sábado, 19 de agosto de 2017

PERDÃO; - PADRE HÉLIO LIBARDI


 
 

            PERDÃO OU MÁGOA;- ONDE ESTÁ O PECADO? A mensagem básica do evangelho, que reflete bem a prática de JESUS, ACONSISTE na revelação de um DEUS que é PAI de todos. essa realidade nos leva a descobrir que o fundamental em nossas vidas é o amor a todos indistintamente. Nada me dá o direito de não amar;- ao contrário, se eu quiser ser feliz, necessariamente tenho de amar com um amor que constrói a vida, fundamenta a partilha e a não violência. O perdão é um gesto de amor e de partilha, um gesto de fé. A possibilidade de errar está gravada em nossa natureza, mas existe o perdão que reconstrói a vida em quem errou. Jesus vai dizer-nos que é preciso perdoar setenta vezes sete, significando uma infinidade de perdão. São João comenta que amar a quem nos ama é fácil e até os que não tem fé o fazem. Difícil é amar a quem não nos ama, a quem nos ofende, a quem nos exclui e nos mata.

            De qualquer forma ninguém pode ser feliz negando o perdão, negando-se a abrir o coração e derramar sobre o outro o amor de um modo idêntico, ao agir de DEUS que derramou seu amor sobre nós. Todos têm direito ao perdão. Aqui se faz necessário distinguir perdão e mágoa. Mágoa é um sentimento que nos marca ás vezes para o resto da vida. Perdão é um ato inteligente que leva em consideração outros valores e realidades. Os sentimentos não dependem de nós, eles se fazem presentes por mais que não os queiramos e exercem uma influência grande em nosso agir. Assim sendo não somos culpados pelos sentimentos que aparecem em nós. Quanto esforço fazemos para que um sentimento não estrague nossa vida e não nos traga dificuldades e tristezas, mas ele aí está independente do nosso querer.

            O que se pode fazer? Cada um tem de fazer um trabalho psicológico para colocar tudo em seu devido lugar, considerando os valores, a realidade;- um trabalho de convencimento de que aquilo tudo já é passado e não pode gozar de tanta atenção como estamos dando. É necessário aprender a administrar essas marcas, apagando-as de nossa memória ou assumindo-as em seu tamanho certo. Não se pode carregar uma mágoa pela vida afora. É preciso fazer uma terapia consigo mesmo, um trabalho que ás vezes pode ser longo, mas que permita um dia a volta da tranquilidade. Cada um precisa entender que quanto mais se conscientiza, melhor se vive e mais liberdade se alcança. A abertura que o evangelho pede é esta;- quem precisa do meu perdão vai receber na medida em que precisar. O que restou dentro de mim vai passar por uma terapia até que tudo chegue ao seu devido lugar. E se amanhã acontecer de novo, vou perdoar, vou compreender e não vou me machucar mais;- assim posso dizer que me sinto livre em JESUS.

            Perdão e amizade;- será sempre possível? Ao lado de tantas pessoas que não se preocupam em amar os outros e nada fazem para viver a fraternidade até entre irmãos de sangue, há tantas outras preocupadas por não conseguirem manter a amizade mesmo com gente da própria família. É uma situação que nasce de certos desencontros, brigas, fofocas, heranças, e tantos outros. Esses desencontros levam pessoas a se manterem distantes umas das outras. O perdão sempre tem de ser dado em qualquer situação, e o fato de ter perdoado pode levar a um reatamento da amizade. Mas ás vezes a inimizade continua. E nem sempre o perdão exige que se volte á amizade. Precisa-se fazer um discernimento. Afinal vivemos num mundo muito custoso onde nem sempre as pessoas se comportam como equilibradas;- outras são mal informadas, quando não são mesmo educadas. Mal educados para viverem em fraternidade, incapazes de um raciocínio ou doentes. Elas não são capazes de receber as pessoas. Nesses casos precisa ter prudência e não procurá-las criando mais problemas ainda. Também não somos obrigados a sentir simpatia por todos;- há pessoas que, por seu gênio, atitudes, modo de se colocar diante dos outros, são antipáticas. Erro quando me deixo levar por simpatia ou antipatias e evito ajudar as pessoas. Acima de tudo está a caridade.

            Voltamos a dizer que é preciso perdoar. Contudo, se já tentamos uma aproximação que resultou em mais problemas e intrigas, seguramente podemos ficar em nosso lugar. Quietos em nosso canto sem nos preocuparmos em ter amizade com essas pessoas.

            Faça sempre o que é possível para ser amigo, ser fraterno. E se isso for impossível, você já fez a sua parte. Continue sua vida tranquilo e feliz. Se algum dia aparecer um sinal de que a situação se modificou, então tente mais uma vez uma aproximação. Reze por essas pessoas, porque nem sempre são maldosas;- são malformadas e não foram educadas para uma vida em comunidade e nem mesmo para viverem em sociedade.

            Nada disso vai impedir minha participação na missa, porque minha consciência me diz quando sou sincero para com esses irmãos e como gostaria que tudo fosse tão diferente. É lamentável que em um mundo feito por DEUS para ser um céu já aqui as pessoas consigam agredir-se – amesquinhar-se, a ponto de não se considerarem filhos de um mesmo PAI que é DEUS, criando a violência, as divisões e as exclusões de irmãos.

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