMENTE
FORMADO.
Se
você observar nos evangelhos, Jesus mais rezou do que fez milagres.
Deixou bem claro que os milagres
acontecem através da oração.
Edna
Cavaletti.
A
trajetória de um campeão,é saber fazer uma nova leitura da sua vida, sem
esquecer o passado. Certamente assim você acertará no futuro.
Edna
Cavaletti.
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