quarta-feira, 8 de março de 2017

Inferno;- Dowell.


 
 

            Sou católica, mas não consigo acreditar que um Deus bom possa condenar os seus filhos ao inferno. Como poderia ajudar-me a superar essa dificuldade? Deus nos ama com imenso carinho e está sempre pronto a perdoar. Essa é a verdade fundamental que Jesus veio nos comunicar. Você fez muito bem em lembrar que o nosso Deus, o Deus de Jesus, antes de tudo, é bom, porque só assim se pode entender o que ensinou sobre a condenação eterna. O evangelho mostra que Deus nos criou para a felicidade. Não condena ninguém ao inferno. Ao contrário, convida-nos insistentemente a gozar de sua amizade, a viver em comunhão de amor com ele e com todas as suas criaturas.

            Mas Deus não força a nossa liberdade. Quando pecamos, somos nós que recusamos a oferta de seu amor. Queremos alcançar a nossa felicidade a todo custo, por nós mesmos, sem ligar para Deus, sem nos importar com o bem dos outros. Nisso consiste o pecado, na falta de amor a Deus e ao próximo. Durante a nossa vida, sempre temos a oportunidade de converter-nos, aceitando o perdão que Deus nos oferece generosamente. Na hora da morte, Cristo vem ao nosso encontro, para nos enriquecer com a sua paz e alegria sem fim. Nós nos encontramos com ele face a face. Quem gosta dele, quem na vida se voltou para ele com esperança, arrependido de suas faltas, sentir-se-á imensamente contente com sua presença amiga. Isso será o céu.

            Mas quem não gosta de Deus, para quem não tem nenhuma sintonia com a sua bondade e a sua beleza, porque recusou durante toda a sua vida o seu amor e o seu perdão, a presença envolvente de Deus será um tormento infinito. Não é Deus que rejeita o filho ou a filha que tanto amou. É a própria pessoa que se cristaliza no seu não. Esse não a exclui para sempre da alegria da comunhão, separando-a afetivamente de todos pela barreira de seu egoísmo. Jesus fala do inferno para desviar-nos do caminho que leva ao fracasso total da existência humana. É uma possibilidade real, pois a morte eterna é o fruto do pecado. Mas trata-se só de uma possibilidade. Não sabemos se alguém resistiu até o fim ao convite amoroso de Deus. esperemos que a sua bondade possa sempre triunfar da nossa maldade. O mistério de Deus é maior que os nossos pensamentos.

            É difícil acreditar no inferno. Como Deus pode punir um filho seu com um castigo eterno, por causa de um pecado, um passo errado em falso que deu? Há vários equívocos na sua pergunta. O inferno não é um lugar de tormentos, onde Deus castiga quem morreu depois de ter cometido um grave pecado. Está dentro da própria pessoa;- é a situação final de quem recusa livremente a obedecer a Deus e a aceitar o seu perdão gratuito. Deus não condena ninguém ao inferno. Como diz Jesus;- Deus não mandou seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Oferece a todos a sua amizade e a participação na sua vida e felicidade. Nós é que podemos rejeitar essa oferta de comunhão com Deus e com os outros, preferindo fechar-nos na nossa auto suficiência. Só que se abre a Deus e ao próximo pelo amor encontra a felicidade que ele prometeu a suas criaturas. O inferno não é senão o resultado da decisão da própria pessoa, que se isola no seu egoísmo, colocando o seu gosto e interesse acima da vontade de Deus e dos direitos do próximo.

            Quem morre nesta situação sentirá para sempre o vazio terrível do isolamento total do ódio e na tristeza;- porque fomos criados para o amor e para a vida em comunhão. Mas, como vê, essa atitude, que conduz á perdição eterna, não corresponde a um simples passo em falso. Quem busca sinceramente a verdade e peca por fraqueza ou não consegue libertar-se de uma situação que ele mesmo reconhece como injusta e pecaminosa, mostra que o seu amor é frágil e incoerente, mas existe. Gostaria de fazer o bem, mas o egoísmo prevalece ainda sobre o desejo de felicidade a Deus e de respeito aos outros. O seu coração está dividido, mas não completamente fechado. Porém, se vai justificando cada vez mais seus erros, e coloca-se no centro de seu próprio mundo, desprezando os outros e subordinando tudo ao seu capricho, corre o risco de tornar-se definitivamente surdo aos apelos de Deus e de sua consciência.

            É justamente para chamar a atenção para este perigo e despertar a nossa responsabilidade diante do próprio destino, que Jesus fala do inferno, i. e.- da possibilidade do fracasso total da nossa existência. De fato, Deus não se cansa de bater á porta do nosso coração, oferecendo a sua graça.

            Até o último momento a pessoa tem a oportunidade de reconciliar-se com Deus, com o seu próximo e consigo mesmo. A misericórdia do Senhor é sem limites. Por isso podemos esperar que, mesmo aqueles que parecem mais endurecidos na recusa do amor, acabem por aceitar o dom de Deus e livrar-se do inferno.

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            Ao escolher e chamar, Jesus transforma o menos bom da pessoa em bondade e o que já é bom aumenta-o. Mas isto não sucede sem a colaboração do chamado, e produz grande admiração entre os que conhecem a vida, o passado, a moral de quem se sente tocado e convidado por Jesus á vida cristã e a toda vocação em geral. Pergunta-te se te alegras com as escolhas que Jesus faz ou te escandalizam e se, talvez, também espalhas boatos e murmuras a respeito de seus escolhidos... palavra e vida DE 2017-   

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