A mente consciente obviamente contém
apenas nossas percepções atuais. O nível subconsciente é onde são armazenados os
materiais que podemos trazer para o consciente quando necessário. Por exemplo;-
a maioria de nós consegue lembrar-se da tabuada de multiplicação se e quando
necessário. Mas o inconsciente é onde se armazenam aquelas lembranças, emoções
e motivos com os quais simplesmente podemos conviver. Deram o nome de porão ou
subsolo da mente ao espaço onde ficam os monstros. Ficam enterrados bem no
fundo de nós.
Infelizmente são enterrados vivos,
não mortos. E por isso continuam nos influenciando. O processo de enterrá-los
chama-se repressão. A repressão não é um processo consciente ou deliberado.
Enterramos nossos pertences indesejáveis sem nem mesmo perceber ou nos lembrar
deles. A repressão de conteúdos inconsciente tende a nos desequilibrar. Na
mesma medida em que nos reprimimos, perdemos o contato conosco. Felizmente, as
realidades que reprimimos no inconsciente estão sempre tentando subir á
superfície em busca de reconhecimento. Parecem madeira mantida embaixo da água.
Portanto, se dermos uma boa acolhida ao autoconhecimento, elas virão á tona
gradualmente.
O importante é querermos saber o que está
dentro de nós. Devemos cultivar o desejo de ser honesto conosco. Honestidade
consigo mesmo é um hábito de autopercepção que deve ser praticado diariamente.
E essa autopercepção é mais um processo que um fato isolado. Devemos adquirir o
hábito de tomar consciência de nossa extremamente pessoal e individual ao
processar nossas sensações, percepções, emoções e motivações. Devemos examinar
mais atentamente a forma pela qual chegamos a nossas decisões e, por fim, a
nossos atos. Só assim chegaremos a uma percepção maior de nossos processos
pessoais e a um controle mais consciente de nossas ações e reações. É claro
que, durante todo esse processo, devemos assumir a responsabilidade por nossas
decisões e nosso comportamento. Sabemos que são o resultado de algo dentro de
nós. Ao mesmo tempo, devemos ouvir e procurar descobrir o que está lá dentro.
Devemos procurar descobrir quem somos de verdade em vez de tentar dizer a nós
mesmos quem devemos ser.
Ser honesto consigo mesmo requer desistir
das encenações e dos papéis. Mas, antes de haver desistência, é preciso haver
reconhecimento. Como é a minha peça de teatro? Dizem que todos carregamos um
cartaz á nossa frente. Nós mesmos o fizemos, ele nos anuncia. E somos tratados
de acordo. Se o cartaz diz burro, os outros não se aproximam de nós para uma
conversa séria. E, se o cartaz diz capricho, os outros tendem a deitar e rolar
em cima da gente. O curioso a respeito de nossos cartazes é que os outros
conseguem lê-los claramente, embora poucas vezes tenhamos percepção de nossa
autopublicidade. Esse a meu ver, é um de nossos receios mais comuns de
intimidade. Se eu deixar que se aproxime de mim, você vai ver o que há por trás
de minha cena de teatro, vai ler o cartaz que está nas minhas costas. Vai
decifrar o meu enigma. Pode deixar-me inteiramente nu.
E assim, mais uma vez, como um
bumerangue, a pergunta volta para mim;- acredito mesmo que preciso ser honesto
comigo para poder ser autêntico com você? Quero mesmo ser honesto comigo? Quero
mesmo ser honesto com você? Quero lhe dar meu verdadeiro presente ou quero
deixá-lo em lugar seguro e só lhe dar meu enigma? Minha cena de teatro é o
preço que pago pela segurança e pelo aplauso. É a armadura que me protege dos
ferimentos, mas também a barreira interior a impedir meu crescimento. É, ainda,
um muro entre nós impedindo-o de chegar a conhecer a minha verdadeira pessoa.
Renunciar ao teatro requer coragem. É assumir um risco verdadeiro, sair de trás
de meu muro.
Vou ter de reescrever meu cartaz;- essa é
minha verdadeira pessoa. O que você vê é o que você tem. Tenha paciência
comigo. Não vai ser fácil. Suspeito que o velho Polônio sabia muito bem disso
ao aconselhar Laerte;- seja verdadeiro com seu verdadeiro eu. – mas, se eu
estiver disposto a assumir esse risco, minha coragem vai conquistar recompensas
maravilhosas;- a estátua vai adquirir vida, a bela adormecida vai despertar;-
passarei a saber quem sou realmente. Talvez pela primeira vez eu veja onde
acaba o papel e onde começa o verdadeiro eu.
O verdadeiro eu vai aparecer por trás da
máscara, da impostura, do disfarce. Vou começar a desabrochar em meus
relacionamentos e a me transformar na melhor pessoa que posso ser. Os gregos
antigos sabiam de tudo isso ao aceitar o resumo de toda a sabedoria;-
Conhece-te a ti mesmo. – a viagem mais
longa é a viagem para o interior.
Bom
Voyage!!!!
Reflexão para a quaresma;- ser rejeitado
é algo de que Jesus tem consciência. Todo aquele que segue Jesus tem de viver
em condições semelhantes, tem de sofrer a mesma rejeição. Nem se deve
procurá-la, nem se deve evitá-la, pois a cruz faz parte da missão e da
fidelidade. Se por seguires Jesus outros riem de ti, é esse um bom sinal...-
pede a Jesus que te faça ver como se manifesta o Reino ali onde tu sofres por
ele.
Como diz o livro do Eclesiastes, existe
tempo para cada coisa. Viver próximo de Jesus implica conhecer diversos
momentos e sentimentos de sua vida e coração. Algumas vezes tu vais chorar com
ele, outras vezes com ele te alegrarás, outras aguardarás, em outras ocasiões
tu te porás a orar com força e farás grandes sacrifícios. O importante é que
percebas delicadamente como acompanhá-lo, como descobrir que Jesus é uma pessoa
que sente e ama como tu.
Ao escolher e chamar, Jesus transforma o
menos bom da pessoa em bondade e o que já é bom aumenta-o. mas isto não sucede
sem a colaboração do chamado, e produz grande admiração entre os que conhecem a
vida, O PASSADO, A MORAL DE QUEM SE SENTE TOCADO E CONVIDADO POR Jesus á vida
cristã e a toda vocação em geral. Pergunta-te se te alegras com as escolhas que
Jesus faz ou te escandalizam e se, talvez, também espalhas boatos e murmuras a
respeito de seus escolhidos...
Que
todo joelho se dobre – no céu e na terra em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo;-
amém.
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