quarta-feira, 8 de março de 2017

SÃO SEBASTIÃO UM CRISTÃO PARA HOJE;- PEDRO CIPOLINI.


            Não existe católico que não tenha ouvido, ao menos uma vez, falar de São Sebastião. De fato, Sebastião é um cristão que se tornou famoso por sua valentia e coragem, nos primeiros tempos da igreja. Nasceu em Narbona, uma cidade perdida no imenso Império Romano, que então dominava o mundo. Hoje ainda existe esta cidade, que se acha no sul da França. Mas naquela época fazia parte da província das Gálias. Quando Sebastião era pequeno, sua família mudou-se para a cidade de Milão, mais perto de Roma, a capital do Império. Em Milão morre-lhe o pai, ficando Sebastião entregues aos cuidados de sua mãe.
            A mãe de Sebastião era cristã, e isto não era tão comum naquela época (ano 284 d. C.). os cristãos eram perseguidos como inimigo do estado, pelo fato de adorarem os deuses pagãos adotados por Roma. A mãe de Sebastião transmitiu-lhe a fé cristã, fé viva e verdadeira. A fé cristã é uma fé que compromete. Mesmo que tenha pais cristãos para transmitir a fé em Cristo, o santo não nasce feito. Mesmo que os pais coloquem em primeiro lugar o zelo pela fé, o sentido da vida e, em segundo lugar, a preocupação com diplomas, com uma boa colocação na vida. Cada um deve cultivar a sua semente. Quantos filhos de gente (boa) de bons cristãos, vivem indiferentes a tudo?
            Uma coisa é certa;- todos buscam a felicidade, o sucesso, a tranqüilidade...- o homem foi criado para ser feliz, para amar, foi criado para Deus. A recusa a Deus, é recusa ao amor. Não se pode ser feliz, e frustra-se porque vive mascarado, na falsidade e na mentira.
            Sebastião aprendeu com a mãe o segredo de cultivar no coração o amor a Deus, que se manifestou a este mundo em Jesus Cristo. Sebastião é cristão, amigo de Jesus. Á medida que vai crescendo e se tornando jovem, esta amizade com Jesus também cresce em seu coração. Vai conhecendo aos poucos os segredos do amigo, e revela os seus a ele, em segredo.
            Sebastião começa a tornar-se santo, a tornar-se autêntico,- autêntico consigo mesmo – com os outros e com Deus. O santo é um homem autêntico. Ser santo é simples e, ao mesmo tempo, nada fácil. Olhando os numerosos santos canonizados ou não pela igreja, dos quais muitos vivem anonimamente por aí, você saberá que não está mais certo dizer;- isto é para quem é santo- não sou santo para fazer isto- isto não seria confessar a nossa falsidade, nossa mentira, nossa covardia? Ao dizer estas frases, não estaria você fugindo da verdade, sobre você, o próximo e Deus?
            Alguém definiu o santo como um amigo íntimo de Deus. Prefiro dizer que o santo é o homem incansável na busca da AUTENTICIDADE. VOCÊ ACHA QUE VALE A PENA BUSCAR A AUTENTICIDADE? VOCÊ ACHA A SANTIDADE POSSÍVEL HOJE? Já faz muito tempo que Sebastião viveu! Certamente você estará se perguntando;- que lição, que novidade esse santo poderá mostrar-me? Se você olhar no espelho ficará surpreso ao reconhecer o seu rosto no rosto de muitos personagens da história. Assim é o homem;- antigo e novo. Na vida de Sebastião você poderá perceber coisas antigas;- a busca do bem- a velha vontade de amar- as lutas para conseguir a felicidade- os fracassos...
            Coisas novas;- a força misteriosa que o levou ao bem- o amor profundo que o cativou- felicidade completa pela qual enfrentou o fracasso e a morte. O mistério da santidade, a sede de autenticidade impõem-se a todos como um dilema;- nas grandes cidades, nós corremos o risco de absolutizar o sexo- o dinheiro- de se escravizarem pelas falsas aparências, que a sociedade de consumo nos apresenta...
            No entanto, estes mesmos homens e mulheres são capazes de manifestar entusiasmo pelo bem, pela justiça, pela verdade. Ficam atentos quando podem apreciar alguém que dá a vida para salvar os companheiros, alguém capaz de lealdade. No fundo, não é isso que todos buscam e admiram? Você também, mesmo sem o perceber? O homem não pode viver sem valores. Quando não reconhece os valores verdadeiros, tem necessidade de criar novos valores;- valores falsos;- são coisas que não dão a felicidade almejada, mas somente a ilusão de a possuir.
            É aqui que Sebastião pode nos ensinar muito. Sebastião acostumou-se desde pequeno a adorar o único Deus, encarnado em Jesus Cristo. Assim, começou a ser autêntico, a não ter falsos ídolos e segurança ilusória. Santidade não é fazer o impossível nem fazer milagres- nem cumprir á risca certas normas fixas. Santidade consiste na busca incessante, persistente, tenaz de nossa verdadeira identidade. Consiste em nos tornarmos aquilo que realmente devemos ser, pessoas realizadas, autênticas. Você sabe o que é autenticidade? É simplesmente a verdade- verdade na sua vida- no seu modo de ser- de viver- coerência com seus princípios.
            Você sabe quais os impecilhos á autenticidade?- o comodismo a esquece- os compromissos apresados a enleiam- as- as conveniências sociais a desfiguram- o medo de parecer ridículo a ilude- situações econômicas a comprometem- dúvidas e indecisões a amarguram...
            A santidade é uma aventura, ela é mesmo a única aventura. Estamos no ano 300. D.C. era iminente um novo decreto de perseguição contra os cristãos. Haveria muitas mortes- muitos mártires e também muitos covardes. O que seria feito de Sebastião? Época terrível para a igreja de Jesus Cristo. Terrível também para o Império Romano. Estava no fim. A história iria mudar o seu curso. Sebastião possuía um grande poder de discernimento. Sebastião procurou não se deixar prender por estas cadeias que acabam escravizando a maioria dos jovens;- a sensualidade- o orgulho- a sede de poder- são causados pelo egoísmo, e trabalham em equipe. Fruto de seu trabalho é a cidade de Babilônia, que constroem, na bíblia é símbolo de tudo o que é confusão- inimizade com Deus- destruição do homem por ele mesmo.
            Nesse tempo a cidade de Roma se transformou em uma perfeita Babilônia. Ali reinavam os ídolos que um dia a arruinariam. Em Roma os cristãos começaram a ser perseguidos. Sebastião toma uma decisão importante;- iria para Roma, ajudar os cristãos que mais sofreriam com a repressão. Ser cristão é ser missionário- e Sebastião queria transmitir sua fé- comunicar aos outros seu espírito missionário. Decidiu ir para Roma. Fiel a este propósito, alistou-se no exército tornando-se soldado da milícia imperial, manteve-se discreto a respeito da sua fé. Não encontrou dificuldades, visto contar com excelentes dotes físicos, além da riqueza dos dons espirituais.
            Que bom se voltássemos a ser idealistas;- o idealismo sadio não é um defeito, muito pelo contrário, é um valor a ser cultivado. Sebastião visitava freqüentemente os cárceres , era um oficial romano, ele entrava e saia sem dificuldades,- e muitos dos que ouviam suas palavras se convertiam. Foi numa destas visitas a presos que o carcereiro, sua mulher Zoé, parentes dos presos e demais funcionários da prisão, tiveram oportunidade de ouvirem suas palavras. Enquanto Sebastião falava, Zoé que era muda, começou a falar. Diante deste fato, maravilhados, o carcereiro e todos os presentes se dispuseram a aceitar a fé cristã.
             A perseguição tornava-se cada vez mais violenta. O prefeito Cromáceo demitiu-se do cargo, ele reunia em sua casa os recém-convertidos, ele era um cristão novo, e sabia que muitos não resistiriam ao martírio, caso  fossem presos, então sugeriu que todos aqueles que não se sentissem fortes fossem com ele, para sua fazenda, longe de Roma. A igreja, devido aos longos períodos de perseguição, organizou-se e treinou-se para resisti-la da melhor maneira. Havia até mesmo uma caixa de socorro mútuo, sustentada por coletas feita entre fiéis, e que servia para subornar os guardas nos cárceres a fim de permitirem visitas aos presos. Era uma igreja profundamente solidária.
            Sebastião era extremamente amado por todos;- não mais poderia continuar ocultando sua fé. Tornara-se uma luz elevada num alto, e iluminava a todos. Foi denunciado.- o imperador estava imaginando uma forma original, diferente de executar a sentença de morte contra o seu oficial. Mandou chamar o comandante dos arqueiros da NUMÍDIA. Estes homens eram originários de uma região desértica da ÁFRICA, onde a caça só era possível com as flechas. O imperador ordena que Sebastião seja amarrado em uma árvore, e que o crivassem de flechas, mas que não atingissem seus órgãos vitais, para que morresse lentamente. Mas Sebastião com a perda de muito sangue desmaia. Os soldados pensaram que ele estava morto. Alguns cristãos foram buscar seu corpo e perceberam que Sebastião respirava. Levaram-no para casa, e o curaram.
            Sebastião, depois de alguns dias já recuperado dos ferimentos estava disposto a ir até o fim. Ele fora chamado (defensor da igreja) pelo Papa! Ele sempre a tinha defendido ás ocultas, agora a defenderia publicamente. NO DIA 20 DE JANEIRO, que era consagrado á divindade do imperador, este sai com grande cortejo de seu palácio, e se dirigiu ao templo do deus Hércules onde seriam oferecidos os sacrifícios de costume. Estava cercado de sacerdotes pagãos, tribunos e cortesões, senadores e os homens mais nobres do Império, foi concedida então uma audiência pública. Quem desejasse pedir alguma graça, ou apresentar alguma queixa, podia fazê-lo nesta ocasião diante do soberano.
            Sebastião apresentou-se ante o imperador e reprovou-lhe o comportamento em relação á igreja. Reprovou-lhe as injustiças, a falta de liberdade e a perseguição contra os cristãos. O imperador ficou estarrecido ao reconhecer naquela pálida figura a pessoa de seu antigo oficial que ele julgara morto. Ordenou aos guardas que o executassem ali, na sua presença, na presença de todos. Ele mesmo queria ter certeza de sua morte.
            Imediatamente os guardas o moeram de pancadas com os cabos de ferro de suas lanças. O imperador ordenou que seu corpo fosse jogado no esgoto da cidade. Sebastião tinha chegado ao fim de sua caminhada terrena. A noite clareara. Para ele começava um dia que não mais terá fim. O segredo deste cristão Sebastião era descobrir o sentido último pelo qual vale a pena abandonar tudo, até a vida se for o caso. Foi daí que surgiu o ditado;-
            O SANGUE DOS MÁRTIRES É SEMENTE DE NOVOS CRISTÃOS.
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SÃO SEBASTIÃO ROGAI POR NÓS.   AMÉM.

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