segunda-feira, 5 de junho de 2017

Os problemas da meia idade;- Anselm Grün


 
 

            A meia idade, por volta de 35 e 45 anos de idade, constitui-se naquele ponto de mudança no qual o processo de desenvolvimento do EU precisa transformar-se no amadurecimento do SELF. O problema fundamental, porém, dessa transformação é que o ser humano acha que pode lidar com as tarefas da segunda metade da vida utilizando os meios e os princípios da primeira metade. A vida humana pode ser comparada á trajetória do sol. De manhã ele nasce e ilumina o mundo. No meio do dia ele alcança seu ponto mais elevado, depois começa a retrair seus raios e a se pôr. A tarde é tão importante quanto a manhã. Mas obedece a outras regras.     

            Para o ser humano, reconhecer o ponto de inflexão da curvatura de sua vida, em que ele passa á segunda metade, significa ajustar-se a sua realidade interior, ao invés de se ajustar á realidade externa, como na primeira metade. Ao invés de promover a expansão, ele precisa agora promover a introversão, a redução ao essencial, o caminho para o interior. O que a juventude encontrava e devia encontrar na vida externa, o ser humano da tarde deve encontrar na interna. Os problemas que a pessoa enfrenta em sua meia idade referem-se ás tarefas que ela se lhe impõe e para as quais ela precisa adotar novas posturas;-

1-     A relativização de sua persona. 2- a aceitação da sombra. 3- a integração de anima e animus e 4- o desenvolvimento do SELF na aceitação da morte e no encontro com Deus. A RELATIVIZAÇÃO DA PERSONA;- na juventude, e como jovem adulto, conquistar um lugar na vida foi algo que custou muito para a pessoa, em termos de dispêndio de energia. A luta exigiu dela uma persona firme, que lhe permitisse afirmar-se no mundo. Mas o fortalecimento da persona não se estendeu á repressão do inconsciente.

Quando o inconsciente se rompe, na metade da vida, deixa a pessoa muito insegura. Sua postura consciente entra em colapso, ela fica desorientada, perde se equilíbrio. A perda de equilíbrio é para Jung uma coisa útil, ela visa a criação de um novo equilíbrio, no qual o inconsciente também passa a ter seu devido lugar.

Naturalmente o colapso da estrutura inconsciente também pode levar a uma catástrofe. Uma reação freqüente para se proteger dessa insegurança é o apego compulsivo á própria PERSONA, é a identificação melancólica com o cargo, a profissão, o título. Jung acha que a identificação com o cargo seria;- ALGO SEDUTOR, E É POR ISSO QUE TANTOS HOMENS NÃO SÃO NADA ALÉM DA POSIÇÃO QUE LHES FOI CONFERIDA PELA SOCIEDADE. PROCURAR UMA PERSONALIDADE POR TRÁS DESSE INVÓLUCRO SERIA INÚTIL. POR TRÁS DE TODA ESSA APRESENTAÇÃO POMPOSA ENCONTRARÍAMOS APENAS UM HOMENZINHO DEPLORÁVEL. POR ISSO O CARGO É TÃO SEDUTOR;- PORQUE OFERECE UMA COMPENSAÇÃO BARATA PARA AS INSUFICIÊNCIAS PESSOAIS.

            Em vez de dar atenção ás expectativas do mundo e entrincheirar-se atrás de sua persona, a pessoa que se encontra na meia idade tem apenas a incumbência de ouvir mais sua voz interior e concentrar-se em desenvolver sua personalidade interior.

A ACEITAÇÃO DA SOMBRA (O PROBLEMA DO OPOSTO) Jung vê toda a vida humana em opostos. O consciente é o oposto do inconsciente, a luz é o oposto da sombra, o animus da anima. A oposição é essencial para a pessoa. Ela só se torna inteira, só desenvolve a seu self, quando não exclui os opostos, mas integra-os em si. Na primeira metade da vida, com o fortalecimento do EU, ela enfatizou unilateralmente o consciente. A razão criou ideais que ela perseguiu com toda a força. Mas a todos esses ideais correspondem posturas opostas no inconsciente. Quanto mais a pessoa tenta excluí-las, tanto mais elas retornam em seus sonhos. Da mesma forma, aos padrões de comportamento que a pessoa vive conscientemente correspondem posturas contrárias em seu inconsciente.

            A meia idade exige que nossa atenção volte-se aos pólos opostos, para que aceitemos nossa sombra não vivenciada e nos relacionemos com ela. Aqui nos deparamos com dois típicos comportamentos equivocados da meia idade;- um consiste no fato de não enxergarmos o oposto de nossa postura consciente. Apegamo-nos aos antigos valores, permanecemos presos a princípios, tornamo-nos um IAUDATOR TEMPORIS ACTI. Enrijecemo-nos, ficamos petrificados, tapados. O comportamento padronizado torna-se o substituto da transformação espiritual. Em síntese, o que nos paralisa é o modo do problema dos opostos. Temos medo de nosso irmão misterioso e não queremos aceitá-lo. Somente pode existir uma única verdade e uma única diretriz de ação, e ela deve ser absoluta, senão ela não nos garantirá nenhuma proteção contra um turbilhão que nos ameaça em todos os lugares, não só em nós mesmos.

            Outra reação ao problema dos opostos é atirarmos longe todos os valores aceitos até então. Tão logo aceitamos que nossas convicções anteriores podem estar erradas, a inverdade na verdade, o ódio no amor sentido até aquele momento, deixamos de lado todos os nossos velhos ideais e tentamos continuar vivendo em oposição a nosso antigo EU. mudanças de profissão, divórcios, trocas de religião, apostasias de todo o tipo são sintomas dessa passagem radical ao lado contrário. Achamos que finalmente poderemos vivenciar tudo o que reprimimos até então. Mas em vez de integrá-lo, sucumbimos ao que não vivenciamos até aquele momento e reprimimos o já vivenciado. Assim a repressão permanece, ela só troca o conteúdo. E com a repressão permanece também a perturbação do equilíbrio.

            Incorremos no erro de acreditar que o valor contrário eliminou nosso valor interior. Não conseguimos reconhecer que nenhum valor e nenhuma verdade de nossa vida podem ser simplesmente negados por seus contrários, mas que são relativamente dependentes deles. Tudo o que é humano é relativo, porque tudo está baseado numa oposição interna.

            Portanto, a tendência de renegar os antigos valores em prol de seus contrários é tão exagerada quanto a antiga unilateralidade, em que, por causa dos muitos ideais, não se dava atenção ás fantasias inconscientes que os questionavam.

            Na segunda metade da vida NÃO SE DEVE CONVERTER OS VALORES AO CONTRÁRIO, MAS MANTER OS ANTIGOS VALORES RECONHECENDO AO MESMO TEMPO SEU CONTRÁRIO.

          

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Comentário lindo demais;-

não me agrada sentir-me só teu servo, Senhor Jesus, acostumei-me a sentir-me teu amigo, a viver com confiança em tua casa.

A desfrutar de seus bens, a falar-te face a face. Não obstante, descubro que é bom recordar que tu és o patrão – que este empreendimento do Reino e da igreja é teu e eu só sou um servidor, ou uma servidora de meu Senhor.

            Livra-me, Jesus, de crer-me dono ou dona do que é teu e ajuda-me para que tua graça me baste.

           

 

                                   Tudo por Jesus – nada sem Maria. Boa sorte amigos.

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