quarta-feira, 8 de março de 2017

Arrancar máscaras;- John Powell. Turma da catequese -


 
            A mente consciente obviamente contém apenas nossas percepções atuais. O nível subconsciente é onde são armazenados os materiais que podemos trazer para o consciente quando necessário. Por exemplo;- a maioria de nós consegue lembrar-se da tabuada de multiplicação se e quando necessário. Mas o inconsciente é onde se armazenam aquelas lembranças, emoções e motivos com os quais simplesmente podemos conviver. Deram o nome de porão ou subsolo da mente ao espaço onde ficam os monstros. Ficam enterrados bem no fundo de nós.

            Infelizmente são enterrados vivos, não mortos. E por isso continuam nos influenciando. O processo de enterrá-los chama-se repressão. A repressão não é um processo consciente ou deliberado. Enterramos nossos pertences indesejáveis sem nem mesmo perceber ou nos lembrar deles. A repressão de conteúdos inconsciente tende a nos desequilibrar. Na mesma medida em que nos reprimimos, perdemos o contato conosco. Felizmente, as realidades que reprimimos no inconsciente estão sempre tentando subir á superfície em busca de reconhecimento. Parecem madeira mantida embaixo da água. Portanto, se dermos uma boa acolhida ao autoconhecimento, elas virão á tona gradualmente.

O importante é querermos saber o que está dentro de nós. Devemos cultivar o desejo de ser honesto conosco. Honestidade consigo mesmo é um hábito de autopercepção que deve ser praticado diariamente. E essa autopercepção é mais um processo que um fato isolado. Devemos adquirir o hábito de tomar consciência de nossa extremamente pessoal e individual ao processar nossas sensações, percepções, emoções e motivações. Devemos examinar mais atentamente a forma pela qual chegamos a nossas decisões e, por fim, a nossos atos. Só assim chegaremos a uma percepção maior de nossos processos pessoais e a um controle mais consciente de nossas ações e reações. É claro que, durante todo esse processo, devemos assumir a responsabilidade por nossas decisões e nosso comportamento. Sabemos que são o resultado de algo dentro de nós. Ao mesmo tempo, devemos ouvir e procurar descobrir o que está lá dentro. Devemos procurar descobrir quem somos de verdade em vez de tentar dizer a nós mesmos quem devemos ser.

Ser honesto consigo mesmo requer desistir das encenações e dos papéis. Mas, antes de haver desistência, é preciso haver reconhecimento. Como é a minha peça de teatro? Dizem que todos carregamos um cartaz á nossa frente. Nós mesmos o fizemos, ele nos anuncia. E somos tratados de acordo. Se o cartaz diz burro, os outros não se aproximam de nós para uma conversa séria. E, se o cartaz diz capricho, os outros tendem a deitar e rolar em cima da gente. O curioso a respeito de nossos cartazes é que os outros conseguem lê-los claramente, embora poucas vezes tenhamos percepção de nossa autopublicidade. Esse a meu ver, é um de nossos receios mais comuns de intimidade. Se eu deixar que se aproxime de mim, você vai ver o que há por trás de minha cena de teatro, vai ler o cartaz que está nas minhas costas. Vai decifrar o meu enigma. Pode deixar-me inteiramente nu.

E assim, mais uma vez, como um bumerangue, a pergunta volta para mim;- acredito mesmo que preciso ser honesto comigo para poder ser autêntico com você? Quero mesmo ser honesto comigo? Quero mesmo ser honesto com você? Quero lhe dar meu verdadeiro presente ou quero deixá-lo em lugar seguro e só lhe dar meu enigma? Minha cena de teatro é o preço que pago pela segurança e pelo aplauso. É a armadura que me protege dos ferimentos, mas também a barreira interior a impedir meu crescimento. É, ainda, um muro entre nós impedindo-o de chegar a conhecer a minha verdadeira pessoa. Renunciar ao teatro requer coragem. É assumir um risco verdadeiro, sair de trás de meu muro.

Vou ter de reescrever meu cartaz;- essa é minha verdadeira pessoa. O que você vê é o que você tem. Tenha paciência comigo. Não vai ser fácil. Suspeito que o velho Polônio sabia muito bem disso ao aconselhar Laerte;- seja verdadeiro com seu verdadeiro eu. – mas, se eu estiver disposto a assumir esse risco, minha coragem vai conquistar recompensas maravilhosas;- a estátua vai adquirir vida, a bela adormecida vai despertar;- passarei a saber quem sou realmente. Talvez pela primeira vez eu veja onde acaba o papel e onde começa o verdadeiro eu.

O verdadeiro eu vai aparecer por trás da máscara, da impostura, do disfarce. Vou começar a desabrochar em meus relacionamentos e a me transformar na melhor pessoa que posso ser. Os gregos antigos sabiam de tudo isso ao aceitar o resumo de toda a sabedoria;-

Conhece-te a ti mesmo. – a viagem mais longa é a viagem para o interior.

                        Bom Voyage!!!!

 

 

Reflexão para a quaresma;- ser rejeitado é algo de que Jesus tem consciência. Todo aquele que segue Jesus tem de viver em condições semelhantes, tem de sofrer a mesma rejeição. Nem se deve procurá-la, nem se deve evitá-la, pois a cruz faz parte da missão e da fidelidade. Se por seguires Jesus outros riem de ti, é esse um bom sinal...- pede a Jesus que te faça ver como se manifesta o Reino ali onde tu sofres por ele.

Como diz o livro do Eclesiastes, existe tempo para cada coisa. Viver próximo de Jesus implica conhecer diversos momentos e sentimentos de sua vida e coração. Algumas vezes tu vais chorar com ele, outras vezes com ele te alegrarás, outras aguardarás, em outras ocasiões tu te porás a orar com força e farás grandes sacrifícios. O importante é que percebas delicadamente como acompanhá-lo, como descobrir que Jesus é uma pessoa que sente e ama como tu.

Ao escolher e chamar, Jesus transforma o menos bom da pessoa em bondade e o que já é bom aumenta-o. mas isto não sucede sem a colaboração do chamado, e produz grande admiração entre os que conhecem a vida, O PASSADO, A MORAL DE QUEM SE SENTE TOCADO E CONVIDADO POR Jesus á vida cristã e a toda vocação em geral. Pergunta-te se te alegras com as escolhas que Jesus faz ou te escandalizam e se, talvez, também espalhas boatos e murmuras a respeito de seus escolhidos...

 

Que todo joelho se dobre – no céu e na terra em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo;- amém.

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